13

102 19 13
                                    

Curiosidade sobre a música: Atlantis é sobre perder a inocência, a transição da infância para a vida adulta (muita gente acha que é sobre um relacionamento fracassado, mas o próprio cantor já explicou que é uma declaração dele para ele mesmo criança). Então eu acho que cabe muito bem nesse capítulo.

》 》 》 》 》

Flashback on (Louis 14 anos)

Vem, Lou! A senhora Felton nunca deixa a gente ir nadar, eu não acredito que logo hoje você deu pra ser um bobão antissocial!__ Kim puxou o pé do amigo que estava deitado de lado em sua pequena cama de aço chumbado.

Na verdade Louis não era o mesmo há semanas, a única hora em que saia do quarto era quando todos já estavam deitados. Normalmente ele assaltava a geladeira do refeitório para não ficar de estômago vazio e tomava banhos rápidos sem fazer muito barulho.

Ele não tinha mais medo das madrugadas. Na verdade passava a maioria delas acordado em completa apatia olhando para o teto.

Não tinha mais vontade de brincar com as meninas, nem cuidar do jardim do orfanato que estava fadado a morte já que ele era o único que regava as flores e arrancava as ervas daninhas.

Quando foi deixado completamente quebrado e machucado no chão de uma cabine no banheiro dos ômegas com o pijaminha amarelo sujo de sangue há 3 semanas, ele passou a noite ali tremendo com o rosto colado no azulejo úmido enquanto chorava e continuava implorando para que parasse mesmo que já estivesse sozinho.

No dia seguinte, quando acordou com a movimentação no banheiro, conseguiu levantar se apoiando nas paredes da cabine e ligou o chuveiro arrancando o pijama. Durante o banho, esfregou todo o corpo com as próprias unhas tentando tirar a sujeira psicológica que havia ali. Lavou suas partes com dificuldade soltando algumas lágrimas quando a água caiu vermelha e sentiu como estava ferido. 

Quando reconheceu a voz de Kim, disse a ela que tinha esquecido suas roupas e a pediu para buscar. Louis vestiu o uniforme do orfanato que a amiga lhe entregou pela porta e saiu passando rapidamente por ela mesmo sentindo todo seu corpo doer. Foi até a lixeira mais próxima e sem que ninguém percebesse jogou o pijama nela.

Os dias seguintes foram de completo terror nos sonhos do ômega até que ele decidiu simplesmente não dormir mais. Havia emagrecido, se sentia doente e fora do próprio corpo.

__Lou, você precisa me dizer se há algo de errado.__ Kim murmurou num tom triste deixando o ânimo de lado quando o pequeno não reagiu.__ Eu fiz alguma coisa que te magoou? Você mal fala, não almoça e nem brinca comigo. Eu sinto muito se te chateei.__ A morena lamentou e o pequeno a olhou se sentindo culpado.

__Não, não, Kim! Você não fez nada. Escute, vamos nadar sim? Só vou pegar minha bermuda.__ Disse se levantando.

//

Ele seguiu Kim pelo pátio para encontrar os outros. A reitora cedeu em levá-los para nadar em um lago próximo há alguns quilômetros dali, então eles iriam no velho ônibus escolar.

Se posicionaram na fila esperando a inspeção dela.

__Ela tem mesmo que fazer isso todas as vezes?__Kim sussurrou enquanto assistia a senhora beta carrancuda girando e farejando todos os alunos.

__É o mais seguro. Imagine alguém estar próximo a um cio e fora do orfanato. Os superiores vão ter um trabalho danado.__ Tomlinson sussurrou de volta e se calaram esperando a vez deles.

A medida que os alunos iam se acomodando no ônibus, a fila andava. Kim foi primeiro e colocou o rosto para fora da janela fazendo caretas enquanto a senhora farejava Louis que soltou um risinho silencioso, mas logo parou quando as mãos da reitora se apertaram mais em seus ombros.

Ele levantou os olhos para a senhora que tinha os seus arregalados e a boca aberta.

__Steven, leve os garotos.__ Ordenou para o assistente beta que entrou no ônibus.__ Senhor Tomlinson, você vem comigo já!

O pequeno soltou um murmurio de confusão enquanto era arrastado pelo braço pela mais velha que entrou novamente pelos portões do orfanato e atravessou o jardim obrigando o menino a quase correr para acompanhar seu puxão. Ao invés de entrar no prédio principal, ela deu a volta pelo jardim morto indo para a ala de enfermaria.

__Taylor, Yolanda!__ Gritou empurrando o menino para se sentar em uma maca ali. Assim que as duas enfermeiras entraram, elas encararam a reitora e logo depois o ômega trocando olhares.

A Sra. Felton estava visivelmente nervosa com as sobrancelhas franzidas e a expressão dura sobre Louis.

__Como pôde, garoto?__ Bravou.

__O-o que? Eu não fiz nada!__ O ômega abaixou a cabeça intimidado sem entender.

__Não fez nada?__ Ela gritou fazendo a criança se encolher assustado.__ A semente em seu ventre foi fruto de um nada, menino?

O menor enrijeceu o corpo arregalando os olhinhos azuis e sentiu o estômago embrulhar enquanto todo seu corpo arrepiava.

Não podia ser!

__O-o que?

__Não se faça de inocente, Tomlinson! As regras dentro dessa instituição são claras e nós fornecemos todos os métodos contraceptivos para os ômegas que se voluntariam nos ruts ou entram em heat. Você foi um irresponsável!

__E-eu não fui voluntário, eu tomo supressores-n-não entrei em heat....__ disse desesperado com os olhos já transbordando. Ele começou a hiperventilar olhando para as três mulheres sem conter os soluços.

__Então me explique! Eu reconheço o cheiro de um ômega grávido e nós três aqui concordamos que você está.__ Disse duramente sem se sensibilizar com o estado do pequeno.

__M-Marcus...__ foi a única coisa que disse.

__Marcus Walsh? Ele foi liberado há quase um mês!__ A reitora divagou entre os acontecimentos envolvendo Marcus e se lembrava de que Louis já havia se queixado do assédio constante do maior. Na época ela lidou com isso de forma superficial. Apenas advertindo Marcus e dizendo que entendia seus instintos, mas que devia ser mais cortez para conquistar alguém.

Ela balançou a cabeça para si mesma e gesticulou para as outras duas a seguirem até um sala ao lado.

__Fique onde está garoto.__ Mandou fechando a porta.

Aquilo não parecia real, na cabeça de Louis só podia ser algum tipo de pesadelo. Ele soluçava e engolia algumas lágrimas que o faziam engasgar e tossir enquanto segurava forte na beirada da maca com os pezinhos pendendo para fora.

Seu peito queimava e ele sentia seu pequeno lobo o pedindo para simplesmente correr dali e se esconder.

__Eu sou uma criança.__ Sussurrou para si mesmo em meio ao choro. Ele arrastou os dedos até o ventre exitante e levantou um pouco a blusa de uniforme.__ E tem outra aqui?

Flashback off.

》 》 》 》 》

Me perdoem pelo peso desse cap. Acreditem, foi muito difícil pra mim escrever isso. Mas foi necessário pro desenvolvimento da história. Poor Lou :'(







APRICITY {ABO L.S}Onde histórias criam vida. Descubra agora