Volta às aulas!

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TRIMMMMM!!!
Porra que barulho é esse? Alguém desliga esse despertador pelo amor de Deus!
Acordei, ainda meio zumbi olhei pro relógio/despertador que tava na mesinha perto da cama, 6:50. Caralho, se eu não levantar agora vou chegar atrasada com certeza, mas foda-se cinco minutos a mais não vai fazer tanta diferença. Peguei o Sr Bigodes e joguei no despertador fazendo com que ele caísse no chão, ah o Sr Bigodes é o meu urso confidente ele é um coelho de pelúcia enorme que eu tenho desde meus cinco ou seis anos de idade. Enfim, Bigodes fez seu papel matinal: Finalizou o barulho do despertador! Já me acomodava novamente embaixo do meu endredom quando ouço aquele som estridente vindo do andar de baixo:

- Mayaaaa, levanta agora! Não acredito que você quebrou mais um despertador, vamos levanta que seu irmão vai te dá uma carona até a escola, se arruma rápido ou vai ter que ir de ônibus! Mayaa, eu não quero ter que subir aí!

Pronto, não tenho mais como fugir, tive que me conformar e ainda arrastando o endredom pelo quarto fui em direção ao banheiro pensando "É Maya, acabou as férias agora é oficial"
Minha mãe ainda berrava lá de baixo:

- Maya eu vou contar até dez, te juro que no nove já subo aí com um balde de água gelada!
Minha mãe é esse doce de pessoa, adoro o carinho dela comigo de manhã.

- Eu já to indo, para de berrar senão vai acordar o prédio inteiro!
Fui pro banheiro e tomei um banho frio pra espantar o sono de uma vez, coloquei minha calça jeans nova e a blusa do uniforme, calcei o all star surrado de sempre e fiz um rabo de cavalo no cabelo sem pentear mesmo. Minha paciência tinha ficado na cama, e eu não tava nem afim de ficar me arrumando toda pra ver as mesmas caras de sempre no colégio. Desci, comi um misto quente na cozinha ouvindo minha reclamar da minha demora, da minha preguiça e aquele blá blá de sempre. Peguei minha mochila e fui pro carro. Joaquim, meu irmão por parte de pai já me esperava rindo de tudo:

- A Vera já tá com a macaca uma hora dessas Maninha?
- E quando é que ela não tá Quim?

O trânsito tava caótico, enquanto o carro se arrastava naquela lentidão peguei o celular pra dar uma olhada nas redes sociais, ver as novidades e tudo mais. Tinha umas mensagens da Luana no whatsapp, minha melhor amiga, falando que não ia hoje porque ainda tava descansando da viagem que fez nas férias (típico dela) mas que tinha mil novidades pra me contar, babados pensei já deve ter passado rodo e ta querendo me falar sobre os gatos que ela pegou nessa viagem. Uma ligação perdida do Breno, meu ficante/peguete/amigo e algumas mensagens no facebook. Vi a ligação do Breno e até pensei em retornar, mas como ia vê-lo na escola deixei pra conversar por lá mesmo ainda tava meio sem saco pra papo, o sono ainda imperava e junto com ele meu mal humor.
Cheguei na porta da escola e já tava aquele alvoroço, não sei porque se é sempre a mesma coisa.
Fui andando pro portão principal ainda com preguiça, vi que o meu cadarço tava meio solto e me abaixei pra arrumar, quando senti aquele empurrão forte nas minhas costas gritei no mesmo instante:

- Porra quem foi o cego, ou a filha da puta que quase me derrubou?
Olhei ao redor procurando, a pessoa que tinha esbarrado em mim tava logo atrás, aparentemente tinha caído na hora que tombou em mim.
- Eu realmente não te vi, cara eu tava correndo apressada e acabei tropeçando em você, que tava numa posição meio que estranha bem no meio do corredor, enfim me desculpa mesmo mano!
Ela coçava a cabeça enquanto falava, parecia meio envergonhada.
Eu continuava brava:

- Bate em mim, quase me derruba e ainda vem me culpar? Nossa mas era só o que me faltava mesmo!

- Caralho que mina brava, já te pedi desculpa quer mais o que agora?

- Foda-se.
Comecei a juntar minhas coisas que tinham caído. Ela passou por mim sem falar mais nada. Fiquei olhando, deveria ser novata, eu mais ou menos conhecia quase todo mundo do Santa Cecília, estudava lá desde sempre. Ela era meio estranha, não estranha feia. Era aquele tipo de pessoa que nao passa despercebida, tinha um cabelo com um corte meio rebelde, era curto e meio desgrenhado, sei lá bagunçado mas de um jeito bonito. Tinha uns piercings e usava uma camisa preta parecia que tinha o nome de uma banda de rock estampada algo assim. Gostei do estilo meio largado que ela tinha, mas ainda tava puta pelo empurrão. Pensando bem deve ter sido sem querer mesmo, mas eu tava tão mal humorada aquele dia que era capaz de assassinar alguém sem pensar duas vezes. Fiquei pensando se deveria ir pedir desculpas pra ela, sei lá normalmente eu deixaria pra lá mas dessa vez fiquei pensando, culpada por ter sido tão rude com aquele garota, afinal ela não tinha culpa da minha preguiça sem fim.

PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora