Esther: a orientadora

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Já tinha passado algum tempo desde o incidente e, felizmente, nada do tipo aconteceu novamente. A vida dos três, ou quatro agora, caiu na rotina normal de estudantes e eles puderam focar no presente.

"Minha mãe vai fazer um almoço lá em casa esse fim de semana e quer convidar todo mundo. Ela vai ligar para os pais de vocês para convidar eles, mas ela pediu para eu mesma falar com vocês dois." Sabrina sorriu animada com o almoço na casa da sogra e Elisa virou para Thiago. "Como estão as coisas com a Nanda?"

O menino desviou o olhar para o chão e suspirou antes de responder. "Eu e ela estamos muito bem, mas ainda tá uma torta de climão na casa dela." Ele deu um sorriso triste. Ele sabia que isso afetava a namorada e não gostava disso, mas infelizmente não tinha nada que ele pudesse fazer.

"Ótimo, então você está encarregado de chamar ela e a família. Incluindo a gêmea do mal."

Thiago olhou para Elisa como uma criança olha a mãe implorando para não arrumar o quarto, fazendo bico e tudo. Como sempre, ela não deu a menor atenção para isso. O menino viu Sabrina fazendo cara de nojo com a menção da cunhada e ficou feliz que pelo menos uma de suas amigas tinha compaixão por ele.

***

Thiago já estava ficando tonto de tanto dar voltas no quarto. Ele não conseguia decidir como falar com Maria Fernanda sobre o almoço... Ou melhor, como convidar a irmã dela também. Ele pensou em só mandar uma mensagem para ela, assim ele não precisaria falar nada. Mas achou melhor não.

O garoto pegou o celular e procurou o contato dela. Finalmente, ele apertou o botão verde e escutou os toques com as mãos tremendo. Ele não queria fazer aquilo, uma parte sua até torceu para que a namorada não atendesse o telefone.

"Alô?" A voz da namorada do outro lado da linha o acalmou e ele quase esqueceu o porquê de estar tão nervoso.

Eles conversaram sobre tudo e nada por um tempo, até que a Maria disse que precisava desligar para ir tomar banho e Thiago lembrou o motivo da ligação. "Espera, antes de você desligar..."

"Ah, não, Thiago! Eu estou falando sério, eu preciso tomar banho para ir dormir! Não vou deixar você usar seu charme para me fazer ficar até tarde no telefone com você de novo. Eu não consigo prestar atenção em aula nenhuma com sono quando você faz isso."

Ele sorriu. "Então, você acha que eu sou charmoso?" Ele praticamente conseguiu sentir a garota revirando os olhos do outro lado do telefone e riu. "Não é isso. Eu prometo que é só mais uma coisa e que é rápido."

"Você tem um minuto."

"A mãe da Elisa vai fazer um almoço na casa dela no fim de semana e você e sua família tão convidados. A tia Suzana ligaria pros seus pais, para chamar, mas acho que ela não tem o telefone deles e..." Thiago jogou uma palavra em cima da outra.

"Tá, eu te dou mais tempo! Só fala com calma, eu não entendi nenhuma palavra do que você falou." O menino respirou fundo e explicou. "Ah... Almoço na casa da Elisa."

"Isso."

"E a minha família também está convidada."

"Isso. Toda a sua família." Ele quis especificar que ele estava falando de Joana, mas não conseguiu. As palavras ficaram entaladas na garganta dele e o garoto torceu para que Fernanda tivesse entendido.

O silêncio reinou sobre os dois adolescentes por um momento até que Thiago ouviu um "Ah" vindo do outro lado da linha. E lá estava ela de volta: a torta de climão que saía do forno sempre que se mencionava a irmã da garota.

"Se você quiser, eu posso falar com meu pai para a gente ir buscar vocês..."

"Obrigada... Eu... Eu vou falar com meus pais e eu te aviso." Maria ouviu uma confirmação e resolveu melhorar o humor. "Era só isso mesmo? Posso ir dormir?"

Arquivos da Senhorita ÓbvioOnde histórias criam vida. Descubra agora