Capítulo 2

260 35 20
                                    


Capítulo 2

Pablo

Ele olhou por cima do ombro com uma expressão vazia, seus cachos castanho-avermelhados selvagens e cheios de folhas. Ele tinha mudado em algum momento, e as roupas que ele usava eram obviamente roubadas. A polícia geralmente ignorava relatos de arrombamentos de lojas locais, se lhes dermos a razão, mas era cada vez mais difícil varrer o furto para baixo do tapete.

— O que você quer?

— Você sabe que seu pai está procurando por você. Ele está preocupado.

Ele franziu a testa e por um segundo, a culpa rompeu a rotina do cara durão. — Eu ia voltar antes que ele acordasse.

Eu sentei na borda ao lado dele, olhando para a água. — Você sabe, eu costumava passar por essa mesma merda com seu irmão. Eu tenho que dizer que ele era melhor nisso.

Ele me deu um olhar incrédulo, então decidi explicar. — Ele era o rei das fugas. E quando ele não queria ser encontrado? — Assobiei, sacudindo a cabeça. —Aquele garoto me deu o deslize por semanas uma vez.

— Isso é porque as pessoas realmente se importam se ele for embora.

— O que é que isso quer dizer? — Eu zombei. — Claro que nos importamos. Você acha que eu não tenho nada melhor pra fazer do que perseguir um pirralho mimado pela cidade a essa hora da madrugada?

Ele revirou os olhos. — Eu não sou parente de sangue deles.

— O que isso tem a ver com qualquer coisa, hum?

Ele me deu um olhar conhecedor. — Isso significa que eu sou dispensável. Zeca vai assumir o lugar de Estebán algum dia. Eu não sou ninguém.

— Você não precisa ser um alfa do bando para ser alguém — eu disse com firmeza. — E você não precisa ser sangue para ser família. Zeca não sabe quem era o pai dele e a mãe não era uma loba.

Os olhos de Sandro se arregalaram, como se ele estivesse surpreso por eu estar falando tão claramente sobre isso. Para ser justo, era um assunto delicado dentro da matilha.

A mãe de Danilo e Zeca era a cortesã de São Paulo, uma espécie de sacerdotisa e vidente. E ninguém sabia com certeza quem era o pai deles, ou mesmo se era o mesmo lobo. O título voltou à Madame Dalila por tempo indeterminado.

E teve Serena, a esposa falecida de Estebán. A mulher que traiu a matilha em todos os níveis, mesmo que essa traição tenha acabado levando a união dos dois. A mãe de Vítor era uma loba alfa que havia destruído toda a sua vida em busca de seus próprios fins egoístas, mas sua traição e sua morte fizeram deles uma família. Uma família estranha, talvez, mas unida. Inquebrável

O tipo de família que eu tive uma vez. A família que foi tirada de mim.

— Você não é mais uma criança — eu comentei. — É a idade em que a maioria dos lobos começa a mudar. Você pode ter encontrado sua besta muito antes de qualquer outra pessoa, mas você ainda terá que se encontrar como o resto de nós.

— Eu não sou nada como todo mundo — ele murmurou amargamente. — Até papai tem medo de mim.

— Não seja ridículo.

— Você viu o rosto dele da última vez — rosnou Alessandro. — Quando eu matei aquele homem ...

Eu conhecia bem o peso nos ombros dele. A frustração em sua voz. Não era dirigida a Danilo ou Estebán ou qualquer outra pessoa. Era auto aversão. — Foi um acidente. Ele sabe disso.

Abrace-me (Lobos de São Paulo #3) CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora