Sabrina: a louca

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Quando Elisa chegou, Thiago estava conversando com seus amigos e não a viu de cara, o que deu a ela tempo para se acomodar em sua carteira com seu livro. Ela olhou e viu que Bianca também estava lá com Henrique. Elisa deu um pequeno sorriso para si mesma, satisfeita por estar tudo dando certo entre os dois e, que para os padrões atuais de relacionamento, estava durando bastante.

"Você também foi convidada?" Thiago perguntou, indo em direção a Elisa quando ele a viu. Thiago estava bem feliz de não ter mais nenhuma louca em sua vida, mesmo que no fundo ele ainda pensasse que ele não tivesse sido a melhor pessoa. E claro, ele não podia chamar ela de louca em voz alta, ou pelo menos perto de Bianca — o último sermão sobre o quão errado era isso ainda estava fresco na memória.

Sem tirar os olhos do livro que estava lendo, Elisa só levantou o convite todo decorado em resposta. Diferente de Thiago, ela não estava muito animada em socializar com esse tipo de gente. Fora isso, ultimamente Thiago andava tendo ideias estranhas sobre como arrumar um namorado para ela e seria impossível ele deixar uma oportunidade como 'a festa do ano' passar sem mencionar tal coisa. Não importava quantas vezes Elisa dissesse que estava muito bem sozinha, o garoto não dava trela.

"Acho que ela chamou todo o 1º ano." Mesmo que isso o fizesse se sentir menos especial, o fato de poder ver todo mundo num cenário diferente e mais relaxado abria um novo leque de opções para ele. Normalmente em festas as pessoas tendem a se produzir mais, portanto, ele definitivamente poderia notar alguém que pudesse fazer par com a sua nova melhor amiga.

"Com certeza, a Sabrina adora aparecer. Ela não ia perder a chance de se mostrar para todo mundo na festa de debutante dela." Elisa disse meio debochada.

"Você vai? A gente podia se encontrar e ir juntos." Em sua cabeça, Thiago pensava que se ele fosse com Elisa, ninguém acharia que estavam acompanhados e por isso receberiam mais propostas. Fato era: muitos duvidavam da honestidade da amizade deles, às vezes, até seus amigos mais próximos achavam que eles estavam juntos e numa relação aberta.

"Vou ver com os meus pais ainda, mas não estou muito interessada."

"Vamos, vai ser divertido! Você me ajuda com as meninas e quem sabe a gente não arruma alguém para você?" Elisa olhou para o garoto com a sobrancelha arqueada. Ou não... Thiago pensou.

O professor chegou e Elisa disse ao menino que iria pensar, mas na verdade não tinha a menor intenção de ir. Só queria que o garoto se acalmasse e a deixasse em paz. Então, Thiago, assim como os outros, se sentou e a aula começou.

***

No fim, os esforços de Thiago (ou seu choro e perturbação incessantes) encontraram os da mãe de Elisa e a garota acabou convencida a ir, e claro se produziu toda para isso — só porque ela não tinha paciência para se montar de manhã cedo, não queria dizer que ela não soubesse como. Ela era obrigada a admitir, no entanto, que a casa de festas era ótima e a decoração estava incrível. Apesar disso, ela se arrependeu da decisão de ir (e de se arrumar) meros 5 minutos depois de chegar na festa.

"Eu tive uma ideia." Thiago chamou a atenção da garota para si. Ao ver as pessoas pararem para olhar para Elisa toda arrumada, ele estava bem confiante de que iria arrumar alguém para a amiga nessa festa. "Você está sempre me ajudando a pegar as meninas e eu quero te agradecer. Essa noite, eu só vou ficar com alguém, depois que eu arrumar algum garoto pra você."

"Quê?" Elisa olhou para o garoto para ter certeza de que ele estava falando sério. Ele estava. "Não, obrigada. Não estou nem um pouco interessada."

"Ok, depois que eu arrumar alguma garota para você, então?" Ele disse olhando a garota de cima a baixo. O salto, a maquiagem e o rabo de cavalo não diziam muita coisa, mas ele não lembrava de ter visto nenhuma garota hétero de terno. Bom, ele também não entendia de moda.

Arquivos da Senhorita ÓbvioOnde histórias criam vida. Descubra agora