Capítulo 14

191 32 8
                                    

Capítulo 14

Pablo

Ser guarda-costas particular de uma família intensamente privada tinha suas vantagens e desvantagens. Uma das desvantagens era estar a par de conversas que eu realmente não gostaria de ouvir. Especialmente quando essa conversa se centrou em torno da única pessoa com quem eu me importava romanticamente.

Estebán e Danilo estavam discutindo a maior parte da manhã, na limusine e na espera entre reuniões dos diferentes negócios da matilha pela cidade. Eu estava realmente começando me distrair como técnica para não prestar atenção ao que era falado.

Eu nem sabia o porquê eles estavam discutindo. Ambos pareciam contra a mudança de planos. Não importa como eu o visse, Vítor estava certo. Eu não tinha o direito de dizer a ele o que fazer com a vida dele, mesmo que eu pudesse ver que ele estava fazendo merda. Mesmo que ele estivesse fazendo merda apenas para me atingir.

Pelo menos os Marcarter tinham ido embora. Por enquanto. Eu sabia que teria que passar muito tempo com Angela agora que não tinha o fator "enrolação" do Zeca. Não havia razão para Vítor adiar. Não quando ele estava com pressa de dar o dedo do meio para todos nós.

Depois que Estebán partiu para fazer o que quer que sua agenda exigisse, agora que ele tinha uma farsa de casamento para planejar, me vi sozinho com Danilo. Ele costumava ser tagarela, mas nós dois ficávamos em silêncio no metrô. Ele ainda tinha o costume de andar de metrô para pensar melhor. Eu não me preocupei em perguntar aonde estávamos indo e também não tinha certeza se ele sabia. Ele apenas olhou para fora da janela em pensamento profundo, e eu não ia ser o único que quebraria sua concentração.

— Por que você acha que ele fez isso? — Danilo perguntou. A questão surgiu do nada, então eu olhei de surpresa.

— Oi?

— Por que você acha que Vítor concordou em ter Angela como sua companheira?

Dei de ombros, tentando não trair o quanto o assunto me deixava furioso. — Eu suponho que ele fez pela mesma razão que ele faz todo o resto. Ele pensou que iria irritar alguém, talvez que ele conseguisse algo que ele quisesse. Talvez ele não tenha realmente um bom motivo.

— Humm.

— O que?

— É só que eu achei que você o conhecia melhor do que ninguém — disse o ômega com tristeza. — Eu acho que nenhum de nós realmente o conhece. Eu certamente antecipei esses fatos.

— O que você quer dizer?

Danilo me estudou por um momento antes de responder: — Zeca e Leonard são companheiros destinados e Zeca sabe disse desde quando veio aqui pela primeira vez há cinco anos.

Eu podia sentir meu rosto drenar de cor. — Você está falando sério? — Algo mais me ocorreu. — Vítor não disse nada...

— Ele não sabia até muito recentemente. Estebán achou que era melhor assim — ele disse de uma forma que deixou claro o que ele achava da opinião de seu companheira sobre o assunto. — Então, isso aconteceu. Talvez você pense que é uma coincidência, mas eu certamente não penso isso.

— Não. — Eu senti como se estivesse engasgado com ar. — Eu não acredito que seja.

— Eu só estava esperando que você soubesse alguma coisa. Alguma outra razão para ele fazer isso.

Eu balancei a cabeça. Era uma mentira, mas não inteiramente. Percebi agora que a suposição de que ele só estava fazendo isso para se vingar de mim era arrogante, beirando a narcisismo. Se alguma coisa, eu estava começando a ter a sensação de que minhas palavras naquela noite resolveram a única coisa que o estava segurando.

Abrace-me (Lobos de São Paulo #3) CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora