just pretend

Capítulo quatro

Pat sabia que isso poderia ser levemente estranho, mas ele simplesmente não conseguia evitar. Pran estava dormindo como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo, seu peito subindo e descendo conforme sua respiração calma.

Pat não sabia há quanto tempo estava observando o amigo, mas em algum momento acabou lembrando-se do beijo da noite anterior. Se Pran não falasse nada, ele também não comentaria. Sem contar que não tinha o que conversar, os dois estavam agindo como namorados e quanto mais convincentes parecessem, melhor seria.

Talvez se ele repetisse isso por várias vezes, ia acabar se tornando realidade.

Afastando os pensamentos da sua mente, voltou a fitar o amigo que estava deitado ao seu lado, mas dessa vez, deparou-se com um par de olhos castanhos o observando.

"Consigo sentir seus olhos me observando. Pare com isso, seu estranho!", Pran disse de forma preguiçosa, levando sua mão até o rosto do outro e afastando o mesmo para o lado.

"Como se você não fizesse isso comigo sempre. Eu sei que você sabe que eu sei que você me observa quando estou dormindo", Pat ergueu uma das sobrancelhas, adorando ver o começo de pânico nascer no rosto de Pran. "Eu te entendo, sou irresistível."

Pran se encontrava completamente chocado naquele momento, ele realmente não esperava que Pat soubesse sobre o lance de observar. Pran tinha certeza que o outro estava sempre é um sonho profundo, sem contar que ele não fazia isso sempre, na verdade não era algo planejado, quando se dava conta lá estava ele observando o melhor amigo dormir.

"Ai!", Pat disse alto ao receber um travesseiro no rosto, aquela tinha sido a resposta do seu melhor amigo. "É assim que você trata seu melhor amigo/namorado falso, querido?", Pat perguntou, enquanto contra-atacava Pran.

Pran não teve nem tempo de pensar, pois logo sentiu um corpo grande e forte vindo para cima dele. Pat passou uma de suas pernas sobre o corpo do outro, de modo que ficasse sentado sobre a barriga de Pran. O garoto espalmou suas mãos no peito de Pat, tentando empurrá-lo de cima de si, algo que ele não conseguiu.

"Isso não tem graça, saí de cima de mim!", Pran tentou falar de forma séria e com raiva, mas no fundo ele não estava tão bravo assim com aquela "brincadeira" de Pat.

"Já que você gosta tanto de olhar pra mim...", Pat pegou os braços do melhor amigo, os levando para cima da cabeça de Pran, seu rosto foi se aproximando do rosto do outro garoto. "... que tal fazer isso agora, pois eu posso olhar para você também!", a frase terminou num tom baixo, quase um sussurro.

Pran não pode evitar e acabou deixando um suspiro mais alto escapar, suas bochechas ardendo logo em seguida. Ele se sentia tão fraco e vulnerável naquele momento, enquanto sua mente gritava para dar um jeito de sair daquela posição, uma voz bem lá no fundo dizia que não havia motivos para fugir. Não como ele sempre fazia.

Pat soltou os braços de Pran, mas o garoto não os moveu, seus olhos estavam fixos nos olhos de seu melhor amigo. Ele estava tão perto, será que Pat conseguia ouvir as batidas do coração de Pran? Era impossível, o garoto sabia, mas mesmo assim aquele medo tomou conta de Pran, ele não sabia o que seria daquela amizade de Pat soubesse a verdade.

Verdade que Pran tentava ignorar. Ele ainda não estava pronto, talvez nunca estivesse.

Ele estava tão imerso em seus pensamentos e inseguranças, que não percebeu que uma das mãos de Pat estavam indo em direção da sua cabeça, mas logo que sentiu dedos deslizarem sobre o seu cabelo, o garoto sentiu seu corpo relaxar lentamente. Nenhuma palavra estava sendo dita, pois não eram necessárias naquele momento.

Aquela troca de olhares, a forma gentil que os dedos de Pat percorriam pelos fios sedosos de Pran... O garoto conseguia sentir como Pat gostava dele, não, essa não era a palavra certa. Pat o amava, isso era óbvio. Mas não era o amor que Pran queria, mas talvez fosse o amor que ele merecia. E isso já era o bastante. Certo?