Idiota.

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São três da manhã. Estou sentado na calçada em frente a sua casa. Bebo um gole da cerveja que estou segurando e olho para a tela do celular jogado do meu lado. Tela preta. Você nunca ligava. Nem pro meu número nem pra mim. Tomo outro gole e me levanto: vou embora.
Idiota. Era assim que me sentia quando coisas assim aconteciam. Você sumia e aparecia quando bem entendia e me deixava louco de raiva. Mas eu não podia ir embora. Sabia bem do efeito que tinha sobre mim e, infelizmente, você também. Usava sempre isso a seu favor. Era cruel.
Agradeço à todos que tentaram me avisar sobre você, mas eu nunca as ouvi. Na verdade, eu não dou a mínima para o fato de você não me amar de volta. Eu só gostava de passar as noites com você, enchendo a cara e falando mal das mesmas pessoas. Isso é suficiente pra mim.
Quando foi que nos aproximamos tanto? Não devíamos. Eu não devia, já que conhecia todos os seus jeitos de trapaças. Talvez eu tenha caído de propósito. Você brinca com tudo o que vê, e olhe que irônico. Eu era um de seus brinquedos. Você enfeitiça qualquer um com essa cara bonita e esse riso fácil. Você me disse que eu não era qualquer um. E eu tentava acreditar que pra você eu também não era.
Chego em casa e vou direto pro meu quarto, onde vejo um quadro com uma foto sua ao lado da minha cama. Pendurei no mesmo dia em que a tirei. Era seu aniversário. Estávamos felizes. Ainda éramos bons mentirosos.
Eu queria te deixar pra trás e ser feliz. Mas eu já estava tão acostumado a ser quebrado que não me importaria que ter que colar meus cacos de novo.
Eu e você sabemos o final disso tudo.
Mas eu quero pagar pra ver você se cansar de mim. E me descartar.
Enquanto isso, eu espero você viver por aí sem me ligar.
E vou te amando.
Amando como um idiota ama.

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