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Maratona 8/10

Anahi POV

O vento gélido da noite batia em meu rosto enquanto Poncho acelerava pelas ruas. Eu estava abraçada a ele, agarrando-o forte e mantendo um sorriso prazeroso no meu rosto. Estava tão absorta naquelas sensações confortáveis que nem notei o fato de não estarmos indo no caminho da minha casa. Quando voltei ao meu estado mais consciente, já estava sentindo o cheiro inconfundível do pacífico. Ele diminuiu a velocidade e parou assim que passamos pela ponte.

— Eu não moro na praia. — falei ao descer da moto e retirar o capacete.

— Eu sei. — ele riu. — É que eu queria te mostrar um lugar que eu gosto.

— Você gosta de vir à praia? — franzi testa. — Não parece ser do tipo aventureiro.

— Não é exatamente do mar que eu gosto. — ofereceu-me sua mão. — Só confia em mim.

Segurei a mão dele e nós começamos a descer as escadas de pedra que levavam até a areia. Retiramos nossos sapatos para podermos caminhar com mais facilidade. Quando meus pés tocaram a areia fria, eu senti um pouco de desconforto e um arrepio forte, obrigando-me a abraçar o meu próprio corpo. Ao notar o meu incômodo, Poncho passou seu braço pelo meu corpo e começou a acariciar minha pele para cima e para baixo enquanto caminhávamos. Foi uma excelente forma de me trazer um pouco de calor humano e junto a isso, um sentimento de proteção.

Caminhamos pela praia sem dizer nada, até que eu avistei um barco antigo atracado em um cais não muito longe de nós. Ao chegarmos até lá, Poncho baixou uma pequena escada que dava acesso ao convés e depois fez sinal para que eu subisse primeiro, vindo logo atrás de mim.

— Esse barco é seu? — perguntei olhando em volta.

Era mesmo antigo, mas estava muito bem conservado como um verdadeiro item vintage de colecionador. Era o tipo de veículo que ele certamente gostaria de ter, pois Poncho adorava automóveis clássicos e datados.

— Era do meu avô. Ele morou aqui.

— Em um barco? — arqueei a sobrancelha.

— Sim. Ele tinha um estilo de vida bem selvagem, por assim dizer. — riu. — Minha avó o obrigou a se mudar depois que eles se casaram, então ele passou a usar o barco para passeios. — suspirou como se estivesse tendo alguma lembrança. — Ótimos passeios.

— Por que me trouxe aqui? — sorri de canto.

— Esse lugar é especial pra mim. Eu nunca aprendi a pilotar e só vinha aqui pra ficar sozinho, principalmente depois que o meu avô se foi e o meu pai estava ocupado demais se lamentando pelo fim do casamento. Cuido desse barco como cuido dos meus carros antigos.

— Você gosta mesmo de veículos velhos, não é? — brinquei.

— Isso é um fato. — concordou. — Eu vinha aqui pra pensar, esvaziar a mente e relaxar com o barulho do mar, o cheiro de água salgada e a brisa forte que vem do horizonte. Eu estava muito mais em paz comigo mesmo quando as vindas até aqui eram regulares. Mas aí eu fui começando a ficar cada vez mais estressado com tudo e esse barco virou uma obrigação. Eu vinha porque tinha que mantê-lo limpo e livre de ferrugem, não mais para relaxar.

— Isso não responde por que eu estou aqui.

— Calma, eu vou chegar lá. — riu. — Eu comecei a fazer terapia e venho incentivando a mim mesmo a procurar a minha paz nas coisas. Voltei a vir aqui com o coração aberto, com a mesma visão que eu tinha há alguns anos atrás. Agora esse voltou a ser o meu lugar.

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