Quero ela para mim!

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Capitulo 9 - Você veio...

Carlan

Agora

Abro a porta do celeiro, observando atentamente o quintal, aliviada por não encontrar ninguém por ali. As vozes que ouço vêm de dentro da casa. Ao sair pela porta, avanço pela neve com passos cautelosos, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Chego até a porta dos fundos da casa e me encosto na parede externa ao lado das escadas, inclinando-me levemente para vislumbrar o interior.

   De onde estou, consigo ver apenas o corredor estreito que leva à cozinha, e no final, identifico pelo menos cinco guardas. Minha casa, embora espaçosa para uma família, parece pequena diante do número de invasores. A bagunça anteriormente inexplicável agora faz sentido: eles não apenas procuravam pistas, mas assumiram a casa como se fosse território conquistado.

   Encostada na parede, agacho-me, respirando fundo. Penso nos próximos passos. O quarto da minha mãe está do outro lado da casa, e para chegar até lá, terei que passar por eles. A única entrada que não exigiria confronto seria a janela do quarto, mas ela provavelmente está trancada. Quebrá-la pode chamar a atenção deles ou ser impedido pela magia. Preciso examinar cada detalhe da casa em busca de uma solução.

   Lembro-me de quando era criança e explorava os arredores nos dias frios. Se minha mãe me proibia de sair, eu explorava a casa. Mapeei cada centímetro dela e, às vezes, encontrava doces, acreditando que a casa era encantada. Anos depois, descobri que era minha mãe quem os escondia, esperando que eu os encontrasse.

   Fecho os olhos e concentro-me. Reviso mentalmente cada entrada da casa, mapeando todas as janelas e elaborando rotas de fuga. Utilizo minha audição para localizar os guardas e planejar cinco rotas seguras até o quarto, optando pelo telhado como a melhor opção.

   Abro os olhos ao ouvir risadas e passos se aproximando pelo corredor. Com um impulso das pernas, salto para agarrar a calha, virando-me em uma cambalhota e aterrissando silenciosamente no telhado enquanto eles passam pela porta.

─ Não seria uma ironia precisarmos de uma chave para abrir aquela porta. - diz um dos guardas enquanto andam pela neve, enquanto eu me arrasto sorrateiramente até a chaminé. - Nada e nem ninguém abre aquela maldita porta, nem mesmo os mais poderosos objetos do Senhor Codarc.

   Eles param bem no meio do quintal e começam a tirar algo dos bolsos. Eu me escondo atrás da chaminé, atenta aos soldados que se aproximam da outra ponta do bosque.

─ Essa espécie devia ser eliminada de uma vez por todas. Esses truques só atrasam as coisas. Eles deveriam aceitar logo entregar este mundo ao nosso Senhor. Ele vai conseguir de qualquer forma. - diz outro soldado, colocando algo branco na boca e acendendo um fósforo, sem usar magia, apenas um objeto que não consigo identificar.

─ Se acalme, Cedric. Como você mesmo disse, é apenas questão de tempo até que este mundo seja tomado por nosso Senhor, especialmente agora que a irmã dele está controlando a situação de dentro das corporações. - O outro soldado fala, confiante, levando o fósforo à boca.

   Franzo o cenho, tentando entender as informações. Há mais alguém envolvido na invasão? E por que isso é considerado uma vitória tão fácil? O que são essas corporações?

   Ouço passos vindos do outro lado da floresta, não consigo captar mais da conversa antes de me esgueirar rapidamente para dentro da chaminé. Já do lado de dentro, me apoio nos buracos das paredes e me pressiono ainda mais para não cair e revelar minha posição, mas, infelizmente, a casa é antiga e algumas pedras caem quando me forço a ficar firme.

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⏰ Última atualização: May 10 ⏰

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