𝔑𝔢𝔦𝔩
Meu pai não me ouvira chamá-lo.
Ele estava acordado, encarando o notebook sob o seu colo, não me notando. Seus dedos faziam um batuque irritante no teclado. Mas nada do que eu fizesse iria desperta-lo daquele transe incessante.
Minhas mãos ainda tremiam bastante pelo susto que levei ao sonhar com o desespero. Não de maneira encarnada, mas algo que me fizera ter medo. Não havia cor e muito menos forma. Era simplesmente um sentimento tão avassalador que tal lembrança soava como o presente.
Olhando para o seu quarto quase completamente apagado, coloquei a cabeça para dentro me dando por vencido. Ele não iria me levar de volta a cama e me abraçar até que eu dormisse. Eu teria que caminhar até ele.
Ele estava sozinho como sempre, não tendo a companhia de Audrey, eles dormiam em quartos separados diferente do vovô e da vovó. Benjamin era uma pessoa solitária que agia como se fosse descompromissado e não tivesse que ser um marido para uma tremenda megera. Eu acharia estranho tal comportamento se não estivesse meramente agradecido.
Caminhei calmamente até a sua cama, fazendo-o finalmente me notar, levando as mãos ao peito e respirando mais profundamente.
- Neil! - Sussurrou o meu nome de forma esganiçada - Você me assustou!.
- Desculpa pai - Subi na cama, olhando calmamente para o seu computador antes que ele o fechasse rapidamente, como se ver aquilo fosse me matar.
- O que aconteceu? - Perguntou largando-o retirando o fone de ouvido.
- Tive um pesadelo.
- Quer me contar? - Sua pergunta fora sútil e ele a fazia conforme puxava o edredom ao seu lado, me cobrindo calmamente.
- Eu não sonhei com algo - Suspirei agarrando-me a coberta enquanto me deitava sob o travesseiro - Era um sentimento de angústia.
Meu pai me olhou confuso tentando compreender as minhas palavras. Apenas o que eu lhe disse não o faria chegar a alguma conclusão.
- Você está com medo - Ele olhava nos meus olhos provavelmente notando. Senti quando ele me encostou em seu peito, fazendo-me sentir o seu coração bater tranquilamente - Não pense nisso, filho.
Fechei os olhos ao sentir sua mão acariciar a minha cabeça. Algo que provavelmente me traria sono.
- Era angustiante não saber o que me causava aquele sentimento.
- Você sentiu medo por que o desconhece. Mas isso tudo não é real, foi apenas um pesadelo - Assenti sentindo a sonolência me atingir.
- Boa noite, pai - Sussurrei não mais lembrando do motivo de estar ali. O cafuné em meus cabelos não me deixava raciocinar.
- Boa noite, filho - Senti um beijo em minha testa antes de apagar completamente. Me perdendo na escuridão onde aquele sentimento de angústia não mais me alcançava. Mas não pude deixar de sonhar com o que havia visto em seu computador.
O sorriso dela jamais iria sair da minha mente, principalmente o seu olhar marcante e feliz. Eu gostaria de ouvir a sua voz naquele fone.
.....
Senti o peso da claridade em meus olhos me cegar voltando a fecha-los rapidamente, levando as mãos para puxar o edredom por toda a minha cabeça. Estava com sono demais para me levantar, mas a minha vó parecia empenhada em me acordar principalmente quando o tirou com tudo de meu rosto.
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Entre Segredos
Fanfic𝙨𝙝𝙤𝙧𝙩-𝙛𝙞𝙘 Sob o domínio de Audrey, Benjamin criava os seus filhos que tivera com a antiga, esquecida e amada esposa. Depois de anos de seu sumiço, para ele nada mais importava e os seus momentos em família eram apenas uma representação do qu...