Ana: a incompreendida

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O ar estava tão pesado que os alunos estavam com dores nas costas por terem que aguentar ele por tanto tempo. Ana dava voltas dentro do círculo formado por eles como um general desapontado com seus soldados.

"Um mês! Falta menos de UM MÊS!" Alguns adolescentes se encolheram com medo. "E vocês não fizeram nem METADE do que vocês tinham que fazer!" Ela balançou a cabeça negativamente. "Mas para a sorte de vocês, eu estou no comando. E deixa eu ser bem clara sobre uma coisa: eu NÃO vou deixar um bando de adolescentes irresponsáveis manchar a minha reputação impecável."

"Que reputação?" Murmurou um dos alunos. "De megera?"

A garota o encarou com lasers mortais no lugar de olhos. "Como eu estava dizendo, vocês têm sorte por terem a mim. Eu fiz um cronograma personalizado para cada um de vocês de acordo com as suas obrigações." Ela tirou uma pasta da mochila e começou a distribuir os cronogramas. Seus colegas fizeram diversos sons representando seus vários níveis de frustração e desespero, mas a garota continuou a ignorá-los.

"Já posso matar o Thiago por ter botado a gente na mão dessa louca?" Sabrina perguntou para Elisa.

O garoto ouviu e deu de ombros com uma expressão arrependida. "Eu achei que seria algo legal para a gente fazer juntos. Não esperava que a Ana fosse surtar."

"Hm... Ana?" Uma das garotas que tinha ficado com os figurinos teve a coragem de levantar a mão e questionar. "Com o colégio, dever de casa, mais a peça, eu não vi um tempo para a gente poder simplesmente relaxar e se divertir. É importante, estudos provam que isso aumenta a produtivi..." A voz e confiança da menina foram diminuindo até sumirem sob o olhar gelado da diretora.

"Relaxar e se divertir?" Ana forçou uma risada. "Vocês tiveram meses para balancear as coisas e tudo o que vocês fizeram foi relaxar e se divertir! Então, agora está na hora de vocês começarem a trabalhar de verdade, ou vocês querem decepcionar a Dafne?" Quando ela reparou os olhares confusos, ela se corrigiu. "As famílias de vocês. Vocês não querem decepcionar as famílias de vocês."

A verdade é que a maioria dos alunos não ligava muito para isso, especialmente os que ficaram nos bastidores. No entanto, deixaram passar. Eles esperavam que ela fosse se acalmar com o tempo e ela não estava inteiramente errada; eles estavam muito atrasados com tudo na peça e precisavam andar com as coisas se quisessem que tudo ficasse pronto a tempo.

Depois dos dez minutos minutos mais longos de suas vidas, os alunos foram liberados. A maior parte saiu de lá o mais rápido possível antes que a diretora mudasse de ideia, mas todos saíram de lá grunhindo e arrependidos de terem achado que se juntar à peça do festival seria uma boa idéia.

"Thiago, eu nunca vou te perdoar por isso." Sabrina reclamou enquanto eles saíam da sala.

"Acho que nem eu." O garoto respondeu.

"Não tem jeito de fazer essa garota se acalmar? Um chá de camomila? Uma pegada de jeito? Sei lá, qualquer coisa!" Bernardo, a pessoa da vez de Thiago,.

"A Ana tinha um crush no Thiago." Elisa comentou.

"E quem não tem?" Bernardo respondeu revirando os olhos. Mesmo com o tom de desdém, Thiago não conteve o sorriso com o elogio feito por Bernardo.

"Como eu ia dizendo," Elisa retomou o raciocínio, "ela é afim de você. Então, é só você ficar com ela que ela vai se acalmar, ou se distrair o suficiente para deixar a gente em paz."

"Só que você sabe que eu não fico com mais de uma pessoa ao mesmo tempo e eu já estou com o Bernardo. Não vai rolar." Thiago respondeu um pouco irritado com a sugestão.

Arquivos da Senhorita ÓbvioOnde histórias criam vida. Descubra agora