Capítulo 21

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Capítulo 21

Vítor

Se houvesse duas coisas na vida que eu agora sabia serem inevitáveis, elas eram a dor e a preocupação constante da minha mãe de criação. Ela insistiu em voltar depois da minha cirurgia, e agora que todos sabiam quem era Pablo para mim, eu sabia que teria uma palestra do tipo 'você deveria ter me contado'.

Naquela manhã, ela insistira para que Danilo e Zeca se juntassem a nós para o café da manhã no terraço. Por que ela queria estar perto do homem que Estebán escolheu para seu companheiro estava além do meu entendimento, mas pelo menos isso a distrairia.

Quando eles apareceram, Danilo parecia apropriadamente nervoso. Ele sorriu e beijou a mão dela de acordo com a etiqueta apropriada, já que ele se recusava a agir como um ômega. Ela o abraçou até a morte e deu as boas-vindas a Zeca tão calorosamente. Uma vez que ela nos sentou todos na mesa do pátio com chá e panquecas, ela começou a fazer perguntas. Ela era uma artista quando se tratava de hospitalidade, para não mencionar deixar todos à vontade e garantir que não houvesse silêncios constrangedores para preencher.

— Então, Zeca, eu soube que você está estudando direito?

— Esse é o plano — disse ele com um sorriso tenso. — Mas eu não tenho certeza se vou voltar para a escola ainda.

— Oh? — Minha mãe perguntou, ecoando a minha curiosidade. — Por que não?

Zeca olhou para sua comida, lançando um olhar culpado para mim. — É só que ... depois de tudo o que aconteceu, acho que o bando precisa de mim mais aqui. E Chris não vai esperar para sempre, então ...

— Chris? — Eu interrompi. — O que diabos ele tem a ver com você terminar a faculdade?

Zeca piscou. — Vítor, agradeço tudo o que você tentou fazer por mim, mas este foi um alerta.

— Por quê? — Eu exigi. — Nada mudou. Eu ainda estou comprometido com meu casamento com Angela Macarter e você vai voltar para o seu curso.

A mesa ficou em silêncio. Até Danilo não parecia saber o que dizer.

— Ví, você não pode pensar seriamente que eu vou deixar você tomar o meu lugar depois disso — disse Zeca, dando-me o mesmo olhar preocupado e paternalista que todos faziam naqueles dias.

— Você é muito pretencioso se acha que eu preciso da sua permissão pra fazer qualquer coisa — eu rosnei. — Eu fiz minha escolha. Está resolvido e o que aconteceu não tem nada a ver com isso.

Zeca olhou para o pai em busca de ajuda. Danilo limpou a garganta e disse — Ninguém aprecia o que você tentou fazer mais do que eu, Vítor, mas mesmo se você não estivesse machucado, você e Pablo ...

— E o que tem eu e Pablo? — Eu retruquei.

Jack voltou meu olhar com um tão duro e teimoso. — Você está com seu companheiro. Ele marcou você.

— Me marcou? Isso é o que você chama a mordida que ele só deu para salvar minha vida? — Eu ri, jogando meu guardanapo na mesa enquanto me levantei, pegando a bengala que eu tinha odiado no começo, até que percebi que era a única maneira de conseguir qualquer paz ou uma aparência de independência. Durante anos, pensei que era um intruso na matilha Zayas. Ser o objeto de sua pena era intolerável. Eu voltaria a ser invisível em um instante se eu pudesse e eu queria fugir da matilha agora mais do que antes. — Então é assim que todos vocês me veem agora, é? Eu sou praticamente humano e não posso lutar, então eu sou um ômega marcado e fodido que não consegue tomar suas próprias decisões?

Abrace-me (Lobos de São Paulo #3) CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora