Twelve

49 11 6
                                    

Point Of View: Lauren Jauregui

Passei algum tempo apenas a olhando, mesmo sabendo que eu tinha pouquíssimo tempo para dizer tudo o que eu tinha planejado, as palavras tinham ficado presas a minha garganta.

- Eu sei que você me viu beijar um cara na saída do restaurante ontem à noite... Eu queria te explicar o motivo disso. - Ela riu, negando algo com a cabeça.

- Olha, o que você faz ou deixa de fazer da sua vida não diz respeito à mim, Lauren. - Deu de ombros.

- Não, eu não quero que você pense que eu beijo qualquer pessoa que aparece na minha frente, eu só estava ajudando uma amiga e por isso beijei aquele cara, mas não teve nada demais nisso.

Ela soltou outra risada, mas não uma daquelas que faz você sentir vomtade de rir junto, foi uma risada sem vontade alguma.

- Se você está assim só pelo fato de termos nos beijado antes, não precisa. Na verdade, aquele beijo foi um erro, eu estava super frágil e você estava lá... Foi só isso! E aquilo não vai voltar a se repetir, então se é isso o que está te incomodando, pode ficar tranquila, não é como se fôssemos casar só porque nos beijamos uma vez. Fim de papo. - Disse tudo tão rápido, que teve que puxar um pouco de ar, me deixando completamente sem reação.

- E-eu... Eu p-pensei que... - Não consegui concluir a frase, pois um nó começou a se formar em minha garganta, me impedindo de falar.

- Seja lá o que você tenha pensado, é melhor esquecer. - A loira colocou algumas pastas em cima da mesa e se aproximou de mim. - Você é uma garota legal, Lauren, de verdade, mas eu não acho uma boa ideia a gente continuar se vendo. - Aquilo foi como um tapa na cara para mim. - Não me entenda mal, eu gosto de você, de conversar com você e te acho uma amiga fantástica, mas você está começando a confundir as coisas.

Uma batida na porta foi ouvida, mas eu não conseguia me virar para ver quem era.

- Doutora Brooke, ele chegou. - Avisou a voz da recepcionista.

- Obrigada, pode mandá-lo entrar. - Dedicou um belo sorriso à mulher e logo voltou sua atenção para mim outra vez. - Você precisa ir embora agora, eu tenho que trabalhar. - A porta se abriu outra vez e logo um homem alto estava de pé ao lado da loira.

- Desculpe, estou atrapalhando algo? - O homem perguntou, coçando a nuca.

- Não, já terminamos aqui. - Foi Ally quem respondeu. Não, nós não terminamos, você apenas atirou tudo isso em cima de mim e ponto.

- Oh, então tudo bem. - O homem de olhos claros sorriu.

Me obriguei a sair do lugar, mesmo sentindo como se meus pés pesassem uma tonelada, e abri a porta para sair, mas parei ao ouvir a loira chamar meu nome, direcionando o olhar a ela.

- Sinto muito. - Foi tudo o que ela disse e por fim, eu saí, fechando a porta atrás de mim.

•§•

Cheguei na empresa me controlando para não ceder a vontade de sair, cumprimentei algumas pessoas que estavam no primeiro andar apenas com um leve sorriso e subi para minha sala.

Me sentei na cadeira, ainda ouvindo as palavras de Allyson ecoarem em minha cabeça, trazendo de volta a ardência em meus olhos, mas me recusei a ceder a vontade de chorar.

Ouvi leves batidas na porta e logo Cecília estava a minha frente, com seu sorriso amistoso de sempre e algumas pastas em mãos.

- Bom dia, chefe! - Brincou ela, mais animada do que o habitual. - Eu estou com o perfil de todos os nossos novos contratados, você só precisa dar uma olhada e assinar para que eles comecem na semana que vem. - Concordei com um leve aceno e ela colocou as pastas a minha frente. - Hoje você também tem aquela con... - Parou sua frase no meio, apenas para me fazer a seguinte pergunta: - Você está bem, Lauren? - Não, com certeza eu não estou bem.

- Estou... Claro, estou sim. É só uma dorzinha de cabeça que não me abandona. - Tentei dar-lhe um sorriso convincente, mas ela me encarou como se dissesse "Nem você acredita nisso, você não me engana." - E como foi lá com a Estefânia ontem? - Isso pareceu varrer a pergunta que me fizera de sua cabeça, pois ela abriu um sorriso e desandou a falar, mesmo que eu não estivesse prestando atenção em nada do que ela dizia.

O horário de almoço logo chegou e pude finalmente colocar algo no estômago. Estava faminta.

Parei no restaurante de sempre e o garçom me conduziu a mesa onde já estava Dinah a minha espera.

- Ah, até que enfim! Sabe, quando você manda uma mensagem para alguém, a convidando para almoçar e ao final da mensagem diz "não se atrase", isso não se aplica a quem mandou a mensagem também? - Rolei os olhos, eu estava apenas dois minutos atrasada.

- Já fez o pedido? - Perguntei ao me sentar, ignorando por completo sua pergunta.

- Ainda não, estava esperando por você para pedir, não sabia o que você iria querer. - Concordei com um aceno. - O que aconteceu? - Tirei meus olhos do cardápio e a olhei. Como assim?

- O quê? Do que está falando? - Ela riu, rolando os olhos como eu fizera há poucos segundos atrás.

- Ah, por favor, né? Eu te conheço até do avesso, sei que tem algo acontecendo, ou você não teria me convidado para almoçar com você... Anda, conta tudo!

Passei todo o meu horário de almoço contando sobre tudo o que aconteceu desde o dia em que beijei Allyson. Dinah vez ou outra soltava um palavrão em estado de choque e isso até fez meu humor melhorar.

Ao fim da conversa, a polinésia me disse que não existia apenas a loira de mulher no mundo, que eu iria encontrar alguém mais interessante que ela e ser muito feliz ao lado da minha futura alma gêmea, claro, sem deixar de dizer que daria uma surra na psicóloga eventualmente, me arrancando uma longa risada apenas por imaginar a cena.

Mas o que fazer quando você sabe que já encontrou sua alma gêmea e essa mesma não quer nem saber de você?

Write On MeOnde histórias criam vida. Descubra agora