2 meses depois

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-Vocês transaram? -Calil ainda permanecia chocado.

Ele já havia questionado a mesma coisa desde que comecei o assunto.

-Qual a parte do sim a gente transou que você tá com dificuldade de entender? -Suspirei frustada o suficiente por lembrar do desastre que foi aquela noite toda.

-Não precisa ser agressiva -Resmungou, bufando enquanto eu começava a andar de um lado para o outro.

-Por que está tão nervosa e irritada? Sua Crush de 3 anos transou com você, esteja no mínimo contente né -Espera, ele realmente teve a coragem de falar aquilo?

-Calil, sinceramente, vai se foder -Mostrei o dedo em sua direção e ele caiu na gargalhada

-Não sei se você sabe, tem coisas mais importantes que uma transa com a pessoa que você gosta -Me atirei na poltrona que havia no quarto escuro do mesmo.

-Ah é? -Ergueu a sobrancelha e eu concordei

-Tipo o quê? -As vezes eu acho que você se faz -Disse derrotada, me atirando pra trás e encarando o teto.

-Tipo sentimentos. Não é como se ela tivesse sentido algo além de prazer e isso que ela nem lembra. Não foi algo importante e eu não quero só transar com ela. Você sabe Ca, eu queria mesmo era que ela gostasse de mim -choraminguei e em troca recebi uma almofada na cara.

-Isso me dá enjôo. Se você puder por favor parar de ser boiola e se juntar ao grupo de piranhas eu ficarei contente.

-Grupo de piranhas? - Seria um máximo sair para passar o rodo com minha melhor amiga -Bateu palmas empolgado e eu olhei para ele desacreditada.

Olha a espécie de vocabulário que ele usa.

-Ta de brincadeira né? Eu não quero me tornar a Gizelly não calil, muito obrigada -Me levantei, procurando por minha mochila.

-Ela não te notou durante três anos, será que vale a pena continuar parada aí? Sua vida tá passando e você espera por alguém que não te dá a mínima. Vai esperar mais 10 anos por alguém que só te enxerga como irmã e sai toda noite pra pegar nova York inteiro?

Cada palavra sua foi como uma porrada na minha cara. É difícil ouvir a verdade e não sair quebrada. Coloquei a mochila nas costas engolindo seco e ignorando a imensa vontade de chorar que me deu.

-Tchau, Calil. -Mal olhei em sua direção e abri a porta de seu quarto, saindo com certa pressa.

-DE NADA -Ele gritou e eu entendi que se referia em ter me "ajudado" de certa forma a ir pra cama com Gi.



O caminho inteiro eu não consegui conter minhas lágrimas. Meu rosto estava banhado e eu diria que estava desidratada nesse momento. O tempo estava feio e uma chuva desabou. Meu celular tocou algumas vezes, mas eu estava parada em frente a grande faixa de pedreste do centro da cidade.

Tinham pessoas correndo para escapar da chuva, carros buzinas e eu parada ali. Algumas pessoas batiam em meus ombros, outras gritavam um "corra menina!" E eu ficava parada. Encarava um ponto no chão. Tudo me machucava. Sabe quando você só espera um sorriso e não ganha nada? Eu sempre estive ali tentando ser notada por alguém que me considera irmã. Sim, é algo bem decepcionante sim.

Não posso cobrar ela por algo que não sente. Já tentei me livrar disso tudo, mas parece que estou em um abismo sem fim.

-Deusa? -Escutei a voz familiar que me dava uma porrada no estômago e ao mesmo tempo me dava borboletas. Sai de meu transe, levantando os olhos com calma e vendo uma Gizelly molhada ali. Ela estava toda de preto, com uma touca nos cabelos.

You are my best part- Girafa (G!P) ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora