PODERES PARTE 1

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PODERES PARTE 1

     “Como eu deveria mostrar meu poder hoje? Eu basicamente fico mais forte, não é como se eu conseguisse conjurar fogo, virar um animal ou desaparecer... Talvez tenha alguma coisa para eu socar? Sei lá.”

     Acabei de descer do ônibus, hoje está um dia quente e deve estar ainda mais na cobertura da escola. Acendo um cigarro e vou em direção a entrada, escuto um barulho de skate atrás de mim, olho para trás e vejo que é o Pect, remando bem rápido. Ele me vê, para do meu lado e fala:

     — Só salve.

     Com um sorriso. Por educação talvez?

     — E aí, suave?

     — Suave e você? Pronto para hoje?

     Enquanto fala, ele pega o skate na mão.

     — Ah, suave, estou pensando em como posso demonstrar meu poder para a classe.

     — Entendi, o seu é um pouco complicado mesmo, sei lá, quebra alguma coisa... Você acha que consegue quebrar o chão?

     — Se eu quebrar vai sair do meu bolso?

     — Acho que não, a arena deve ser feita para quebrar mesmo, tem gente muito mais forte que já deve ter lutado lá.

     — Acho que consigo quebrar o chão, sim.

     Hm, mas talvez eu tenha que pegar um impulso.

     — Boa, vai dar certo — ele responde com pressa.

     Pect joga o skate no chão de novo e sobe nele, não faz nem dois minutos que ele o pegou na mão.

     Ele rema um pouco mais a frente e manda um flip, depois começa a remar voltando o caminho que a gente andou. Agora ele está vindo em minha direção, bem rápido, consigo ver rastros de eletricidade saindo de seu corpo, são azuis e brilhantes. Ele desvia de mim com o skate (deu para sentir a estática da eletricidade nele) e pula uma tampa de bueiro que tinha ao meu lado, eu não tinha reparado nela.

     — Olha o Ollie do pai, tá na base ou não? — pergunta Pect, empolgado.

     — Tá para caralho, você vai fazer sua demonstração assim?

     Foi bonito mesmo.

     — Queria, mas acho que não pode andar de skate lá —ele ri e pega o skate na mão novamente. — Vou só ficar passando umas cargas elétricas de uma mão para outra mesmo.

     Chegando na sala...

     — Agora só falta mais um chegar — disse Messias olhando para nós.

     Essa noite não parei de pensar sobre ontem, foi um dia e tanto, conheci o Pect e uma gatinha, o melhor de tudo é que as ideias bateram com os dois, não pensei que fosse me aproximar de alguém tão cedo aqui.

     A porta abre.

     — Desculpa pelo atraso — disse um aluno de moletom e touca que acabou de entrar na sala.

     — Sem problemas, Bowfi, só não torne isso um hábito — respondeu Messias.

     — Caramba, ele tá de moletom e touca nesse calor, coragem... — sussurra Pect para mim.

     — Pois é, mano, qual será a dele? — eu respondi.

     As vezes ele é só friorento mesmo.

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