Sete

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Coração do oceano.
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...1912. Como num sonho, a bela marcenaria e os estofos acetinados emergem da ruína enferrujada. Jack fica impressionado com a opulência da sala. Ele coloca seu caderno e materiais de desenho na mesa de mármore.

ROSE

– Esta luz serve? Os artistas não precisam de boa luz?

JACK

– É verdade, não estou acostumado a trabalhar em condições tão ruins. Ei... Monet! – Jack se agacha ao lado das pinturas empilhadas contra a parede. – Ele não é ótimo... e o uso de cores? Eu o vi uma vez... por um buraco na cerca do jardim em Giverny.

Ela entra no closet adjacente. Ele a vê ir até o cofre e começar a trabalhar na combinação. Ele está fascinado.

ROSE

– Cal insiste em carregar essa coisa em todos os lugares.

JACK

– Devo estar esperando por ele em breve?

ROSE

– Não enquanto os charutos e o conhaque aguentarem.

CLUNK!

Ela abre o cofre. Olhando para cima, encontrando os olhos de Jack no espelho. Ela o abre e remove o colar, então o estende para Jack, que o pega nervosamente.

JACK

– O que é? Uma safira?

ROSE

– Um diamante. Um diamante muito raro, chamado Coração do Oceano. – Jack olha para a riqueza além de sua compreensão. – Eu quero que você me desenhe como sua garota francesa. Vestindo isso. – Ela sorri para ele. Há malícia nele. – Vestindo apenas isso. – Ele olha para ela, surpreso.

Rose tira o pente de borboleta do cabelo, ela balança a cabeça e os fios caem soltos sobre os ombros delicados.

Na sala de estar, Jack está colocando seus lápis como instrumentos cirúrgicos. Seu caderno de desenho está aberto e pronto. Ele olha para cima quando ela entra na sala, vestindo um quimono de seda transparente. Jack está corando. Ele nunca se acostuma com o sentimento que tem por Rose, que toma forma e tamanho cada hora mais com ela, em seu peito, frágil, que pede um pouco de espaço. Jack teme que o mate covardemente sem ar se não relaxar.

ROSE

– A última coisa que preciso é outra foto minha parecendo uma boneca de porcelana. Como cliente pagante, espero conseguir o que quero.

Ela lhe entrega uma moeda de dez centavos e dá um passo para trás, desfazendo os laços do quimono. A pedra azul está em seu seio pequeno e pálido. Seu coração está batendo calmo enquanto ela abaixa lentamente o roupão. Jack parece tão aflito que é quase cômico. O quimono cai no chão, e ela está nua (isso tudo em cortes, lírico).

ROSE

– Diga-me quando parecer bom para você. – Ela posa no divã, acomodando-se como um gato na posição que lembramos do desenho... quase.

JACK

– Apenas dobre a perna esquerda um pouco e... e abaixe a cabeça. Olhos em mim. É isso.

Jack começa a esboçar. Ele deixa cair o lápis e ela abafa uma risada.

ROSE

– Acho que você está corando, Sr. Grande Artista. Eu não posso imaginar Monsieur Monet ficando vermelho.

Titanic Onde histórias criam vida. Descubra agora