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Anahi POV

— Não, eu não vou. — era a quinta vez que eu repetia a mesma frase, mas Maite estava disposta a me convencer do contrário.

— O que acha que vai acontecer? É só uma reunião boba de ensino médio.

— Boba? Mais um motivo para não ir.

— Qual é, Anahi... — choramingou dando a volta na minha mesa e sentando-se em meu colo. — Imagina só você chegando toda linda, alguns te reconhecendo, outros te achando familiar e outros simplesmente sem fazer ideia de quem você é. "Oh, meu Deus, Anahi Potilla? Como você está bonita!" — fez uma imitação engraçada. — E aí você vai dizer "Dra. Portilla pra você".

— May, eu preciso que você entenda que eu não gosto da ideia de estar no mesmo ambiente de pessoas que eu nunca gostei e das quais não sinto falta.

— Eu também não gosto e nem sinto falta deles. Bom, da maioria deles.

— É claro, você era a rainha má do colégio. Todo mundo espera que você vá, mas ninguém imagina que você leve a sua priminha fracassada com você.

— Porque você não é uma fracassada. Todos aqueles anos se dedicando tanto aos estudos, faltando a todas as festas... — abraçou-me desconfortavelmente. — Agora é a melhor psiquiatra do mundo.

— Não exagere. — ri, tentando afastar aquele abraço invasivo. — E você está invadindo o meu espaço pessoal.

— Anahi — ela ficou de pé e ficou séria. — É só uma noite. Você nem precisa ficar muito. Se começar a odiar, você me avisa e nós vamos embora.

— E... quem vai estar lá? — desviei o olhar.

— Christopher, Vanessa, Christian, Derick, Dulce, Charles... — começou a citar.

— Essa lista ainda não acabou. — a olhei com desconfiança.

— Essas são as pessoas importantes, as que sempre foram legais com você.

— May. — cruzei os braços e cerrei os olhos.

— O que? O Poncho? É, ele vai. Bom, ele foi convidado. — deu de ombros. — E daí? Vocês são adultos agora, ele não vai derrubar os seus livros ou jogar o seu trabalho de literatura no lixo. Relaxa.

— Se eu disser que vou você vai embora agora? — olhei meu relógio. — Eu tenho que atender um paciente.

— Sim! — sorriu. — Passo na sua casa às seis pra gente se arrumar juntas. Thauzinho! — ela me jogou um beijinho no ar e saiu pela porta.

Maite e eu sempre fomos extremos opostos desde que nos entendemos por gente. Ela sempre amou fazer amizades e socializar em cada canto que ia. Sua maior especialidade era chamar atenção. Não foi à toa que ela se tornou a rainha do baile de primavera, baile de boas vindas e baile de formatura.

E apesar de ser bem mais amada do que eu, ela nunca me deixou de lado. Fazia o possível para me incluir, mesmo que eu sempre estivesse me negando a sentar no refeitório com ela e seus amigos de nariz empinado. Ficar sozinha no meu canto sem nenhuma distração foi uma escolha minha. Isso me proporcionou bons frutos no futuro e agora eu havia me tornado uma psiquiatra renomada, com conquistas únicas em minha carreira e um sobrenome de peso.

Também acabei mudando muito a minha aparência. Tirei o aparelho, joguei fora os óculos fundo de garrafa após uma cirurgia a laser, aprendi a me maquiar, comecei a usar o meu cabelo solto e sempre muito bem hidratado, assim como a minha pele, que agora era macia como veludo, sem nenhum resquício das tantas espinhas de antes.

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