Capítulo 23 - A primeira vez

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Chegou o momento que vocês tanto esperaram, aproveitem o cap.😏

Desde a atípica conversa que tivera com Anne, Cheryl não saiu de seu quarto à não ser para almoçar, e sozinha. Seu pai já havia ido para o compromisso, e a mãe tratava das madeixas em um cômodo na ala leste da Casa Branca. A ruiva já estava acostumada a fazer as refeições no silêncio dos casarões em que morou, mas, ultimamente, essa solidão a incomodava. Queria conversar, queria rir de bobagens cotidianas. Contudo, em monólogos, acabaria por entediar e enervar-se ainda mais. Nos seus aposentos, ela ao menos desfrutava de liberdade de ser e fazer o que bem entendesse.

Já era fim de tarde. Após um longo e regozijante banho, Blossom buscou pelo exemplar de Doctor Sleep, de Stephen King. Como leitora recorrente das obras desse autor, ela já estava acostumada com a lenta formação de personagens que sobressaiam no mar de palavras impressas. Personagens que parecem reais, reagindo a eventos surreais. E era exatamente isso que chamava a sua atenção: a lentidão dos fatos, como câmera em slow motion, conforme a realidade que se dá na vida de tantas pessoas.

Envolta na leitura, ela parecia viajar para outra dimensão. Imaginava cada detalhe descrito nas cenas, sorria, balbuciava, assustava-se e reclamava quando achava que era devido. Parecia estar realmente no país das maravilhas, estas, literárias.

De acordo com o que foi passado para a comandante Topaz, Cheryl iria fazer compras no período vespertino. Já se dava o anoitecer e a herdeira não havia dado o ar da graça ainda. Preocupada com o que pudesse estar acontecendo, Toni foi caminhando como que despretensiosamente até o elevador de acesso à área particular da presidência. Com sorte, poderia encontrar-se com Blossom e indagar-lhe sobre o motivo da mudança de plano e o não comunicado do mesmo, mas ao invés da ruiva, acabou trombando na asiática. Forçando um sorriso no intuito de esconder a decepção, Topaz meneou com a cabeça, continuando com seus passos lentos. No entanto, a secretária chamou por sua atenção.

- Comandante?

- Pois não?

- A Srta. Blossom informou-me que acabou se distraindo e esqueceu completamente de que pretendia sair. Disse que vai transferir as compras para amanhã. Eu estava indo lhe avisar.

- Oh, eu bem achei estranho o fato de não termos saído ainda. Ela não é de se atrasar. Que bom que foi só distração. Obrigada. - A morena virou-se para o caminho contrário que estava seguindo, pois já não tinha desculpas para subir.

- Comandante? - Anne chamou novamente pela agente, dessa vez parecendo mais ansiosa.

- Sim?

- Eu... - Ela entreabriu a boca como quem fosse falar, mas apenas suspirou - Esquece. Não era nada importante. Vou rever a agenda da Srta. Blossom da semana que vem e entregarei uma cópia até amanhã.

- Faça isso, por favor. E vamos rezar para que não haja mudanças de última hora. Você não tem noção do quanto é complicado planejar rotas de supetão.

- Organização e programação realmente são primordiais.

- Obrigada por concordar comigo. - As moças riram, mas como não tinham intimidade, logo o clima tornou-se constrangedor - Então... vou voltar para o meu trabalho. Se a Srta. Blossom precisar de alguma coisa, me avise, por favor.

- Claro, com certeza.

Toni suspirou frustrada ao retornar para o corredor de acesso à sala de segurança. Não esperava ter suas intenções de ver a filha do presidente talhadas daquela maneira.

Sem conseguir disfarçar a insatisfação, a morena sentou-se em uma cadeira no canto direito do seu posto de trabalho, e permaneceu encarando o monitor desligado por alguns minutos. Pensava em tudo o que estava fazendo, em toda essa loucura descabida e tão apaixonante que era relacionar-se com Cheryl.

The president's daughter - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora