Capítulo 11: Lembranças

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Natsumi on

Eu não pude participar da segunda rodada, felizmente, pois nem morta eu ia carregar alguém sobre os meus ombros como um cavalo ou ser carrega por esses pirralhos, eu até pedi para sair, mas não foi graças ao meu pedido que eles deixaram eu sair, é que eles tem medo de eu não me segurar e acabar matando alguém. Não os julgo por pensarem isso, afinal, uma das coisas que eu mais fiz na vida foi matar.

-- Então você realmente está aqui, sua verme. -- eu nem precisei me virar para saber quem era.

Eu estava escorada na parede de uma das entradas para a arquibancada, podia ouvir muito bem as pessoas gritando de emoção e conseguia ver tudo o que estava acontecendo na segunda prova, mas agora minha atenção estava focada na pessoa atrás de mim.

-- "Até que demorou bastante pra ele aparecer." -- Venom diz.

-- É bom te ver também, Endevor! -- falei enquanto me virava para ficar de frente pra ele, um sorriso debochado cresceu no meu rosto quando vi sua expressão. -- Como você tá?

-- O que você tá fazendo na UA? -- ele perguntou ignorando minhas falas anteriores.

-- Por quê a curiosidade? Por acaso sentiu falta dos nossos encontros?

As chamas dele ficavam mais fortes a cada palavra que saia da minha boca, mas eu sei que ele não vai me atacar, seria muita burrice fazer isso, pois ele ia acabar machucando ou até mesmo matando as pessoas que estão ao nosso redor, isso seria péssimo pra imagem de "herói perfeito" dele.

-- "Você está se divertindo com isso, não é?" -- Venom questionou.

-- "Mas é claro que eu tô me divertindo, ele vive pegando no meu pé desde que a minha fama como vigilante cresceu, é um bom momento pra esfregar na cara dele de que ele nunca vai conseguir me capturar!"

-- Me responda! -- ele gritou, estava irritado como sempre.

-- Tá bom, calma! -- disse enquanto mantia meu sorriso debochado no rosto. -- Eu tô na UA porque o diretor me quer lá, em outras palavras, você não pode mais tocar em mim, Endevor. Nossa brincadeira de pega-pega acabou.

Eu ri baixo enquanto via sua expressão ficar pior ainda, então simplesmente passei do seu lado e segui reto ainda com o meu sorriso, mas o mesmo logo sumiu quando um pensamento passou pela minha cabeça e eu logo comecei a tremer. Assim que eu sumi do campo de visão do Endevor, eu me escorei na parede para não cair no chão, eu estava tremendo e não sabia exatamente o porquê. Malditas lembranças!

-- "Você anda muito estável ultimamente, garota." -- Venom observa.

-- É temporário, eu logo vou voltar ao normal.... -- responde de forma ofegante.

-- "Você precisa ter cuidado com isso, tem sorte que o Carnificina tá dormindo, não é uma boa ideia deixar ver que esse tempo que você está passando com os pirralhos está te deixando fraca."

Se Carnificina ver que eu estou frágil mentalmente a esse ponto, ele vai se aproveitar da situação e tentar assumir o controle para fazer o significado da sua existência: carnificina. Eu sou tudo o que impede que o Carnificina fique fora de controle, nem mesmo o Venom consegue segurar ele. Eu logo me acalmei e segui andando, estava indo em direção a sala de espera da 1-A, nem sei quanto tempo passou durante o meu pequeno ataque, provavelmente apenas alguns segundos, mas isso não importa mais agora.

Eu logo cheguei lá e me sentei em uma cadeira, coloquei meus pés em cima da mesa e fiquei encarando o teto de forma pensativa. Voltar a ter contato com outras pessoas novamente realmente está abalando tudo o que eu construí, mentalmente, em todos esses anos em que fiquei sozinha com os Simbiontes, isso pode ser um problema futuramente.

A Vigilante (Boku No Hero)Onde histórias criam vida. Descubra agora