Capítulo 01

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𝔑𝔢𝔦𝔩

Eu sonho com isto desde que era muito pequeno. Não me lembro ao certo quando começou, apenas tenho consciência de ter esquecido o rosto daquela mulher conforme os anos foram se passando.

Ela é loira, essa é a minha única certeza.

Entretanto, a montanha russa que é sonhar com isso me deixava estranhamente horrorizado. Pela sua voz posso afirmar que ela mantinha em mim certo valor maternal. O que não é ruim, mas ainda é estranho.

Então, prefiro acreditar que isso se deva ao fato de eu não possuir a melhor das mães, ou melhor, madrasta.

Audrey.

Ela sorria para os súditos enquanto eu me virava discretamente para rolar os olhos com aquela farsa digna do Oscar. Meu pai, ao lado dela, tentava não deixar transparecer o quanto aquilo era tedioso. Eu estava cansado das mentiras inventadas por eles para justificarem o fato de eu e meu irmão não conhecermos nossa mãe biológica.

A princesa sempre tenta justificar as coisas, dizendo ser sim a nossa mãe, mas, isso não cola comigo.

Posso ter apenas onze anos mas sei das mentiras e venho tentando descobri-las desde a minha última briga com Audrey.

Ela estava me irritando, tentando de todas as formas me fazer ir para uma viagem estando completamente sozinho, apenas para balançar o seu ego por ter um "filho" deveras independente. Meu pai obviamente se irritou com aquilo.

Quando percebi, meus olhos já estavam queimando em um verde terrivelmente brilhante. Apenas me dei conta do que aconteceu quando ela afastou-se bruscamente buscando apoio em um móvel perto do sofá onde estávamos.

Meu pai não se assustou, apenas se colocou a minha frente abaixando-se para me dizer palavras doces. Eu lembro de tê-lo abraçado e sussurrado em seu ouvido que estava com medo.

Afinal de contas, aquilo nunca tinha acontecido.

Pelo menos até onde eu saiba.

Após aquele dia, Audrey nunca mais ousou se meter na minha criação, apesar de ser casada com o meu pai, ele diz explicitamente que a minha educação e a de meu irmão pertencem apenas a ele e eu agradeço imensamente a isso. Aquela princesinha metida a besta não saberia criar duas crianças.

As vezes eu penso como seria se minha mãe biológica estivesse no lugar dela. Será que ela é uma mulher fútil como ela ou é uma espécie do exemplo maternal que tenho nos sonhos?.

Eu adoraria tê-la conhecido.

Meu pai entrou em meu campo de visão me tirando dos meus pensamentos sobre mamãe.

Ele mantinha um sorriso nos lábios levando uma das mãos aos meus ombros.

- Vamos entrar, vocês precisam comer.

Sua voz era calma como sempre. Apesar de sempre trabalhar muito, ele nunca perdia um jantar conosco.

- Sim, pai.

Segurei em sua mão puxando o meu irmãozinho que encarava a tudo com demasiada alegria, contagiando aos súditos e aos meus avós. Bela nos olhava sorridente e aproximou-se nos acompanhando até a sala de jantar.

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