Capítulo 2 - o Casamento

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   Hinata sentia-se como a água fervente dentro de um bule de chá. Agitada, porém essa agitação perfeitamente camuflada por algo bonito e bem detalhado.
   Sentada no riquixá de sua família, com o pai ao seu lado, usava um quimono estampado de crisântemos belíssimo, de um tecido que provavelmente pagaria todas as vestimentas que já usara na vida. Era lindo, mas não fora ela quem escolhera, assim como a maior parte das coisas que aconteceram em sua vida, esta era mais uma da qual não tinha controle.
   Se dissesse que estava feliz estaria mentindo, mas, fazia isso por sua amada mãe. Era hora da mesma retribuir todo o esforço que tivera para lhe criar, e dar lhe a chance de uma vida melhor.
   - Senhor meu pai. - chamou baixo, esperando ele lhe dar algum sinal de que estava prestando atenção, e ao receber um canto de olhar prosseguiu - Eu entendo que meu futuro esposo é reservado, mas, eu gostaria que pelo menos a senhora minha mãe estivesse comigo.
   Reservado, definitivamente era um bom termo para definir o General. Haviam rumores por todo o País do Fogo de que pouquíssimas pessoas sabiam seu rosto, e que a maior parte das vezes em que fora visto, fora nos campos de batalha, com armadura completa e uma máscara de raposa. A máscara que lhe dera o título de General Kyuubi.
   - Minha filha, esta fora a condição imposta pelo Lorde Uzumaki. Uma cerimônia respeitosa porém pequena e discreta. - o homem suspirou, não gostava da situação tanto quanto sua menina, mas estava satisfeito de estar dando a ela um bom casamento, mesmo que não o entendesse agora. - Você irá direto para a mansão dele após a cerimônia, lembra-se disso não é?
   Ela assentiu somente, de cabeça baixa, temendo que seu pai visse seu queixo tremer pela grande vontade de chorar que tivera que reprimir. Sua despedida com a mãe fora tão rápida, e sua mãe Mina e, já sua irmã Hanabi nem conseguira ver. Rezava do fundo de seu coração que os deuses lhe permitissem pelo menos uma mínima felicidade na vida, que todos os rumores e lendas sobre o Lorde Uzumaki fossem mentira e que o mesmo não fosse tão ruim assim.
   E ainda querendo que o caminho até o templo demorasse toda a eternidade, lá estava ela, descendo do riquixá com a ajuda de seu pai, finalmente indo em direção a parte de dentro do templo.
   Suas mãos suavam, enquanto tentava disfarçar segurando no tecido longo da manga do seu quimono, na esperança deste secá-las, e eventualmente parassem de transpirar.
   Talvez pelo nervosismo, e pela cabeça baixa na maior parte do tempo. O evento do matrimôni, que deveria ser o maior marco de sua vida, passou num estalo, e poucos detalhes ficaram gravados em sua memória. Ela se lembrava das poucas coisas no caminho até a carruagem de seu marido.
   O tecido preto do quimono do General, que até mesmo a sombra deste era maior que a sua, cabelos loiros como ouro e um lampejo azul que eram seus olhos. Seguia quieta, tentando não se atrapalhar com tantas vestimentas.
   Ouvia o patriarca e, agora, seu marido, conversando. A voz rouca e baixa do general a impedia de compreender o que era falado, além do mais, suas pernas estavam moles, sentia vontade de sair correndo para longe, mas não podia se deixar afetar. Era seu destino e o aceitaria.
   - Minha filha. - a voz de seu pai a despertou do barulho de sua mente, eles estavam em frente a carruagem de seu marido, que a levaria definitivamente para longe de sua família - Viva bem!
   - Sim, senhor meu pai. - respondeu em um tom tão baixo que o loiro ao seu lado não teria entendido se não tivesse uma boa audição.
   E com um beijo em sua testa, seu pai a deixou, para ser conduzida carruagem a dentro, agora já não sabia mais o que seria da sua vida no futuro.

*------*

   Silêncio absoluto. Naruto era conhecido por grande disciplina graças aos treinamentos para se tornar o guerreiro que é, e como apreciava o silêncio. Mas aquela quietude lhe era desconhecida.
   A moça à sua frente não era muda, a tinha ouvido falar, uma pequena frase, mas já era algo. Recusava-se a referir-se a ela como sua esposa, pois faria de tudo para que a mesma desistisse deste casamento.
   Seu plano era simples: não consumaria a união, e a faria desistir e escrever uma carta de divórcio, e então, ele prontamente a devolveria para sua família. Se ela se mostrasse ter um caráter ruim, juntaria as provas disso e a entregaria para o Imperador, não seria problema seu então.
   Mas apesar de todo o seu plano e o objetivo de se manter o mais distante dela, talvez fosse algo na forma como os ombros não pareciam relaxar em momento nenhum, tensos, ou como mantinha o olhar para baixo, o dando pouquíssimas chances de decidir se seus olhos eram cinzas ou lavanda. Talvez fosse o nó dos dedos que vira de relance estarem mais brancos que o resto das mãos, que já eram bem brancas, que demonstrava uma demasiada força exercida nas mãos fechadas.
   Estaria ela nervosa, ansiosa ou com medo? E por qual motivo? Essas perguntas rodavam a cabeça do loiro, enquanto examinava minuciosamente a figura de pequena estatura a sua frente, esperando algo que o fizesse se irritar o até mesmo apontar-lhe sua katana.
   - Quantos anos a senhorita tem? - precisava que ela falasse, tentar entender o que se passava na cabeça dela.
   - Dezoito, meu senhor. - ao levantar os olhos, percebeu uma leve confusão na expressão dele, e tentando não se prender a surpresa de finalmente ter percebido o quão bonito era o homem a sua frente, emendou - Mas completarei dezenove em três dias.
   Com um aceno de cabeça, voltou ao silêncio. Utilizaria da informação que acabara de descobrir como desculpa para não consumar a relação, conversaria com ela depois sobre essa decisão, portanto, lhe dava três dias para fazê-la desistir desse casamento.
   Hinata se sentiu tentada a devolver a pergunta. E se fosse sincera, admitiria que começava a ficar curiosa sobre muitas coisas a respeito de seu marido, que não parecia tão mais velho que ela, e já tinha tantas coisas faladas sobre si.
   Porém, o vendo perdido em pensamentos, voltou a perder-se em seus próprios.
   E dessa vez, o silêncio partiu de ambos e por vontade de ambos. E se seguiu até o fim da pequena viagem.

*------*

   A mansão Uzumaki era muito bonita, e se encontrava em um local muito tranquilo. Hinata estava encantada com a entrada e o grande pátio, o caminho de pedra até a porta principal, uma árvore no canto esquerdo, que parecia ser uma cerejeira.
   As cores eram alegres, contrastando com os tons muito neutros da mansão Hyūga. Tudo parecia impecavelmente limpo e as paredes era muito bem pintadas.
   - Esta é Tenten, ela lhe mostrará seus aposentos, suas coisas já estão lá. - o loiro disse seco, se virou e entrou corredores a dentro, sumindo de sua visão.
   Hinata olhou para a moça de cabelos castanhos a sua frente, que lhe olhava com certa expectativa. Os olhos cor de chocolate tinham um brilho divertido.
   - Minha senhora, estou aqui para te ajudar se precisar! Espero que possamos nos dar bem. - e um sorriso tão genuíno apareceu em seu rosto que Hinata não conseguiu não sorrir junto.
   - Pode me chamar de Hinata! - e conversando, Tenten a levou até seu quarto, no caminho lhe mostrou o pátio interno, e a cozinha, de onde vinha um cheiro delicioso.
   Ao chegar no aposento, a acastanhada lhe deixou explorando o local enquanto buscava algo para a mesma comer, lhe dizendo que já devia fazer muito tempo que havia se alimentado. Hinata olhou todo o quarto, localizou onde estavam suas coisas, e abriu a porta que dava para o seu banheiro.
   - Aqui. - entrou novamente deixando em cima de uma pequena mesinha num canto do grande quarto uma bandeja que deixou a mulher com água na boca - Pode comer a vontade, e deixar aí que pela manhã eu levo para a cozinha. E se não gostar de algo, pode me falar depois! - fez uma leve reverência - Agora vou te deixar terminar de se instalar e descansar.
   E com um sorriso Hinata se despediu da possível nova amiga. Olhou para o céu e percebeu que a noite já começava, e com ela a ansiedade de saber que agora vinha uma nova parte do que se esperava de um casamento.
   Não sabia como funcionava, os únicos comentários que ouvira era de que podia doer, mas sabia que era algo muito íntimo entre o casal, e que era disso que vinham os bebês.
   Ficou em dúvida se deveria se trocar, mas decidiu que perguntaria ao marido quando ele chegasse. Se sentou na confortável cama, e esperou.

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