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Aqueles que tem olhos e mesmo assim não enxergam, aqueles que tem mãos e se mantém incapazes de sentir a vida, aos que gritaram e ordenaram:
Queime-as, enforque-as, execute-as!
Pobres mortais, o pedido...
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Olho diretamente em seus olhos, ela mantém aquela curiosidade ali, se mostrando tão diferente de outras mulheres. Nenhuma ousaria falar na presença do rei sem permissão, e muito menos olhá-lo como ela faz!
Eu deveria repreendê-la, castigá-la apenas por cometer tal erro, mas o que eu estava fazendo era totalmente diferente disso. Eu lhe dava mais perguntas, lhe dei mais chances de conversar comigo. Algo que ultimamente não venho aceitando de ninguém!
― Eu... ― ela gagueja ― Não me lembro de nada...
― Como pode não se lembrar? ― indago ― O que eles fizeram com você?
Ela se ergue daquele canto qual estava, então começa a se aproximar das grades da cela. Sua pele reluz na luz fraca, assim como seus olhos cores de mar!
― Eu caminhava pela floresta quando... ― engole em seco ― Eles me prenderam e acusaram, não me lembro de muito depois disso!
Ergo uma sobrancelha enquanto a encaro, vejo uma lágrima rolar um lado de seu rosto enquanto devia seu olhar na tentativa de esconder aquilo. Por mais que eu não acreditasse no que os outros murmuravam, era simplesmente impossível se imaginar essa jovem sozinha e exposta na floresta. Isso também por julgar o estado da outra garota, essa a minha frente apesar de abatida, não tinha nenhum ferimento comparado a outra!
― Tudo bem se não acredita em mim. ― murmura segurando nas barras grossas de ferro.
― Eu não disse que não acreditava. ― digo e viro-me em direção da saída.
― Espere. ― paro e a olho por cima do ombro ― Obrigada por ter me salvo de lá!
Franzi o cenho enquanto via seus olhos brilhantes em minha direção, ela até mesmo esboça um leve sorriso no canto de seus lábios. Algo que realça ainda mais sua beleza! Respiro fundo e continuo caminhando, já na porta aberta pelo meu guarda paro novamente e sem olhá-la digo:
― Você ficará aqui por enquanto, enviarei mulheres para que limpe-a! ― sentia os olhos dela em mim ― Não confio em você, então não tente fazer algo que provavelmente cause a sua morte.
Assim que termino passo pelo meu guarda sem conferir o seu rosto, algo que minha mente me puniu muito já que queria passar horas olhando-a! Contudo, eu sei exatamente que isso não pode acontecer, e nem mesmo posso nutrir esse desejo de ouvir sua doce voz, olhar seus belos olhos... eu não posso!
Ela é uma desconhecida, não sei ao certo se acredito ou sigo na descrença das fantasias que os meus guardas diziam naquele campo. Mas uma coisa é certa: ela estava em minhas mãos agora, e a saída desse palácio é algo que ela não terá acesso. Ainda não!
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Após me banhar e tirar todo aquele sangue da batalha, aquele tom de morte que se entranhara em mim mais cedo. Estou sentado na grande mesa de jantar, minha irmã come em silêncio na outra ponta sem nem mesmo ergue o olhar para mim. Depois de nossa discussão da coroação não nos dirigimos um ao outro, apenas continuamos convivendo e dividindo esse único momento do dia.
