Capítulo dois.

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oi, eu voltei! 

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O livro escapou da mão do garoto e caiu no chão do avião em um baque abafado, porém mesmo assim fez com que o garoto acordasse. Seus olhos abriram lentamente, passando a mão pelo rosto logo em seguida, ajeitou-se no assento e finalmente se abaixou para pegar o livro. Virou seu rosto para o lado, esperando encontrar o amigo, mas tudo que encontrou foi um assento vazio.

Suspirou, sentindo-se bem após aquele cochilo. Era tão bom não pensar demais sobre qualquer coisa. Deixou o corpo relaxar, ainda com a memória do sonho fresca em sua mente, algo que deixou um sorriso nascer em seus lábios. Queria ter a coragem que o seu "eu" do sonho tivera, talvez as coisas seriam menos dolorosas.

Ou não.

"Por que você tá com essa cara de idiota?", Pran acordou de seus devaneios ao ouvir a voz - irritante - do outro.

"Não estou com cara de idiota. O idiota aqui é você!", retrucou na hora, lançando um olhar desafiador para Pat, que em resposta deu um sorriso sacana e deu de ombros.

Pran fechou a cara, enquanto virava o seu corpo para o lado oposto. Iria ignorar Pat o máximo possível, pois sabia que se continuasse daquela maneira ele seria retirado daquele voo por tentativa de assassinato.

O garoto começou a tatear os bolsos à procura dos seus AirPods, enquanto imaginava como ia conseguir fingir 24/7 que era apaixonado por Pat. Aquilo era idiota, estupido, perigoso, poderia sair de controle a qualquer momento, Pran ainda se perguntava o motivo de ter concordado com aquele plano.

E ele nem começou a pensar na família de Pat, pois Pran sabia que quando ele começasse a refletir sobre mentir para as pessoas que o conhecem desde pequeno, ele entraria em pânico.

Bufou alto por se sentir encurralado e por ainda não ter achado seus fones de ouvido, ele tinha certeza que tinha os colocado no bolso de sua calça jeans.

"Estava procurando por isso?", Pat perguntou, um sorriso contente em seu rosto. Pran virou seu rosto, encontrando sua caixinha azul do seu AirPods nas mãos do amigo. "Você esqueceu em cima da mesinha de centro da sala, queria saber quanto tempo ia demorar até você perceber que tinha esquecido".

Pran esticou a mão, tentando pegar a caixinha, mas Pat tirou a sua mão rapidamente. "Não, primeiro eu quero ouvir um agradecimento. Vamos, diga que eu salvei a sua vida, novamente."

Pran olhou intensamente para Pat, sua mente trabalhando em mil formas que ele poderia responder àquela provocação.

"Obrigado", Pran disse suavemente, com sua voz mais gentil possível. Ao falar aquele pequeno agradecimento, seu corpo foi lindo um pouco para frente, seus dedos indo de encontro aos cabelos do outro, aproveitando a oportunidade para bagunçá-los. "Você sempre tomando conta de mim, querido!", os dedos que estavam bagunçando os fios de Pat se moveram para o rosto, onde Pran fez um pequeno carinho nas bochechas do amigo.

Pran não conseguiu conter um sorriso ao ver a cara de choque de Pat, ele realmente não esperava aquela resposta do amigo. Pran colocou seus fones e fechou os olhos, relaxando após dar play na sua playlist favorita. Mesmo de olhos fechados, o garoto ainda conseguia sentir que Pat o observava.

-x-

No instante que Pat pisou na estação, lembrou-se da última vez que esteve com boa parte da sua família... Tinha sido um pesadelo. Pat tinha acabado de se assumir como bissexual e foi simplesmente horrendo como alguns parentes o fizeram perguntas extremamente bifobicas e/ou incovenientes. Pat lembra que não aguentou ficar mais de uma hora naquele evento familiar, voltando para o quarto de hotel com umas latas de cerveja em uma sacola e com uma vontade enorme de ligar para Pran, mas não para contar como tinha sido horrível aquele dia, mas sim para conversar sobre qualquer coisa.

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