Crônicas de Dumbria: A Caçada Real

CAPÍTULO I - Então vamos Caçar

                                                                   Ano 585

        — O que vocês acham de uma história enquanto esperamos o resgate? – disse o bardo que estranhamente havia chegado no abrigo a algumas horas.

        — Seria ótimo uma de suas histórias nobre bardo, neste momento incerto – falou uma mulher com a voz triste, cansada e com uma criança nos braços. O bardo a reconheceu, era a mulher de alguns anos atrás que brigou com o menino estérico na taverna enquanto ele contava a história da pena mágica.

        — Ótimo, se acomodem como poderem, esqueçam o que está lá fora e prestem atenção em mim, vou contar uma história antiga, aconteceu no ano quinhentos e cinto, logo depois da fundação do nosso querido Reino de Dumbria – disse enquanto observava as pessoas se acomodarem dentro do salão subterrâneo grosseiro que estavam, provavelmente feito as pressas para abrigar refugiados.

        “Como vocês lembram e sabem, antes deste continente se tornar um reino ele era uma terra sem lei, aonde monarcas ricos e com mais terras governavam como queriam, a terra era desolada neste tempo e havia muita injustiça entre os humanos. Nestes tempos difíceis um jovem nasceu para mudar o rumo da história, seu nome era Thadeus e ele tinha um destino grandioso pela frente.”

        “A maioria conhece a história de Thadeus, não vou conta-la hoje, mas saibam que este jovem mago viveu coisas terríveis e também coisas adoráveis, teve uma vida repleta de desafios, incertezas e amor, mas ele se tornou o maior mago da terra e acabou com a era monárquica, edificando assim o reino de Dumbria e sua cidade central Angranadhi, mas o mago não queria ser Rei e por isso deu o título de Rei para um velho amigo, o monarca Arthur, que promoveu a batalha pelo item dos desejos, fazendo assim Thadeus pedir como desejo ter a sua irmã de volta, muitos o julgaram por sua decisão, afinal ele poderia ter pedido qualquer coisa, riqueza, poder, sorte, enfim qualquer coisa, mas nada disso interessava a ele, o que lhe interessava era ter sua amada irmã de volta, por fim ele conseguiu sua irmã utilizando o desejo e se tornou poderoso e rico do mesmo jeito.”

        — Lembro-me dessa história, quando você a contou lá na cidade de pedra, éramos felizes, tínhamos fartura de alimento e na maioria das vezes paz... Hoje estamos racionando comida, vivendo escondidos sem saber o que vai acontecer nas horas seguintes, a paz é algo que eu queria sentir de novo, poder sair, ir nos campos, visitar amigos e familiares nas vilas – disse a mesma mulher, olhando para cima pensando em cada detalhe que ela mesma estava falando – Que saudade – concluiu.

        — Não se preocupe, vamos ser positivos, o reino de Dumbria sobreviverá de novo a está ameaça, os caçadores vão exterminar quem quer que seja que está fazendo isso e nós vamos voltar a viver tempos bons novamente – indagou um senhor cego que estava sentado em um canto, seus olhos vagueavam pelo salão sem rumo.

        — Não vamos nós preocupar com o que está lá fora, nem com o tempo que estamos vivendo, escutem e mergulhem na história, tudo vai ficar bem – disse o bardo fazendo gestos exageradamente positivos e continuou a contar a história.

        “O reino foi fundado no ano quinhentos e se passaram cinco anos sem grandes mudanças e ameaças, todo o ano o rei promovia o que ele chamava de caçada real, aonde ele e sua guarda pessoal iam até uma floresta de Dumbria e caçavam o dia inteiro, toda caça conquistada era amontoada em carroças e distribuída pelas vilas e cidadelas mais pobres, era uma forma de ajudar os necessitados, e nessas caçadas ele conseguia abater grandes quantias de animais, o que servia de alimento por um bom tempo entre povos mais desprovidos.”

        “Este ano não seria tão diferente, a não ser por uma nova integrante que os acompanharia, Caiella era como se fosse uma diplomata de outro continente, não podia a chamar de diplomata porque Dumbria foi o primeiro continente a se erguer como um reino, então vamos dizer que ela era filha do homem mais importante e rico de lá. Ele a enviou para entender como Dumbria estava, analisar se era possível viver da forma que estavam vivendo.”