CAPÍTULO 35 : O MOTORISTA DE TÁXI

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EU NUNCA FALTEI A UM ENSAIO DA BANDA ANTES. A BANDA, AS NOITES DE ENSAIO, AS APRESENTAÇÕES ERAM PARA MIM O MELHOR REMÉDIO PARA QUALQUER PROBLEMA. E ESPECIALMENTE QUANDO EU SOFRIA PELO JESSE, EU NEM COGITAVA EM PERDER ESSES MOMENTOS, PRA NÃO PENSAR EM MAIS NADA. MAS DESTAVA VEZ, NÃO IA SERVIR. ENTÃO EU AVISEI QUE CHEGARIA ATRASADA OU TALVEZ NEM COMPARECESSE. NINGUÉM FICOU QUESTIONANDO, PORQUE AGORA, A ESSA ALTURA, ATÉ O TED JÁ SABIA A VERDADE SOBRE LEE E QUE EU O PROCURAVA DESESPERADAMENTE.

AGORA ESTÁVAMOS ALI, OS 3 PARADOS: IAN, BARBARA DE EU, AO REDOR DO MOTORISTA DE TÁXI. UM HOMEM BAIXINHO, ATARRACADO E COM UMA FLANELA NA MÃO, POIS ANTES ESTAVA TIRANDO A POEIRA DO PAINEL DE SEU CARRO. COM UMA EXPRESSÃO NADA SIMPÁTICA, ELE DIZ:

-  EU NÃO GOSTO DE FAZER ISSO, ESPECIALMENTE QUANDO SE TRATA DE FALAR DO RICAÇOS E SUAS FESTAS EXTRAVAGANTES. EU POSSO ME DAR MAL E ACABAR SEM TÁXI E SEM EMPRÊGO. O QUE ACONTECE NAQUELE SALÃO DE FESTAS, FICA LÁ. EU NÃO CONTO NADA PARA NINGUÉM A MENOS QUE SEJA UM INTERROGATÓRIO POLICIAL E VOCÊS NÃO SÃO DA POLÍCIA, QUE EU SAIBA.

-  NÓS NÃO VAMOS CRIAR PROBLEMAS SR. - EU DIGO, TENTANDO ACALMÁ-LO - SÓ PRECISAMOS SABER SE O NOSSO AMIGO ESTÁ BEM, PORQUE DESDE AQUELA NOITE NÃO TIVEMOS MAIS NOTÍCIAS DELE.

ELE OLHA PARA CADA UM DE NOSSO ROSTOS, UM DE CADA VEZ, COMO QUEM PROCURA SABER SE ESTAMOS DIZENDO A VERDADE OU NÃO. EM SEGUIDA, NUM GESTO SISTEMÁTICO, ELE PASSA O DEDO EMBAIXO NO NARIZ, DÁ UM FUNGADA E DECIDE:

-  ME MOSTRE A FOTO DO CARA DE NOVO.

EU MOSTRO E ELE DIZ COM UM TOM MEIO DEBOCHADO:

-  AH, É ESSE CARA...O TONY MANERO...

-  LEMBRA DELE? - A BARBARA PERGUNTA COM UM OLHAR DE EXPECTATIVA.

-  HAVIA MUITOS NAQUELA FESTA. O SR. KOWALSKI É PRATICAMENTE O REI DAS FESTAS POR AQUI. SUAS FESTAS SÃO AS MELHORES E É A NOITE EM QUE APARECE TODO TIPO DE GENTE ESTRANHA COMO PASSAGEIROS. BÊBADOS, CASAIS DE NAMORADOS BRIGANDO, SE BEIJANDO, POBRES FINGINDO SER RICOS, RICOS VESTIDOS DE POBRES. ENFIM, É UMA LOUCURA COMPLETA. E EU, BEM, EU ME FAÇO DE CEGO, SURDO E MUDO. NÃO VEJO NADA, NÃO SEI DE NADA, SÓ QUERO SABER DA MINHA GRANA, ENTENDEM COMO É? UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA, SE EU CONTAR O QUE SEI, ELES VÃO ME PERSEGUIR E NUNCA MAIS VOU TRABALHAR NESSE RAMO NOVAMENTE, ESSES RICAÇOS TEM OLHOS EM TODA PARTE E PODER.

-  O SR. SE LMEBRA DELE? - INTERROMPO AQUELE PAPO QUASE FILOSÓFICO DE MODO BRUSCO.

-  OK, VOU CONTAR. EU LEMBRO DELE. PODEM FICAR TRANQUILOS, PORQUE O SEU AMIGO AÍ NÃO ESTAVA BÊBADO. ELE ESTAVA PERFEITAMENTE BEM QUANDO ENTROU NO MEU TÁXI E QUANDO SAIU TAMBÉM.

-  PARA ONDE O LEVOU?

-  PRIMEIRO ELE APENAS ME MANDOU SEGUIR EM FRENTE PARA LONGE DALI. DEPOIS USOU O TELEFONE E ME MANDOU PARA A TIMES SQUARE

- TIMES SQUARE? - IAN REPETE, INTRIGADO.

-  SIM, TIMES SQUARE. A ÚNICA COISA ESTRANHA NELE FOI O FATO DELE DIZER QUE NÃO TINHA DINHEIRO PARA ME PAGAR. EU FIQUEI COM MUITA RAIVA E DISSE QUE IA LEVAR ELE PARA A DELEGACIA, MAS ELE DISSE QUE EU NÃO PRECISAVA FICAR NERVOSO, QUE QUANDO CHEGÁSSEMOS LÁ, ALGUÉM VIRIA BUSCÁ-LO E IRIA ME PAGAR. O QUE ELE É? UM RICO EXCÊNTRICO OU ESTÚPIDO, PARA SAIR POR AÍ SEM CARTÃO OU DINHEIRO?

-  ELE NÃO QUIS USAR O CARTÃO QUE EU DEI A ELE - DIGO, REFLETINDO A RESPEITO.

-  E QUEM PAGOU? - BARBARA PERGUNTA.

- UMA MULHER. ELA ME PAGOU.

-  UMA MULHER? COMO ERA ELA, BONITA? JOVEM? LOIRA OU MORENA ? - BARBARA NÃO SE CONTÉM E PERGUNTA IMEDIATAMENTE.

MINHA HISTÓRIA DE: AMOR POR ACIDENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora