Minha Amada Esposa

Capítulo 8 - As Lágrimas

    A mesa estava em silêncio completo. Todos ainda olhavam para a porta por onde Hinata passara. Naruto demorou ainda mais alguns segundos para decidir o que faria, até que ele olhou para todos na mesa.

    - Eu... - Ele não conseguiu terminar seu raciocínio, só se levantou e foi, a passos apressados, procurá-la. Os que ficaram para trás só conseguiam torcer para que a doce mulher estivesse bem.

    O loiro rezava para que seu palpite estivesse certo, senão, daria um grande trabalho procurar por todos os cômodos. Ele nunca fora muito religioso, mas no atual momento, qualquer coisa que o ajudasse a encontrá-la, ele recorreria.

   Ao virar no corredor que dava acesso aos aposentos, por conta do silêncio em que estava aquela parte da mansão, ele começou a ouvir pequenos e contidos soluços vindo de um dos cômodos.

    Aquele som fez com que o coração agitado do homem, se apertasse em agonia.

   Ignorando todos os ensinamentos sobre educação e etiqueta que conhecia, ele abriu a porta do local em um rompante. A figura encolhida no canto entre a cama e a parede assustou-se pelo barulho.

    A passos lentos, quase cautelosos, os olhos azuis iam analisando a pequena mulher enquanto se aproximava. O rosto banhado em lágrimas, o nariz vermelho pelo choro, e os olhos sempre tão expressivos agora estavam tristes, magoados e inseguros.

    Ele se ajoelhou devagar na frente dela, cada movimento era friamente calculado, calmo, sem pressa, pois, naquele momento, a última coisa que ele queria era trazer ainda mais sentimentos ruins para aquela que ele já estimava tanto.

   - Perdão. - a voz fraca, falhada e embargada da mulher lhe chamou atenção. Ele não queria ouvir aquilo saindo dos belos lábios carnudos que ela tinha.

   - Perdão pelo que? - o tom tão doce fez com que um novo soluço e uma nova sucessão de tremores e lágrimas irrompesse da mulher. Ela tentava falar algo, mas novos soluços vinham.

   Ela se sentiu gentilmente sendo abraçada, acompanhado de um carinho em suas costas, e um queixo apoiado no topo de sua cabeça. E então pela primeira vez em tantos anos, ela parou de tentar conter seu choro. Ela deixou-se inundar por toda dor que ela vinha sentindo, por todo sentimento de injustiça e impotência. Ela finalmente sentia que possuía um colo, alguém que não precisava vê-la sendo forte, onde ela podia ser sincera sobre o que estava sentindo.

   Naruto não pode deixar de sentir-se triste por ouvir aquele lamento tão dolorido. Ela era sempre como um raio de sol que entra pela janela num dia frio, mas, naquele momento, aquela mulher que apertava o tecido de sua manga enquanto chorava alto mostrava que existiam tantos sentimentos desconhecidos por ele dentro dela.

   Ele não fazia ideia de quanto tempo estava ali, sentado no chão com ela em seus braços, mas não se importava com isso no momento, continuou ali, vagando em seus pensamentos enquanto oferecia a ela um local para chorar em segurança. Ele só percebeu que muito tempo se passara quando sentiu o aperto dela em si se afrouxar.

    Ele olhou para ela e viu que, ela realmente chorara até a exaustão, e agora, estava completamente adormecida. Com cuidado, evitando movimentos bruscos para não acordá-la, colocou-a confortavelmente deitada na cama, enrolada em um cobertor quentinho.

   Observou a trilha de lágrimas secas no rosto delicado. Passou levemente, sem conseguir conter-se, a ponta dos dedos pela bochecha dela, mas afastou-se rapidamente com medo de assustá-la.

    Assim que ele afastou-se, viu ela se encolher, por isso, sentou-se novamente no chão, apoiou a cabeça no colchão macio.

    E no momento que viu uma das mãos pálidas para fora do conforto do cobertor, cobriu-a com a dele.