Without Me • BlackTodd

One Shot

Senti o cano frio da arma na minha cabeça, um sorriso sarcástico tomou meus lábios, nossos olhos se encaravam, uma lágrima solitária descia pelo rosto do meu antigo amigo de infância.

Ri baixo, arqueei a sobrancelha o desafiando, a encerrar isso, de uma vez.

— Me mate. —As palavras saíram como um afago, baixo, rouco, direto.

Todd arregalou os olhos, o cano da arma tremeu, com sua mão.

— Black...

— Atire.

Percebi quando ele prendeu a respiração, talvez na mente dele agora corresse aquele nosso passado conturbado e esquecido, pelos últimos acontecimentos, que nos levaram a essa batalha de vida e morte interminável.

Eu estava disposto a morrer pelo meu ideal.

Eu estaria disposto a morrer pelas mãos do meu, agora maior inimigo.

— Faça como você fez antes! —Acusei, sabendo que isso seria como uma agulha afiada em seu coração.

Outra lágrima, ele engoliu em seco, se aproximou. Seu olhar mudou, assumindo aquela sombra carinhosa que eu costumava conhecer.

Aquele curto segundo em que nos encaramos em meio aquela pistola, contava todos os nossos segredos em voz alta:

— Se eu pudesse, você não estaria em pé na minha frente.

O olhar dele desceu para minha boca, lambi o lábio inferior automaticamente, me arrependendo no exato momento que ele mordeu o dele.

Que porra.

Talvez, o peso daquelas palavras, ouvida por alguém que não sabe o que houve entre nós seja totalmente diferente. Você é meu melhor amigo, ele murmurou.

Mas o que realmente saiu de sua boca era a frase que só eu conhecia.

Eu ainda te amo.

Minha reação foi avançar um passo em direção a arma e ao Todd.

— Termina logo com isso. — Gritei segurando a sua mão sob a arma.

Ele respirou fundo fechando os olhos, usei esse curto momento de distração para finalmente puxar a arma da sua mão, embora ele sequer tenha se mexido, eu agora recuei um pouco apontando a arma no seu peito.

Meu velho amigo, balançou a cabeça assentindo.

— Se você pudesse voltar no tempo, teria ido até o fim? Não se arrepende que eu esteja vivo?

Um breve silêncio separou o momento em que ele deu dois passos em minha direção, comprimindo a arma em minha mão no seu próprio peito. Os olhos agora me queimavam como fogo, ardendo em uma declaração muda.

— Eu nunca me arrependeria, de ter salvo você.

Então, como se uma luz apagasse na minha consciência, meus olhos se arregalaram e eu senti o exato momento em que meu rosto mudou daquela máscara de ódio projetada, para o olhar de um idiota apaixonado.

Céus, o idiota apaixonado.

— Eu nunca machucaria você.

— Não seja ridículo, você me machucou.

— Você quis ir embora.

Subitamente eu percebi, a pauta entre nós deixou de ser negócios inacabados, e virou sobre aquele passado distante.

— Do que você está falando Todd?

— Você sabe do que eu estou falando.

Escolhi ignorar isso antes que saísse do meu controle.