Equilíbrio é tudo.

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Gizelly Bicalho

Desde a morte de Suzy, eu nunca mais fui a mesma.Fui até o enterro de óculos escuros, pois chorei a noite inteira como uma garotinha frágil.

Vendo ela tão bonita deitada naquele caixão, com as mãos juntas e o corpo cheio de maquiagem tentando esconder os machucados terríveis, eu percebi que a vida era um sopro.

Ela era empoderada, tinha lábia, era bonita e sempre aproveitou muito a vida.

Eu queria ser como Suzy.

Ela me ensinou mais do que uma escola ensina em 10 anos e com certeza são lições que vou usar na minha vida até o final dela.

Deixei um pequeno frasco de uísque ao seu lado e beijei sua testa como sempre fazia antes de ir para casa.

-Quero que brilhe lá de cima todas as noites para mim e que seja minha luz nessa escuridão -Foram as palavras que lhe disse, antes de fechar a página dessa história e da nossa despedida.

E cheia de desânimo, eu e Victor tentamos confortar elana que chorava todas as noites. Com remorso, mas sabendo que era um desejo de Suzy.

Fiquei ainda mais vidrada em trabalho, bebendo café para passar a noite acordada, sempre agitada, eufórica e esquecendo a dona da minha confusão.

Todas as noites eu bebia em um bar e acabava com várias gostosas na cama.

Eram belas mulheres, mas eu não sentia nada por elas. Não sentia ao menos prazer.

Elas não tinham as mãos que eu queria no meu pau, por exemplo.

-Desistiu real da sua Rafinha? -Victor questionou e eu suspirei.

-Ela nunca foi minha -Dei de ombros -Se me der licença, tenho trabalho a fazer.

-Ta, mas e nosso joguinho? -Fez biquinho e eu ri

-Fica pra próxima! -Ele revirou os olhos

-Você está péssima Gi! Precisa sair desse buraco -Fez sinal de cruz -Vamos!

-Saí daqui -Apontei para a porta

-Final de semana, pode ser? -Joguei uma almofada no mesmo

-Ta bem, vou vir te buscar -Comecei a rir com o idiota correndo até a porta.

E assim que ele saiu, o apartamento voltou a ser sem graça, sem vida.

Tudo tem estado tão vazio.


Rafaella Kalimann

O medo sempre nos persegue e nos faz perder as coisas mais belas da vida.

Sempre escutava risadas altas e mulheres entrando pela casa de Gi. Sei que eu quem não quis e que ela era louca por mim, mas aquilo dali me incomodava e muito.

E os preparativos para o casamento? Estavam indo super rápido. O mês estava voando e faltavam poucas 2 semanas. Eu estava nervosa, mas também muito decidida do que queria.

-Acha que vai dar certo? -Dreicon questionou e eu suspirei.

-Eu espero que dê. -Sorrimos um para o outro, ele me puxando para um abraço apertado.

-Obrigada por ser você.

-Eu que te agradeço, Rafa. Obrigada por me deixar te cuidar -Beijou minha testa e passamos a manhã assim.

Antigamente Gi até vinha aqui para conversar comigo sobre coisas bem furadas -acho que ela tentava puxar qualquer assunto só para estar perto- e agora ela manda o envelope com dinheiro por correio.

Sim, mora na minha frente e manda por correio. Gizelly sendo Gizelly.


Dreicon

Eu e Rafa íamos nos casar em duas semanas.

Estava tudo indo nos trilhos, mas estávamos com medo de dar errado.

Era muito estresse e medo acumulado.

-Estou de saída -Atirei um beijo para a ruiva e saí cantarolando. Desci as escadas, acenei para o porteiro e peguei meu celular -Estou chegando, baby. -Sorri ao escutar sua voz e chamei um táxi.

-Pensei que não vinha hoje -A mulher me abriu um enorme sorriso, enquanto eu entrava e fechava a porta.

-Ta doida? Tô morrendo de saudade sua, Ame. -Abracei sua cintura, olhando seu rostinho bem de pertinho.

-Acho que estou muito apaixonado por você -Rimos juntos

-Eu que estou apaixonada demais por você -Mordeu meu lábio, logo selando junto com os seus e iniciando um beijo calmo.

Depois de longas horas com Amélia, cuidei o relógio e já estava na hora de voltar.

Fui voltando todo bobo pelo caminho.

Passando em frente a porta de Gi, não hesitei em bater

-JÁ VAI -Ela gritou e eu fiquei batucando os dedos na madeira. Não demorou muito e ela abriu a porta

-Oi -Acenei, ela revirou os olhos pronta para fechar a porta e eu impedi.

-O que você quer? -Perguntou sem paciência. Oh mulher arrogante!

-Calma, não vim aqui te encher o saco -Ri baixo, coçando a nuca e puxando um envelope do bolso.

Estendi para a mesma, que ficou sem entender.

-Abra -Suspirou segurando o envelope e abrindo o mesmo

-Quero que vá ao casamento. -E em seu olhar eu pude ver várias formas que ela pensava em me matar.

-Roubou minha mulher e ainda quer que eu vá no casamento? -Rangeu os dentes e abriu a porta pronta para me socar.

-Ela escolheu isso, você sabe. -Engoli seco, ela baixando suas mãos fechadas

-Vai por ela. Se você a ama o suficiente, deixa ela ser feliz. -Comecei a falar, vendo sua expressão começar a mudar.

-Ela me deixa infeliz e eu tenho que achar lindo ela ser feliz? -Gizelly as vezes era irracional.

-Se você a ama, não tem motivo para querer sua infelicidade. Vai, prometo que não beijo ela na frente de todo mundo -Não pude deixar de debochar.

-Vai se foder -Mostrou seu dedo do meio e bateu a porta com força.

-NOS VEMOS NO CASAMENTO -Dei risada me virando e indo para o meu apartamento

-linda , cheguei! -Avisei procurando a mulher que estava sentada no sofá com o notebook no colo

-Onde esteve? -Questionou, ajeitando o óculos em seu rosto

-Por aí- Ela concordou me chamando com a mão

-Senta aqui. -Andei até ela, beijando sua bochecha e me sentando ao seu lado. -Andei pesquisando. O que acha dessas flores? -Me olhou e eu observei os lírios.

-Acho que ficarão lindo. -Nos olhamos e sorrimos

-Agora vou tomar um banho.

-Certo. Não demora muito que estou com fome -Fez biquinho e eu ri.

-Certo, não vou te deixar passar fome branquinha -Mostrou a língua e eu segui para o banheiro.

Equilíbrio é tudo.

You are my best part- Girafa (G!P) ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora