IAN PARECE ESTAR MAIS INTERESSADO EM COMER E NÃO FAZ MAIS PERGUNTAS. ENQUANTO QUE BARBARA OLHA PARA LEE COM FREQUÊNCIA, CHECANDO SE ESTÁ TUDO BEM, MANTENDO O INTERESSE. COM ISSO, NÃO POSSO MAIS FAZER PERGUNTAS DIRETAS. MAS MEUS TEMORES E DÚVIDAS PERMANECEM, POIS QUANDO O DIA TERMINAR NO ESCRITÓRIO PARA ONDE VOU LEVÁ-LO? ONDE O SR. CABEÇA DE VENTO DEVE PASSAR A NOITE? EM UM HOTEL? NÃO EM UM HOTEL CINCO ESTRELAS, É ÓBVIO. PENSANDO BEM, NÃO TENHO GRANA NEM PARA PAGAR UMA PENSÃO BARATA...
CADA UM PAGA A SUA PRÓRPIA DESPESA COMO DE COSTUME, MAS O QUE LEE COMEU, EU TENHO DE PAGAR, ELE NÃO TEM NEM MESMO UM CENTAVO. COM UM SUSPIRO DESOLADO ESTENDO O CARTÃO DE CRÉDITO PARA O CAIXA ENQUANTO PENSO QUE TENHO QUE ME LIVRAR DAQUELA SITUAÇÃO BIZARRA O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL. E É POR ISSO QUE AO FINAL DO EXPEDIENTE DECIDO LEVÁ-LO DE VOLTA AO DOUTOR NO HOSPITAL. PENSEI QUE BARBARA IA SE PRONTIFICAR A NOS ACOMPANHAR, MAS ELA TEM COMPRIMISSO MARCADO EM CASA E DIZ:
- QUANDO CHEGAR EM CASA ME CONTE O QUE O DR. DISSE SOBRE O CASO, OK? QUE TAL IRMOS JUNTAS AMANHÃ AO LOCAL DO ACIDENTE?
- AMANHÃ É A FESTA NA CASA DE MEUS PAIS, ESTAREI ENVOLVIDA COM O EVENTO TODO O FIM DE SEMANA - NÃO ESTOU MUITO ANIMADA AO DIZER ISTO. EM GERAL O EVENTO NOTURNO SEGUE O FIM DE SEMANA COMPLETO, CONSISTINDO EM UM ALMOÇO COM A FAMÍLIA NO DOMINGO. MAS NÃO POSSO ESCAPULIR OU SEREI DESERDADA, AMALDIÇOADA E MINHA MÃE VAI VENDER O NOSSO TESOURO, TESOURO ESTE QUE EU QUERO PARA MIM.
- BEM, SE PRECISAR DE AJUDA NO FIM DE SEMANA, ME LIGUE, ESTAREI LIVRE. - DIZ ISTO JÁ NO ESTACIONAMENTO E NOS SEPARAMOS. ELA DÁ UM SORRISO MELOSO PARA LEE, QUE RETRIBUI DE VOLTA SEM O MESMO BRILHO, APENAS É GENTIL.
- OBRIGADO PELA AJUDA BARBARA - ELE DIZ EDUCADAMENTE E ENTRA NO MEU CARRO.
ENQUANTO EU DIRIJO DE VOLTA AO HOSPITAL ELE JÁ SABE DISTO. SENTADO AO MEU LADO NO BANCO DA FRENTE ELE FICA OLHANDO AS RUAS COM INTERESSE E AÍ EU APROVEITO PARA DIZER, UM TANDO DESCONFIADA:
- ONDE VOCÊ MORA?
- EU NÃO SEI... - ELE DIZ AINDA OLHANDO ATENTAMENTE PARA FORA COMO QUEM NUNCA ANDOU POR ALI - ONDE ACHA QUE EU MORO?
- E EU VOU SABER? - RESPONDO UM TANTO IMPACIENTE.
- VOCÊ PARECE SER BEM OBSERVADORA, MINHA APARÊNCIA OU ALGO ASSIM NÃO LHE DÁ NENHUMA PISTA?
- SOU OBSERVADORA, NÃO VIDENTE... - RESPONDO COM SARCASMO - EXISTEM CENTENAS DE CARAS COM SUA APARÊNCIA CHIQUE SR. CABEÇA DE VENTO...
- ONDE EU ESTAVA QUANDO ME ATROPELOU?
- NÃO SE LEMBRA? - DIGO INTRIGADA. ELE NÃO SE LEMBRA MAIS DO ACIDENTE, SE ESTAVA CONSCIENTE PRATICAMENTE O TEMPO TODO?
- NA VERDADE SÓ LEMBRO QUE CHOVIA...
- OH MEU DEUS... - EU NÃO QUERO ACREDITAR - SUA CARTEIRA, SEU TELEFONE, ONDE ESTÃO? EU ESTAVA A CAMINHO DA CASA DE MEUS PAIS, ESTAVA CHOVENDO, A ESTRADA ESTAVA DESERTA, ERA MAIS DE MEIA NOITE, O QUE FAZIA A ESSA HORA NAS RUAS E SEM SEU TELEFONE E SEU DOCUMENTO? ALGUÉM O PERSEGUIA? VOCÊ VEIO DE LUGAR NENHUM, NÃO ESTAVA APRESSADO ? QUERO DIZER, UMA PESSOA NORMAL SAIRIA DE CASA SEM LEVAR ESSAS DUAS COISAS ESSENCIAIS PARA SOBREVIVER? OU AO MENOS UM GUARDA CHUVA? NÃO ACHA ESTRANHO?
- ENTÃO, EU ESTAVA FUGINDO DE ALGUÉM? - ELE AGORA OLHA PARA FRENTE, PARA OS CARROS EM MOVIMENTO NO CONGESTIONAMENTO.
POR QUE ELE ME DEVOLVE AS PERGUNTAS AO INVÉS DE RESPONDÊ-LAS? ISSO É MUITO DESGASTANTE. DIGO, CONTROLANDO MEU HUMOR:
- PENSE SOBRE ISSO E TALVEZ ENCONTRE A RESPOSTA...
DEPOIS DE CONSULTARMOS O MÉDICO QUE O ATENDEU ANTERIORMENTE E QUE FELIZMENTE ENCONTRAMOS, ELE ME DIZ EM PARTICULAR, COMO A RESPONSÁVEL PELO PACIENTE:
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MINHA HISTÓRIA DE: AMOR POR ACIDENTE
RomanceSHELLEY ESTAVA A CAMINHO DA CASA DE SEUS PAIS EM UMA NOITE DE CHUVA QUANDO ACIDENTALMENTE ATROPELA UM HOMEM. ELA SE APAVORA E NEM SABE BEM O QUE FAZER. PARA SEU ESPANTO O HOMEM TOMA CONSCIÊNCIA E PARECE NÃO TER SOFRIDO GRANDES DANOS. LEVA-O A EMERGÊ...