PRÓLOGO

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As portas do grande salão do castelo de Spalda estavam totalmente trancadas, pois a reunião da Assembleia do rei estava acontecendo.

Periodicamente, o rei e mais quatro magos – cada um de uma pólis do reino – reuniam-se no grande salão do castelo de Spalda, capital do reino, para debater assuntos essenciais para o futuro da população.

A reunião que estava acontecendo era muito importante, pois o rei precisava da opinião e dos conselhos dos magos sobre o destino do reino de Spaladésia. A idade de passar a coroa estava se aproximando, e isso era motivo de grande debate entre os spaladesianos. Dessa forma, o rei precisava decidir logo qual seria o futuro do seu povo.

- Esse assunto é muito delicado, meu caro Gerat – afirmou o Mago de Atlas'esia – envolve a questão de sangue.

- Por isso o trono deve ser dado ao seu legítimo – completou o Mago de Qnésia. Nesse momento houve um barulho próximo a uma das pilastras do salão. Todos ficaram parados, esperando mais algum sinal, mas nada aconteceu depois disso, então ignoraram o ruído.

Atrás de uma das cortinas perto da pilastra, o príncipe Hélio estava escondido. Sempre quis saber o que acontecia nessas reuniões, mas elas sempre ocorriam em total segredo, apenas entre o rei e os magos das Pólis.

- Em todos os reinos, o primogênito herda o trono – Gerat argumentou.

- Sabemos disso, meu rei, porém o seu primogênito não é fruto do casamento real – contradisse o Mago de Pirland.

- A decisão final é sempre sua, Gerat. Estamos aqui apenas para lhe ajudar nas decisões que afetam a todos – começou a dizer o Mago de Atlas'ésia. – E na nossa humilde opinião, não achamos que o melhor para o reino seja passá-lo para um bastardo.

- Estou entendendo o argumento de vocês – afirmou o rei.

- Não sabemos como o reino vai reagir a esse reinado caso ele seja nomeado rei de Spaladésia – disse o Mago de Qnésia. – Muitos já acham a sua existência um erro...

- Não posso criticá-los por pensarem dessa forma. Mas meu filho nunca foi um erro. Eu não deveria ter estado com outras mulheres antes de me casar com a rainha Akira, que Deus a tenha. Entretanto, todos nós erramos, e eu jovem não consegui me livrar dos encantos daquela camponesa – afirmou o rei com seu olhar fixo no chão.

- Além disso – começou o Mago de Light-Cetus – todos amavam a rainha Akira. Ela era bondosa com todos e sempre se preocupava; tentava resolver os problemas do reino em todos os momentos. Então, todos esperam que o seu filho seja o próximo rei de Spaladésia, e não o filho de uma simples camponesa.

- Olhando por esse ponto de vista, é o mais certo a se fazer – afirmou o Mago de Atlas'ésia. – Se o senhor quer manter o reino em equilíbrio e evitar rebeliões futuras, deve nomear Axel Baltazar como novo rei de Spaladésia.

- Mesmo sendo o mais novo, ele já possui dezenove anos e está na idade correta para governar, pois o ritual da passagem da coroa ocorre a partir dessa idade – confirmou o Mago de Pirland.

- Pronto, então está decidido, Axel governará no meu lugar – o rei Gerat afirmou enquanto se levantava da mesa.

- Em oito meses, Axel irá se sentar no meu trono e herdará a minha coroa – afirmou o rei, já de pé.

Após decidirem o destino do reino, todos se levantaram e se deslocaram ao salão de jantar, onde sempre as reuniões terminavam com um grande banquete.

Depois que todos saíram do grande salão, Hélio saiu do local de onde estava escondido e atravessou o corredor que dava na sala de jantar. Quando passou pela porta do salão de jantar, Axel trombou com ele sem querer.

- Ei, cara! Eu estava te procurando – ele afirmou e deu um toque no ombro do irmão, descansando a mão lá enquanto continuava falando com ele.

- Ah, é? – Hélio perguntou de forma quase grosseira e monótona. Isso deixou Axel curioso, pois eles sempre tiveram uma boa relação, sem brigas ou discussões, mas ele não levou isso a sério.

- Amanhã é seu vigésimo segundo aniversário, e eu sei o que nosso pai lhe dará de presente. – Axel afirmou demonstrando empolgação. – Ele é lindo e o melhor de todos o reino. Venha vamos lá que irei lhe mostrar.

Hélio seguiu o irmão até as baias do castelo, onde encontraram lá um belo e grande cavalo. Seu pelo preto contrastava com seus olhos verdes brilhantes. O animal era musculoso e de uma grande força. Mas Hélio não se mostrou muito feliz e empolgado com o presente, sua mente estava trabalhando a mil depois do que ouviu no salão. Não compreendia o porquê de perder o trono para Axel, o qual nunca levou a corte a sério.

Crônica de SpaladésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora