— Tá, então de acordo com o mapa é só eu contornar essa pedra e...
Então, retomando um pouco os fatos: eu fui lesado o suficiente para esquecer meu diamante em casa, depois descobri que fui assaltado. Fui sortudo de achar um mapa do tesouro, e agora azarado por ver que o tesouro é um barraco mais velho que o meu.
— Vida, você já me deu algo que não fosse desgraça? Ok, minha casa pegou fogo mesmo. Essa serve.
Rastejo cansado até a espelunca. Minhas pernas estão doloridas de tanto andar neste terreno arenoso no meio do nada, que mais parece um deserto.
Empurro a porta sem esforço algum e ela desmorona, liberando uma onda de ratos que saíram do interior e correram por debaixo das minhas pernas. "É bom que fujam mesmo, me poupa o trabalho de lidar com eles depois".
Caminho por um ambiente escuro, as tábuas no assoalho rangem com meu peso e o ar está poluído de poeira.
— Ao menos ninguém deve viver aqui 🙄.
Uma luz esverdeada emerge, ferindo a escuridão completa que me cercava. Sigo naquela direção, com um certo medo. Mas também poderia ser o tesouro.
Me aproximo e encontro algo tão desanimador que preferia não ter encontrado.
— Daora, um esqueleto podre. Será que pelo menos essas roupas dele...
Dou um chute na carcaça, os ossos se sacodem e a luz verde que o rodeava se transforma em um espectro com formato de homem, exceto a cintura para baixo, que é de fantasma mesmo.
— Ahhhh 🥱. Finalmente alguém despertou o velho Jack Dylan!
O fantasma veio em minha direção, ficou tão próximo que seu rosto parcialmente transparente era a única coisa em meu campo de visão.
Controlei minha grande vontade de tapar o nariz, pois o cheiro podre que senti poderia ser um embrulho no estômago para os mais fracos.
— Diga-me, jovem marujo, qual o nome da sua embarcação e quais suas alianças nesta guerra?
— Que guerra 🤨?
Ele "coçou a cabeça" (se é que um fantasma podia fazer aquilo), confuso.
— Em que Era estamos?
— Na Quinta Era de Dicker.
— O que 😮? Os Dicker's venceram a Batalha Marinha das Sardinhas, então?
Começo a encaixar os caquinhos e percebo que o pirata fantasma chamado Jack Dylan havia passado no mínimo os últimos 200 anos preso naquele corpo que lentamente foi se decompondo.
— Não creio que eu tenha perdido esta guerra 😰. — ele parecia bastante triste.
— É uma história linda, mas quem escreveu essa coisa aqui 🗺️ ?
Ele observa o mapa do tesouro enquanto puxa os pelos da barba do queixo, que por sinal era bem longa.
— Ahh, isso aí 😅. Bem, antes de eu morrer fui até uma bruxa e pedi a ela imortalidade.
— Pelo visto não deu muito certo. — interrompi, chutando de novo o esqueleto.
— Quer parar com isso 😠? Como eu ia dizendo... Essa bruxa me lançou um feitiço, e depois que eu morresse alguém poderia encontrar minha alma e seguir minhas instruções até o meu tesouro. Achando o tesouro, eu renasceria.
— Você poderia ter pago uma bruxa melhorzinha, hein? Esse feitiço não resolveu nada: você continua morto e perdeu a guerra.
— Realmente. — Jack admitiu — Mas eu ainda posso ser ressuscitado se você me ajudar.
— Só isso 🥱?
Ele tentou me dar um soco na cara, em vez disso só senti um vento gelado.
— Droga, esqueci. Ouça bem, jovem...?
— Haas.
— Ouça bem jovem Haas, em vida fui um pirata bastante rico. E justamente por essa riqueza eu não fui pra guerra e me escondi aqui até morrer de fome. E justamente por causa da minha riqueza falei com aquela bruxa, para ressuscitar e continuar sendo rico. Se você me ajudar, compartilho uma parte da minha riqueza com você.
Penso por um momento. Poderia facilmente ser mentira de um cara que queria possuir o corpo do primeiro otário que aparecesse. Mas todo aquele jeitão excêntrico de Jack Dylan me afetou de uma forma diferente, ele parecia uma figura bastante interessante. Além disso, eu estava fodido de toda forma.
— Tenho condições 🙋🏻! — digo.
O pirata cruzou os braços.
— Eu aceito te ajudar; SE você me deixar morar aqui.
— Esse lixo de bar? Por mim... Trato feito?
— Trato feito! 🤝🏻
CONTINUA...
***
Eu achei que seria interessante usar os emojis para ajudar o leitor a entender a emoção ou o gesto que o personagem está fazendo ou falando, me poupa de escrever um bocado de coisas e deixa mais divertido na leitura.
Sei que o capítulo foi meio paradão, mas o próximo vai compensar bem mais.
É isso.
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Isto NÃO é RPG!
AdventureEm um mundo fantasioso e de seres mágicos, um jovem encontra um bar abandonado e segue as ordens do antigo dono para recrutar uma equipe e derrotar o Pistoleiro Infinito. Numa narrativa simples e bem humorada, acompanhe a jornada de um grupo desajei...