Hesitação preencheu os olhos do jovem rapaz. A melodia voltou a tocar, seduzindo-a ao encontro dele. Um lado seu queria ceder aos desejos e o outro queria se livrar imediatamente do intruso.
— Dançarina Dourada? — sussurrou o soldado que levantada desatordoado, olhava-a como se visse um fantasma.
Aurora piscou lentamente. Deixando a espada mais firme contra o pescoço do rapaz, observou o soldado. Aquele nome soava estranho a seus ouvidos.
— Não! Ela já está morta a muito tempo — soltou uma risadinha. — Poder matar você, vai ser como se eu matasse sua mãe — pegou a espada.
Aurora respirou fundo, sentiu cheiro de enxofre, café e terra molhada, exalar do soldado. O mesmo odor que se encontrava no sangue derramado em sua mãe. Poderia não ser o mesmo homem, contudo, sua essência sanguínea denunciava ser um descendente daquele homem nojento.
Ver aquele sangue andando por suas terras novamente, pisando a neve que pertencia a seu povo, começou a aquecer algo dentro de si.
— Parece que vocês, como poderia dizer... — disse num tom calmo e inocente. — Estrumes ainda podem procriar.
— Claro que podemos procriar! Somos como cavalos.
— Cavalos? Desculpe, mas eu não acho que deva ofender os animais — sorriu.
Firmou mais a lâmina abrindo uma linha fina no pescoço do jovem loiro por ele tentar se mexer, sem tirar os olhos do soldado.
— E vocês, elfos, mal conseguem se reproduzir. Nós temos um reino cheio, lotado. Miraz mesmo, acabou de ter seu filho homem. Seu herdeiro. — Abaixou a espada ao gabar-se.
— Seu reino parece ser tão...animado.
— Temos muitos soldados!
— Soldados que tudo o que sabem fazer é procriar. Nos, sabemos nos divertir, não precisamos de filhos para provar que somos bons na cama.
— Sua...! — Aurora sorriu ainda mais ao ve-lo olhar diretamente para ela. — Minha deusa — disse docemente.
— Soldado mais imundo do mundo, gostaria que fizesse algo para mim.
Voltou sua atenção ao rapaz abaixo de si, quase roxo de frio. Ele a observava de um modo que a fazia se sentir nua.
— Tudo o que quiser minha Rainha — jogou-se ao lado do corpo de Pedro, fazendo-o quase cortar o próprio pescoço com o susto..
— Vá para trás daquela árvore e se mate em silêncio.
— Imediatamente. — O soldado saiu correndo para acatar seu pedido.
— Quem é você? — voltou a sua expressão vazia.
— Eu.. me chamo Pedro Pevensie — respondeu, Aurora pode sentir uma leve vibração na voz dele e o pequeno intervalo quase imperceptível.
— Ok, Pedro. Continue seu caminho com cuidado.
Sem saber por qual razão ou motivo, se afastou, jogou a espada para longe e voltou em direção a onde estava.
Pedro se levantada duro, cada movimento parecia ser como levantamento de peso. Tentava processar tudo o que havia acabado de acontecer. Seu estômago embrulhou ao ver o sangue que escorria pela neve saindo da árvore. Não conseguia entender como havia chegado naquela situação. A mulher/elfa que se afastava, fazia jus ao que o Caça-trufas havia dito. A raiva que sentiu pulsando em sua mão, não combinava com a expressão em seu rosto. Três soldados, em menos de dois minutos ela derrubou dois e um brincou até faze-lo se matar sozinho.
Ainda bem que sou casado com ela, pensou. Porém, logo estranhou o próprio pensamento. Calor preencheu seu corpo. Levantou-se rapidamente, aos tropeços foi atrás dela. A mulher de orelhas pontudas, pele clara e cabelos tão branco quanto a neve. Ao olhar as vestes dela, sentiu certa vergonha com as suas. Enquanto ela vestia roupas finas e andava com elegância sem demonstrar um pingo de frio, ele vestia o mais grosso possível de tecidos e mesmo assim ainda sentia um frio de arrasar.
Um arrepio percorreu sua espinha.
— Eu posso saber, o porquê está me seguindo? — virou-se para ele. — O gato comeu sua lingua?
— É que... você fala... diferente.
— Diferente? — arqueou as sobrancelhas. — Por acaso você nasceu na idade das pedras ou na época onde vovó era bolinha? Esquece! — disse abanando a mão no ar ao perceber que não havia entendido o que ela queria dizer.
— Posso saber seu nome?
— Posso saber o porquê está me seguindo?
— Eu... — Pedro deu alguns passos para trás.
— Sangue. Você está sangrando.
Apontou para um fino rastro de sangue na neve.
— Como não senti isso...? Venha. Vou o ajudar.
Ela queria entender como não tinha conseguido sentir o cheiro metálico do sangue. Saiu o arrastando até sua cabana. Pedro chegou a suspirar em alívio ao ver a cabana.
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A Última Elfa
FanfictionFANFIC DE PEDRO PEVENSIE Ao receber uma de ir atrás de uma pessoa que não passava de uma lenda não estava nos planos de Pedro. Como se ele já não tivesse problemas de mais em seu mundo com sua mãe querendo que ele se casasse agora ele se...