O final de semana se seguiu do mesmo jeito que as outras semanas, aterrorizante. Consegui controlar os acúmulos de energia, mas eu tinha remédios para apenas mais 3 dias, mesmo eu tomando menos remédios para conseguir que eles durassem mais. As crises de ansiedade agora eram incontroláveis. Eu não sabia o que podia acontecer se eu parasse de tomar esses remédios. Se com o controle deles eu já não conseguia controlar direito essa coisa, imagina sem. Só o pensamento do que estava por vir já revirava meu estômago. Eu não conseguia comer direito nem fazer as coisas direito. Minhas mãos tremiam como nunca e eu precisava evitar ficar próximo de meu pai e de Jhames, por que a ansiedade fazia as coisas ao meu redor tremerem e algumas lâmpadas explodirem quando ela estava em seu auge. Tentei ir ao bosque com mais frequência e a explosões pareciam menores já que eu ia três ou quatro vezes liberá-las, mas a última, que foi no domingo pouco antes de escurecer, foi muito forte. Revirou a terra em uma cratera que tinha no mínimo cinco metros de diâmetro e dois de altura. Com a pá, consegui depois de duas horas escondê-lo e colocar folhas por cima, mas a terra estava mole e a neve iria cair em dezembro. Esse local poderia ser perigoso para um andarilho desavisado. Com algumas madeiras criei um cercado e uma placa dizendo "terreno revirado, cuidado". Depois de terminar, olhei ao meu redor e analisei o estrago que eu posso fazer. Me preocupei com os adolescentes na escola, desavisados do perigo que corriam. Meu nariz e ouvidos só pararam de sangrar 3 horas depois e a dor de cabeça do choque e pressão faziam eles zumbirem. Eu estava extremamente preocupado com os próximos dias e com a casa que eu morava.
Mas por mais que eu desejasse que ela demorasse a chegar, ela veio. A segunda feira me atingiu em cheio no momento que eu abri os olhos. Não durou dois segundos acordado para o soco de ansiedade me atingir. Quase não consegui sair da cama e precisei dizer a mim mesmo que me acalmasse e me levantasse. Peguei os remédios e tomei uma dose, mas exagerei no ansiolítico. Não demorou muito para eu me sentir dopado o suficiente e conseguir tomar banho. O mundo parecia extremamente lento aos meus olhos e Jhames disse algo que eu não consegui entender quando eu estava no banho e ele penteava o cabelo.
- .... John?
- Hm...
- Cê ta bem? Tô a meia hora conversando com você e você não responde.
- Tô...
Ele continuou me olhando e se abaixou na minha frente, olhando para mim, preocupado. Colocou dois dedos para cima e os moveu de um lado para o outro. Achei estranho o movimento dos dedos dele e extremamente lentos.
- Quantos do seu remédio para ansiedade você tomou hoje?
- O suficiente...
- Acho que você exagerou um pouco. Você tá chapado, cara. E a gente tem prova de biologia hoje!
- Eu consigo... – eu disse, me levantando da banheira e me apoiando na pia para pegar a toalha. O mundo parecia estar em câmera lenta. Eu ri meio idiota dessa irresponsabilidade. Agora que eu sabia que a ansiedade não iria me abater, eu não precisava me preocupar em liberar a energia fora do bosque. Bastaria ir agora de manhã para depois passar o dia com um pouco de tranquilidade.
- Não acha melhor ficar em casa? Eu aviso o Sr. Grower.
- Não... vou fazer a prova. Não tem perigo para os alunos se eu não estiver ansioso. E o pai vai me matar se eu bombar nessa matéria...
- Mas tem perigo para você. E você não costuma falar "bombar". O negócio tá feio mesmo.
- Hm... – Eu me dirigi para o quarto e tentei abrir a gaveta, consegui com dificuldade, mas não consegui colocar a blusa direito.
- Aqui, deixa eu te ajudar. – Disse Jhames, me ajudando a passar a cabeça pelo buraco da blusa. – Negócio é o seguinte, você vai fazer a prova e depois eu vou te trazer para casa pra você descansar, combinado?
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Alliansé | Livro I: Metades
RomanceJhames vivia sua vida tranquilamente, até ele e seu pai, Briam receberem a notícia do falecimento de sua mãe, Sarah. Agora eles estavam a caminho da cidade natal dela com o objetivo de buscar seu irmão gêmeo mais novo: John, que partiu com ela quand...