Capítulo 8

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Hesitação preencheu os olhos do jovem rapaz

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Hesitação preencheu os olhos do jovem rapaz. A melodia voltou a tocar, seduzindo-a ao encontro dele. Um lado seu queria ceder aos desejos e o outro queria se livrar imediatamente do intruso.

— Dançarina Dourada? — sussurrou o soldado que levantada desatordoado, olhava-a como se visse um fantasma.

Aurora piscou lentamente. Deixando a espada mais firme contra o pescoço do rapaz, observou o soldado. Aquele nome soava estranho a seus ouvidos.

— Não! Ela já está morta a muito tempo — soltou uma risadinha. — Poder matar você, vai ser como se eu matasse sua mãe — pegou a espada.

Aurora respirou fundo, sentiu cheiro de enxofre, café e terra molhada, exalar do soldado. O mesmo odor que se encontrava no sangue derramado em sua mãe. Poderia não ser o mesmo homem, contudo, sua essência sanguínea denunciava ser um descendente daquele homem nojento.

Ver aquele sangue andando por suas terras novamente, pisando a neve que pertencia a seu povo, começou a aquecer algo dentro de si.

— Parece que vocês, como poderia dizer... — disse num tom calmo e inocente. — Estrumes ainda podem procriar.

— Claro que podemos procriar! Somos como cavalos.

— Cavalos? Desculpe, mas eu não acho que deva ofender os animais — sorriu.

Firmou mais a lâmina abrindo uma linha fina no pescoço do jovem loiro por ele tentar se mexer, sem tirar os olhos do soldado.

— E vocês, elfos, mal conseguem se reproduzir. Nós temos um reino cheio, lotado. Miraz mesmo, acabou de ter seu filho homem. Seu herdeiro. — Abaixou a espada ao gabar-se.

— Seu reino parece ser tão...animado.

— Temos muitos soldados!

— Soldados que tudo o que sabem fazer é procriar. Nos, sabemos nos divertir, não precisamos de filhos para provar que somos bons na cama.

— Sua...! — Aurora sorriu ainda mais ao ve-lo olhar diretamente para ela. — Minha deusa — disse docemente.

— Soldado mais imundo do mundo, gostaria que fizesse algo para mim.

Voltou sua atenção ao rapaz abaixo de si, quase roxo de frio. Ele a observava de um modo que a fazia se sentir nua.

— Tudo o que quiser minha Rainha — jogou-se ao lado do corpo de Pedro, fazendo-o quase cortar o próprio pescoço com o susto..

— Vá para trás daquela árvore e se mate em silêncio.

— Imediatamente. — O soldado saiu correndo para acatar seu pedido.

— Quem é você? — voltou a sua expressão vazia.

— Eu.. me chamo Pedro Pevensie — respondeu, Aurora pode sentir uma leve vibração na voz dele e o pequeno intervalo quase imperceptível.

— Ok, Pedro. Continue seu caminho com cuidado.

Sem saber por qual razão ou motivo, se afastou, jogou a espada para longe e voltou em direção a onde estava.

Pedro se levantada duro, cada movimento parecia ser como levantamento de peso. Tentava processar tudo o que havia acabado de acontecer. Seu estômago embrulhou ao ver o sangue que escorria pela neve saindo da árvore. Não conseguia entender como havia chegado naquela situação. A mulher/elfa que se afastava, fazia jus ao que o Caça-trufas havia dito. A raiva que sentiu pulsando em sua mão, não combinava com a expressão em seu rosto. Três soldados, em menos de dois minutos ela derrubou dois e um brincou até faze-lo se matar sozinho.

Ainda bem que sou casado com ela, pensou. Porém, logo estranhou o próprio pensamento. Calor preencheu seu corpo. Levantou-se rapidamente, aos tropeços foi atrás dela. A mulher de orelhas pontudas, pele clara e cabelos tão branco quanto a neve. Ao olhar as vestes dela, sentiu certa vergonha com as suas. Enquanto ela vestia roupas finas e andava com elegância sem demonstrar um pingo de frio, ele vestia o mais grosso possível de tecidos e mesmo assim ainda sentia um frio de arrasar.

Um arrepio percorreu sua espinha.

— Eu posso saber, o porquê está me seguindo? — virou-se para ele. — O gato comeu sua lingua?

— É que... você fala... diferente.

— Diferente? — arqueou as sobrancelhas. — Por acaso você nasceu na idade das pedras ou na época onde vovó era bolinha? Esquece! — disse abanando a mão no ar ao perceber que não havia entendido o que ela queria dizer.

— Posso saber seu nome?

— Posso saber o porquê está me seguindo?

— Eu... — Pedro deu alguns passos para trás.

— Sangue. Você está sangrando.

Apontou para um fino rastro de sangue na neve.

— Como não senti isso...? Venha. Vou o ajudar.

Ela queria entender como não tinha conseguido sentir o cheiro metálico do sangue. Saiu o arrastando até sua cabana. Pedro chegou a suspirar em alívio ao ver a cabana.

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⏰ Última atualização: Mar 15, 2022 ⏰

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