AMORES, VÍCIOS E AMIZADES

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AMORES, VÍCIOS E AMIZADES

     “Naquela noite... eu nem consegui terminar de ver a notícia por completo e enquanto minha mãe chorava na sala, eu corri direto para o hospital. Naquela noite chuvosa, eu não pensei em nada além de correr para dar um último abraço nele, receber uma última dose de seu carinho, mas recebi muito mais que isso.”

     Fevereiro de dois mil e dezesseis, eu tenho quinze anos e acabei de entrar na PEPT (Projeto Escola Para Todos), uma escola de ensino médio para pessoas com PAT e PEM, eu estava bem na porta e era muito maior do que eu pensei. Meu extinto foi acender um cigarro e contemplar a vista, não é como se eu estivesse na expectativa de que será algo incrível, na verdade estou até meio desanimado, mas quero me tornar forte igual meu pai e para isso preciso me sair bem aqui... Espero fazer bons amigos para aturar melhor essa nova fase.

     A escola parecia muito maior por dentro, entrei na minha sala e não reconheci ninguém, mas já era de se esperar. Comecei a rabiscar enquanto não havia professor na sala e sem perceber de onde vinha, vi uma luz, como o flash de um celular e, do nada, tinha alguém com muitos papéis na mão, uma aparência de velho, porém forte. Ele olhou em meus olhos e depois de uma forma geral para classe, por quê?

     — Meu nome é Messias, sou o diretor dessa escola e como vocês devem saber ela é tanto para pessoas com PAT quanto PEM, mas conhecimento básico é necessário na formação de qualquer pessoa, independente se tem poderes ou não — enquanto falava, a luz da janela refletia em seu óculos. — Isso que tenho em mãos é uma prova de matemática e irá definir quem precisa de reforço em exatas.

     Ele começa distribuir as provas de mesa em mesa num ritmo muito lento.

     Sério? Quem passa prova no primeiro dia? Ele nem falou nada sobre ele ou sobre a escola.

     A prova chega em minha mesa e a primeira questão era Bhaskara, nunca me dediquei tanto no fundamental e esqueci a porra da fórmula. Olho pra trás e o Messias já está um pouco longe.

      Posso tentar conversar disfarçadamente com o mano da frente... ele tem um cabelão cacheado da hora.

     Tomei a decisão de chamar a atenção dele de forma sútil, para ele já perceber que é para disfarçar, mas no momento que eu encostei meu dedo indicador em seu ombro...

     — Ei, *tsc*. Ai!

     Eu tomei um choque?

     Ele olha para trás, com um leve sorriso e fala:

     — Foi mal, as vezes isso acontece, me chamo Pect.

     — Tá suave. Mano, você sabe a fórmula de Bhaskara? Estou na merda aqui...

     — Sei sim — ele riu. — Calma aí.

     — Beleza, valeu — eu respondi.

     Esqueci de me apresentar...

     Ele me passou uma borracha com a fórmula que me salvou muito durante a prova, a primeira questão não era a única que envolvia Bhaskara.

     Acabei de terminar a prova, o Messias se levanta e fala que o tempo acabou, é como se ele estivesse só esperando eu finalizar, deve ser coincidência.

     — Deixem as provas em cima da minha mesa e podem ir para o intervalo, vocês não precisam ficar dentro da escola, tem padaria, lanchonete e restaurantes nas redondezas, só se lembrem de voltar até as 12h30. As provas já estarão corrigidas em cima de suas mesas quando voltarem e falarei mais sobre a escola — disse Messias.

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