CAPÍTULO III - ALGO INESPERADO

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        — Malthas e Astrid foram vistos limpando a área perto daqui, se preparem pois a qualquer momento teremos que sair – alertou um vigia que adentrou pelo corredor.

        Um misto de sentimentos percorreu em diversas pessoas do salão, alguns sorrindo aliviados dizendo que sobreviveram, outros chorando pelo mesmo motivo, as mães e pais abraçando seus filhos e esperança pôde ser contemplada no rosto de cada pessoa, o bardo ficou feliz com a notícia e mais feliz ainda com as pessoas que teriam uma chance de sobreviver mais um pouco.

        — SILÊNCIO – bradou Clarck alto suficiente para todos ouvirem mas não tão alto para ser escutado lá de fora – eles ainda não chegaram, e o que está lá fora pode nos ouvir e nos encontrar antes deles, sei que é um ótimo momento, mas precisamos comemorar com cautela – finalizou.

        Todos abaixaram o tom da comemoração, sabiam que Clarck não tinha feito isso por maldade e sim por pura precaução, de fato as comemorações tinham ido longe e alto de mais e todos entenderam o quão perigoso isso era.

        — Enquanto eles não Chegam, podemos continuar a história para nos distrairmos? – questionou o bardo.

        Todos se aquietaram e dividiram a atenção entre o bardo e o corredor, esperando o resgate aparecer, e ele sabia que essa era a deixa para continuar a história e então continuou.

        “A guarda real seguia o Rei de perto pela floresta, o que quer que tenha corrido ainda não tinha sido encontrado, mas todos tinham ouvido e o rastreador do Rei sabia que estava o seguindo, parecia um servo muito veloz.”

        — Para onde ele foi? – questionou o Rei para Acan o rastreador.

        — Meu Rei, os rastros estão frescos, o animal parou de correr desesperadamente e está bem próximo, alguns metros afrente naquela direção parece ter um rio, creio que ele está lá bebendo água – Explicou Acan apontando para uma direção um pouco a direita de onde estavam seguindo.

        — Vamos com calma, agora a gente pega esse safado – Falou o Rei andando abaixado e fazendo o mínimo de barulho possível.

        Todos imitaram o gesto, se abaixaram e o seguiram com cautela, Caiella era extremamente boa em se mover sem fazer barulho, melhor do que todos os guerreiros que estavam ali e seguia o rei de perto.

        — Que facilidade, mal posso ouvir seus passos – sussurrou Fhenrir atrás da garota.

        — Não, não é que você mal pode ouvir, você NÃO pode ouvir – devolveu Caiella em sussurro – no meu continente nós precisamos se mover sem fazer barulho o tempo todo, qualquer deslize chamamos a atenção indesejada e morremos – encerrou.

        — Entendo, sinto muito por isso.

        — Não precisa, é uma ótima habilidade que adquiri, tudo tem seu lado bom – Caiella falou com um sorriso que transmitia mais tristeza do que alegria.

       “O Rei parou abruptamente e todos param no mesmo instante, logo a frente era possível ver o animal bebendo água, era adulto e grande, com uma bela galhada na cabeça.”

        “Ele posicionou o seu arco, a flecha já estava na corda pronta para ser lançada em direção ao seu alvo, Arthur demorou um pouco para atirar, ele não gostava de deixar o animal ferido e sim matar instantaneamente para não sofrer com ferimentos, e isso exigia uma concentração maior, obstáculos no caminho, vento, tração utilizada, posição do arco, segundos de reação, movimentos seguidos da reação e ponto vital do animal, todos calculados com precisão antes da flecha ser disparada... No momento em que a corda foi solta e a flecha disparou o animal teve uma reação instintiva tentando correr para sua direita, mas este movimento já havia sido calculado pelo experiente Rei e caçador, e flecha perfurou profundamente no lado do corpo do cervo, tão profundo que atingiu seu coração, fazendo-o morrer na mesmo hora e assustando algumas espécies de pássaros que estavam a volta, que voavam e “gritavam” como se protestassem tal ação.”  

Crônicas de Dumbria: A Caçada RealOnde histórias criam vida. Descubra agora