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Point Of View: Lauren Jauregui

Chegamos ao restaurante onde eu havia feito a reserva bem antes do que eu imaginava, um garçom nos guiou até nossa mesa e nos entregou o cardápio.

- Como você está? - Perguntou ela, assim que ficamos a sós. - Voltou a ver sua mãe depois que ela apareceu na empresa?

- Eu estou ótima e ela não é minha mãe, você sabe disso. E não, não voltei a vê-la.

- Lauren... Eu sei que você está com raiva dela e eu te entendo, juro que entendo mesmo, mas ela é sua mãe e está aqui agora. Você acha mesmo que não vale a pena dar uma segunda chance a ela? - Fixei meu olhar em um saleiro que estava na mesa, eu não gostava daquele assunto e também não queria que ela tivesse tocado no mesmo. - Me desculpe, não quero que fique um clima pesado entre a gente. Eu não devia ter dito nada, você me convidou para jantar e não para uma sessão de terapia fora de hora... Desculpe.

- Tudo bem, vamos apenas deixar esse assunto de lado, pode ser? - A loira concordou com um breve aceno de cabeça.

Depois daquele pequeno desconforto, nosso jantar seguiu muito agradável, conversamos sobre diversas coisas e descobri que temos muitas coisas em comum.

Ao fim da noite, tomamos uma taça de vinho e a levei até em casa. Abri a porta do carro para que a loira saísse e assim que ela o fez, senti seus braços se apertarem ao redor do meu corpo.

- Obrigada, a noite foi incrível. - Sorri ao ouvir suas palavras, eu ficava feliz apenas por vê-la feliz.

- Eu que agradeço, nosso passeio foi muito bom para mim, me deixou até mais animada. - Ela riu e beijou meu rosto.

- Bom saber. Nos falamos em breve.

A menor se virou para entrar em casa, mas não deu mais de um passo em direção a sua casa, pois seus olhos pousaram em um homem na porta.

Notei que Ally ficou tensa ao vê-lo, de início não entendi a razão, mas o homem logo se aproximou de nós.

- Allyson! - Gritou ele, com a fala meio embolada. Tenho certeza de que ele estava bêbado.

- Pai... - Murmurou. - Onde você vai?

- Eu vou s-sair... Tenho que... Que ir até a farmácia. - Encarei a loira, que baixou a cabeça em puro sinal de vergonha.

- Eu vou. - Mostrei as chaves do meu carro. - O que precisa de lá, cerveja? Tequila? - O homem me encarou.

- Whisky... - Quem respondeu foi ela.

- O que é?! Não posso mais sair sozinho?! - Perguntou em alto e bom som. Na verdade, ele estava gritando. - Eu posso muito bem comprar minhas coisas so-sozin... - Ele não terminou a frase, pois acabou cambaleando para o lado e teria caído se não fosse por Allyson.

- Olha só o seu estado, pai. Aposto que a Mari não sabe que você está aqui fora!

- Cala a boca! - Gritou ele. - Eu tenho que viver o luto pela sua mãe, coisa que você não faz!

- Eu vivi o meu luto por ela, pai! Durante dois anos eu vivi o meu luto, mas já faz quatro anos que ela se foi! Ser um alcoólico fora de controle não é culpa do luto! - Eu estava de boca aberta com tudo aquilo e ficou tudo pior com o que veio em seguida.

O homem ficou tão irritado, que sua única reação foi erguer a mão direita e dar um tapa no rosto da loira.

- Cale a boca, tudo isso é culpa sua!

Allyson não respondeu, apenas o encarava em choque pela reação do pai, sua bochecha estava avermelhada e seus olhos marejados.

- Ally... - Toquei seu braço, mas ela se esquivou do meu toque.

- Não! Não toca em mim! - E saiu correndo para longe.

Encarei aquele homem com toda a raiva que havia em mim naquele momento e só não lhe dei um soco, porque se fizesse isso, perderia Allyson de vista, então apenas corri atrás dela.

Consegui alcançá-la e a segurei pelo braço, fazendo-a se virar para me olhar. Seu rosto estava banhado por lágrimas, seus olhos avermelhados e o sorriso que eu tanto gostava, fora substituído por um tremular de lábios.

- Eu sinto muito. - Senti seu corpo colidir com o meu e suas lágrimas molharem meu terno. Meu coração doeu. - Vai ficar tudo bem. - Toquei em seu rosto. - Eu prometo.

Ela concordou e voltou a me abraçar. Ficamos abraçadas por longos minutos, não nos importamos com os olhares curiosos, nem quando a chuva forte passou a cair, encharcando nossos corpos.

Ally levantou os olhos para me olhar, sua expressão era de dar dó, eu já não sabia mais dizer o que era água da chuva e o que eram suas lágrimas.

Acariciei seu rosto, vendo-a fechar os olhos com o carinho e uni nossos lábios.

De início foi um beijo cauteloso, tímido, mas que logo foi ganhando ritmo. Ela enlaçou meu pescoço com os braços, enquanto meus braços se prenderam em sua cintura e nossas bocas se moviam em sincronia.

Senti meu estômago revirar ao sentir nossas línguas se tocarem e um formigamento na ponta dos dados. Sua boca era algo viciante e eu poderia passar horas a beijando, mas tivemos que nos separar quando o ar faltou em nossos pulmões.

- Desculpe. - Murmurou.

- N-não... Não foi culpa sua, eu que beijei você, desculpe. Isso não vai se repetir.

- Não estava me referindo ao beijo, Lauren, e sim pelo quê você presenciou... Também pela minha reação com você, eu não quis ser grossa.

- Tudo bem, eu entendo. - Sorri.

- E sobre o beijo... É uma pena que não vá se repetir, visto que eu quero muito beijar você de novo.

Senti as famosas borboletas no estômago e sorri abertamente ao ouvir suas palavras. Ela também sorriu e voltou a se aproximar de mim, dando início a outro beijo. Dessa vez não foi tímido ou cauteloso, na verdade foi quente e apressado.

Nos separamos em seguida e a convenci a dormir em minha casa. Não por querer algo a mais com ela, mas porque eu sabia que ela não iria querer voltar para casa.

E eu iria cuidar muito bem dela.

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