Dilema

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  Hur entrou no escritório de Don depois de bater na porta e ouvir um entre educado. 

  Don sempre foi muito educado, todos os quíntuplos eram, na verdade eles eram os modelos de donos perfeitos e desejáveis. Colegas de escola caiam aos montes ao seu redor lhe perguntando por todo o ensino médio como conquistar um dos Xiao e em como era possível ele, um todo ninguém e Fiat, um problemático, serem tão próximos das estrelas supremas elevadas ao pedestal que significava os quíntuplos filhos do reitor. 

  Ele nunca teve a resposta.  

  Só sabia que era impossível para si negar algo aos quíntuplos, especialmente ao Don. Sempre foi assim desde sua infância, havia aquele elo de confiança inquebrável e aquela aura de poder e ordem ao redor dele que era como uma vela para os seus sentidos. Sentia que havia mais entre eles do que pet e dono honorário, mas nunca conseguiu dar nome. Fiat achava simplesmente uma afinidade inexplicável que gerava todos aqueles sentimentos entre eles e os quíntuplos, mas dentro do seu coração Hur sempre sentiu que fosse mais. 

  Só não sabia o que significava aquilo.  

  Sentia que queria tudo de melhor aos cinco irmãos, queria poder ajudá-los no que pudesse, queria ser o seu melhor, mesmo não sabendo se expressar direito.  

  E não se cabia de gratidão agora também, afinal os quíntuplos lhe permitiram fugir do que não queria em hipótese alguma: Ir para alguma Vila de proteção aos pets e esperar por um novo dono, não ser obrigado a viver nem mais um dia desnecessário no mundo dos comuns e lhe prometeram que nunca, jamais, seria um pet de um casamento poligâmico. Lhe deram casa e segurança após um divórcio que seus pais, como já esperava, não apoiaram, lhe dando lar e tempo. 

  Ele só queria retribuir com tudo de si aquela benfeitoria astronômica. 

  Eles não tinham nenhuma obrigação sobre ele mesmo que dissessem que tinham. 

  Os quíntuplos eram naturalmente bons... E o fato dele sentir coisas a mais por Donghun só significava que tinha que ser ainda mais um pet melhor para ele. Porque era isso o que deixaria seu coração mais aliviado. 

  Sorriu quando Don se ergueu da cadeira elegante atrás da escrivaninha e veio para si apontando a caminha de gato que ficava ao canto do escritório e que Hur sabia, foi colocada lá para ele desde que chegou no edifício dos quíntuplos. 

— Relaxe, o assunto pode ser um pouco longo. 

— Claro, amo. 

  Hur foi, se sentou com as pernas cruzadas e observou aquele homem todo imponente se sentar ao seu lado, no chão, sem cerimônias.  

  Ele sabia que era uma das pouquíssimas pessoas que tinham o privilégio de ver Don se sentar no chão, mas ele e Fiat viam isso com certa regularidade já que ele dizia que coisas importantes deviam ser ditas olho no olho. E para Xiao Donghun, ele é quem devia se sentar no chão e não seu pet em algum lugar alto e desconfortável. 

— Hur, em breve faremos vinte e cinco anos e não teremos mais como fugir de um casamento – Hur se sentiu congelar com as palavras, mas não o interrompeu, ele tinha esquecido das leis e diretrizes da OMMP ao longo do tempo, mas havia regras que eram impossíveis de se esquecer e as obrigações de um dono eram algumas delas, afinal a OMMP existe para que haja donos capazes que sejam úteis a suas obrigações ou seja, cuidar, amar, proteger e assegurar o modo de vida pet.  Vinte e cinco anos era a idade limite para um dono que nasceu na OMMP assumir um pet – Sendo assim temos uma situação limite, eu e meus irmãos - Don ergueu a mão e tocou a sua sobre seu joelho – Eu prometi que seria o único pet para nós até que se decidisse pelo que faria, mas um de nós precisa ao menos se casar para que os olhos saiam da nossa direção, já que você foi aceito como pet de companhia e não pet consorte e portanto não significa um relacionamento dono/pet válido aos solteiros. Não quero que meus irmãos se casem sem amor, afinal somos tendenciosos a monogamia e isso já está documentado nas especificidades do nosso perfil, assim se fomos compartilhar, teríamos de convencer o conselho que aconteceu de dois ou mais de nós amarmos o pet em questão, porém isso também esbarra em nossas escolhas sexuais já que dois de nós são gays, dois heteros e um bi. Veja, temos uma situação bem delicada e com uma regressiva difícil para os próximos dias. Minha mesa está cheia de pedidos de encontros aos quais não posso mais recusar. Sendo assim e para o bem dessa família eu decidi me casar. Ao menos você ainda terá quatro lares só seu e se for demais, eu retiro meu pedido de dono sobre você para não te sufocar e... 

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