Sem acordo, apenas confiança

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Capitulo 6 – O jantar


Estava indo para um jantar com os poderosos de Phytian. Sabia bem o que esperar deles, mas mesmo assim decidi enfrentar. Cada passo era uma mistura de empolgação e nervosismo. Minha mente estava cheia de histórias sobre essas figuras enigmáticas, alimentando minha curiosidade. Apesar dos medos, segui em frente, pronta para o que viesse pela frente.

❆❆❆❆❆

Caminhava ao lado de Amelie, enquanto Nyx já se dirigia ao local onde todos estavam reunidos. À nossa frente, apenas Azriel nos guiava por outro corredor, seu silêncio quase palpável, uma pequena pausa de alívio em meio ao turbilhão de incertezas que habitavam minha mente.

   Azriel foi o primeiro a atravessar outro arco de madeira, presumivelmente conduzindo-nos à sala de jantar onde todos estavam reunidos. Diminuí o passo, deixando Amelie seguir à frente, ganhando um momento para respirar fundo e tentar organizar meus pensamentos. Quando Amelie passou pelo arco, seu sorriso irradiava felicidade, uma imagem tão contrastante com minha própria ansiedade. Seu rosto tranquilo, relaxado, parecia indicar uma familiaridade com essas situações que eu simplesmente não possuía.

   Fiquei para trás, a hesitação me impedindo de dar o próximo passo, enquanto minha mente girava com preocupações e memórias dolorosas. Não tinha ideia do que me aguardava além daquele arco, e a incerteza só aumentava minha apreensão.

─ Finalmente, já estava na hora. - Uma voz grave veio de dentro do recinto, e Amelie sorriu ainda mais, seus olhos brilhando de animação.

─ Na verdade, passaram da hora. - Replicou outra voz, feminina, porém ríspida, denotando naturalidade em sua rispidez.

─ Tivemos um contratempo. - disse Amelie, agora fora do meu campo de visão, provavelmente próxima deles. - Na verdade, Nyx não suporta perder para mim.

─ Você é uma trapaceira, isso sim. - Nyx falou, seu tom agora parecia mais leve e humorado do que minutos antes.

─ E cadê a garota do bosque? - perguntou o macho, com a voz grave novamente.

─ Ela está... ah? - Amelie começou a dizer e pareceu hesitar ao perceber que eu não a seguia. Tive a sensação de que ela estava me procurando, o que apenas fez com que eu hesitasse mais um passo.

  Um impacto sólido interrompeu meus pensamentos, fazendo-me girar em alerta. Meus sentidos, antes tão afiados, agora pareciam falhar com mais frequência do que o normal. O choque de esbarrar em algo tão imponente quanto uma parede me forçou a encarar a realidade de frente. Era o Grão-Senhor, seu olhar sério e penetrante transmitindo a autoridade que ele representava. Um arrepio percorreu minha espinha quando percebi o quão próximo estava de ultrapassar os limites, consciente de que cada movimento e palavra diante dele poderiam ter consequências imprevisíveis.

─ Desculpe, não foi minha intenção assustá-la. - A voz do macho soou suave, tranquila, enquanto ele mantinha uma postura casual, com uma mão no bolso. No entanto, eu sabia que ele tinha o poder de acabar comigo com apenas meio pensamento. - Achei que tivesse me ouvido.

─ Meus sentidos não andam bem desde que caí na neve com um naga tentando dilacerar meu pescoço. - Respondi, finalmente, buscando encontrar as palavras certas para expressar minha condição, embora fosse uma desculpa frágil diante do perigo que enfrentamos.

   O Grão-Senhor me observou com expressão preocupada, como se estivesse buscando por algum ferimento específico em meu corpo.

─ Já procurou algum curandeiro? - sua voz soa preocupada, carregada de cuidado.

Contos de uma Grã FeericaOnde histórias criam vida. Descubra agora