6.

341 44 10
                                    

Os gritos de Edgar Bones foram a última coisa que os vizinhos ouviram vinda da casa. Era o fim da família Bones. O corpo das duas crianças se encontravam no quarto, o da mãe na cozinha e do homem em seu escritório.

Bellatrix e Rosier aplaudiam enquanto Severus Snape encarava o corpo da garota de sete anos, assassinada por Greyback, que agora estava na porta de entrada da casa pensando em como aquela noite tinha sido perfeita.

Severus sempre soube que o Lord da Trevas era cruel, impiedoso e que veria muitos mortos. Mas olhar para aquela menina, de cabelos loiros e olhos castanhos vidrados agarrada ao irmãozinho de três fez ele perceber que aquilo era pior.

Aquela cena não era cruel. Ela era inescrupulosa.

- Admirando o trabalho bem feito, Snapinho? - Perguntou Bellatrix sorrindo.

- Que trabalho bem feito? - Falou usando sua voz autoritária e cheia de raiva. - Você ouviu algum deles mencionar o Fiel do Segredo, porque para mim não disseram nada. E você chama de trabalho bem feito. Para mim é um trabalho pela metade.

Ele caminhou até a porta e por fim aparatou em Godric's Hollow. Ele queria ver Dumbledore, ele precisava ver Dumbledore. Mas ao chegar a casa do diretor, percebeu que estava sem ninguém.

Ele estava exausto, mas tinha que checar se os Potter's estavam seguros de qualquer maneira, então não seria em vão.

Eles já estavam em Junho. Lily se aproximava cada vez mais de dar a luz. Snape odiava ter que fazer aquele trabalho.

Ele já tinha muito o que pensar para destruir o objeto que Regulus encontrara, tentar arrancar o nome de um fiel do segredo, que no caso era ele. E ainda por cima tinha que ver Lily e James esfregando o amor dos dois na sua cara por horas incontáveis, enquanto checava a proteção e a saúde da família.

Ao chegar, se deparou com os dois assistindo um filme trouxa, distraídos.

- Oi, eu estou bem, obrigado por perceberem a minha presença. - Falou, fazendo os dois lhe olharem. Lily revirou o olho e James apenas deu de ombros.

- Está com a roupa de Comensal! - Lily percebeu e ficou horrorizada.

- Eu acabe de sair de uma missão, queria encontrar Dumbledore, mas ele não estava, já aproveitei e decidi fazer a chegagem para acabar de vez com isso e eu voltar a trabalhar. - Falou sentando-se na poltrona, tirando de sua capa um pergaminho.

- Que horas você dorme? - James perguntou tentando aliviar o clima de desconforto que Snape causava.

- A hora que der para dormir. - Respondeu rabugento.

- É por isso que vive com esse mau humor. - Lily respondeu sem paciência para a grosseria do ex amigo.

- Eu vivo nesse mau humor por causa de vocês,  ser o fiel do segredo me deixa mau humor, aguentar você me deixa de mau humor. Eu não conseguir ler esse pergaminho porque vocês me atrapalham me deixa de mau humor.

- Não precisamos de você aqui - James falou.- Se não percebeu você não era a primeira opção, sequer era a última.

- Não estou aqui por vocês, estou aqui por alguém mais importante, por quem vale morrer.

Lily olhou para Severus perguntando-se quem poderia fazer Snape entrar em uma missão como aquela. Então, enquanto o observava, percebeu um semblante cansado, o fazia parecer muito mais velho do que era, ela finalmente percebeu as olheiras e expressão que conhecia muito bem. Ela viu aquele olhar uma vez, apenas uma, e não queria imaginar o que deixara o homem naquele estado.

Ela levantou-se com dificuldade por conta do peso de sua barriga. A mulher caminhou até a cozinha deixando James e Severus sozinhos.

- É... bom, como está o mundo lá fora? - Perguntou James.

- Um caos. Hoje... - Snape percebeu imediatamente o que ua fzr, ele ia se abrir para o Potter. Então ficou em silêncio.

- Por que não quer falar? - O rapaz de óculos perguntou e Snape desviou o olhar. - Eu sei que não fui uma boa pessoa e que fiz coisas horríveis e eu sinto muito por isso, mas você não está bem, e nem precisa ser legilimente para ver que tem algo que está te perturbando e se tem uma coisa que te deixa assim, provavelmente é algo que quero saber.

- Eu vi muitas pessoas morrerem enquanto eu era Comensal, mas hoje foi diferente. Eu não posso interferir em tudo que acontece, ia levantar suspeitas, eu já enterferi duas vezes a terceira ia...

- Dar muito na cara - Completou James e Severus assentiu.

- Hoje foi Edgar Bones e sua família. Seus filhos tinham sete e três anos. Ver Greyback matando eles foi a coisa mais difícil que vi na minha vida. - James arregalou os olhos e encarou Snape.

- Greyback? Fenrir Greyback? - Perguntou James.

- Sim, ele trabalha para o Você Sabe Quem. - Severus achou estranho a reação do homem.

- Você não podia se envolver.- Falou o homem tentando manter a paciência. - Não tinha nada que pudesse fazer?

- Potter, se tivesse...

- Por Merlin, você assistiu crianças morrerem sem fazer nada.

- James! - Lily repreendeu o marido. - Chega. - Ela adentrou o local com uma xícara, saindo fumaça. Ela entregou para o ex amigo que olhou-a como se perguntasse o porquê de estar sendo gentil.

- Porque agora você precisa. - Lily passara tanto tempo com Snape na infância, que decifra-lo era tão simples. Ela entendia cada olhar, mesmo quando a expressão era vazia.

- Lily - James tentou falar.

- Jay, sei que é horrível, mas é o trabalho dele. E Dumbledore pediu para que confiassemos em Snape, como confiariamos em Sirius. - A ruiva acariciou a barriga e sorriu encorajando o marido a ser gentil.

- Snape, nós temos que nos esforçar para que possamos conviver. Então vamos começar por você, tem que nos falar o que está acontecendo e parar de agir como se fossemos inimigos, porque a escola já acabou. Ninguém aqui é uma criança ou adolescente. Todos somos adultos, então sem birra, engole esse orgulho.

- Descobri algo sobre o Lord das Trevas. - Aquele pensamento vinha corroendo Snape desde que descibrira sobre o objeto. - Ele tem uma Horcrux.

- Uma o que? - Perguntaram os dois juntos.

- Horcruxes é algo tão maligno que nem sequer é ensinanda em qualquer escola, nem mesmo em Drumerstrang que tem tolerância com Artes Das Trevas. A magia consistente em aprisionar parte da sua alma em um objeto, tornando você imortal, já que mesmo com seu corpo destruído, sua alma está preservada. É necessário fazer um ritual que não ouso nem mesmo dizer como se faz, a mera lembrança me dá enjoo.

- Partir a alma? Como é possível fazer isso? - Lily perguntou horrorizada.

- Há apenas um ato tão terrível capaz de dividir a alma. - James olhou para a esposa. - Matando.

- E pelo que sei provavelmente aquele objeto não é o único. O Lord se gaba de ter ido onde jamais ninguém foi, e eu tenho medo de pensar quão longe ele foi.

- E como se destrói isso. - Perguntou Lily apavorada com a ideia de Lord Voldemort ser imortal.

- Até agora só descobri um jeito. Metal forjado por doendes. - Snape encarou os dois.

- Não tem mais nada? - Perguntou o homem de óculos.

- Tem, mas O Lord Das Trevas não me parece a beira do arrependimento de todas as coisas horríveis que fez, quer ir tentar persuadir ele? - Um silêncio mortal tomou conta da sala.

Voldemort era indestrutível, e nem sabiam quantas vezes ele havia partido a alma, nem quais objetos eram esses.

Pela primeira vez, James e Lily não viam a luz no fim do túnel, a esperança havia acabado. Será que criariam seu filho em uma prisão? Será que sobreviveriam? Quanto tempo Snape aguentaria? Quantas mortes havieria até a derrota de Voldemort? Se é que ele seria derrotado.

Ordem da Fênix A Primeira Guerra BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora