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Alina's Pov

- Eu preciso de um novo manto.- Disse Elain ao mesmo tempo que Nestha se levantou

- Preciso de um novo par de botas.- Nestha a refutou
Observo a discussão estupida acontecendo a minha frente, o manto de Elain estava mais novo que o de todas nos, as botas de Nestha, ainda reluzentes ao lados da de Feyre, pequenas para seu pé, se desfazendo na costura, presas somente por seus cadarços velhos.

Feyre retorna já limpa, e Elain se vira pra mesma exasperando.

- Meu manto esta tão velho, estou congelando, desse jeito irei tremer de frio a todo momento- Elain fixa seus olhos castanhos em Feyre- Por Favor Feyre.- Diz em um choro terrível. Nestha solta um estalo com a língua e manda Elain se calar.

As duas continuam a discussão sobre quem usaria o dinheiro das peles amanha, olho pra Feyre e vejo sua atenção percorrer pelo meu pai, ela fica tensa quando vê os dedos do homem virar a pele do lobo e traçar pela parte ainda carregada com um pouco de sangue.

Seus olhos escuros se voltam pra ela, nesse momento toda minha atenção esta neles.

- Onde conseguiu isto ?- murmura para minha irmã.
- No mesmo lugar que consegui a corça.- ela responde com a voz igualmente baixa, com suas palavras afiadas e frias.

Os olhos de meu pai se enchem d'água

-Feyre... O risco...- diz ele. Hipócrita, agindo como se ela fosse a única, como se nos tivéssemos escolha ao entrar no bosque escuro e frio quando tínhamos apenas 14 e 12 anos, carregando a responsabilidade de sustentar ele, Nestha, e Elain.

Interrompo Feyre antes mesmo que ela pudesse falar
- Não tivemos escolha- rosno pra ele com o tom mais frio que o qual Nestha costumava lhe dar.

- Alina- ele diz fechando seus olhos castanhos.

- Você fede a porco coberto pelos próprios excrementos. Pode ao menos tentar fingir que não é uma camponesa ignorante?- Nestha diz para Feyre.

Feyre não deixa sua mágoa transparecer. Éramos nova demais para aprender mais que obásico da etiqueta, da leitura e da escrita quando esta família caiu em desgraça, ela jamais deixava minha irmã esquecer disso.

- Se falar assim com Feyre novamente, Nestha, vou fazer você se arrepender - Falo olhando a ela com os frios olhos que ela costumava me dar. É claro pra todos aqui que eu não me importo com ninguém a não ser Feyre. E definitivamente não me importaria de agir contra  qualquer um que a machucar.

Nestha não fala mais nada.

Feyre me olha em extrema repreensão

- Pode colocar uma panela de agua no fogo ?- Feyre pede a Nestha, e repara que so havia um pedaço de lenha- Achei que iam cortar lenha hoje.- Minha irmã pontua.

- Odeio cortar lenha. Sempre fico com farpas.- Nestha olhou Feyre por baixo dos cílios escuros.

-Além do mais, Feyre - disse apertando os lábios em um biquinho - você é muito melhor nisso! Leva metade do tempo que eu levo. Suas mãos e as de Alina são melhores para isso, já são tão ásperas.

O maxilar de Feyre se contraiu.

- Por favor - Feyre pede - Por favor, levante-se aoamanhecer para cortar a lenha. Ou comeremos o café da manhã frio.

Suas sobrancelhas se uniram.
- Não vou fazer tal coisa!

Não resolvo perder meu tempo com Nestha.

Feyre se dirigia ao pequeno segundo quarto, no qual nós, garotas,dormíamos.

Jantamos cervo assado aquela noite. Terminei de comer antes de todos e fui me limpar, a velha banheira com uma agua já usada, era tudo que eu tinha agora, pelo menos é alguma coisa. Me limpo e me dirijo pro quarto, onde havia uma cômoda bamba, pintada por Feyre.
Na primeira gaveta, havia violetas e rosas envolta aos puxadores, de Elain. Na segunda ela havia pintado chamas crepitantes envolta dos puxadores de Nestha. Na terceira era uma junção com a ultima, um céu noturno tendo uma lua envolta com sombras, e uma grande quantidade de estrelas. Minha e de Feyre.

Caminho para a cama e me deito, logo adormecendo.
Mesmo dormindo consigo sentir quando Feyre e suas irmãs se deitam, cada uma lutando por um pouco de espaço.

Acordo em um espasmo violento, sinto suor frio por todo meu corpo, me levando com dificuldade me dirigindo para a pequena cozinha, para beber um pouco de água. Não é a primeira vez que acordo deste jeito, e eu sei que não será a última, quando eu era pequena eu costumava ter crises de pânico, nos tínhamos dinheiro na época, então fui diagnosticada e tratada.

Por muito tempo nunca mais tive uma crise, mas elas estavam voltando, era comum pra mim novamente acordar suando no meio da noite e levantar com minhas pernas trêmulas para tomar um pouco de ar, ninguém sabia, e continuariam sem saber.

Levo o copo até minha boca para terminar de beber a água, e o limpo e ponho em seu lugar, caminho para a velha porta do chalé para que possa tomar um pouco do frio ar que lá fora me oferece.

A essa hora, o silêncio oferecido pela escuridão de fora do chalé, é confortável, nesse momento eu não preciso me preocupar em nada, era somente as sombras, o silêncio, e eu. O leve farfalhar das árvores eram como uma cantiga de ninar, as estrelas brilhavam como se estivessem dançando em perfeita sintonia.
Gostava de olhar para as estrelas, gostava de pensar que em algum momento elas me ouviram, gostava de pensar que elas ainda ouviam a Feyre, e a todos aqueles que não haviam parado de sonhar. Me levanto para entrar no chalé, fecho a porta me dirigindo para o quarto dividido com Feyre, Nestha, e Elain, abro a pequena porta, e caminho para o pequeno espaço que sobrou na cama, me deito e fecho os olhos deixando minha mente me levar para vários lugares até finalmente dormir.

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Court of Shadows and FuryOnde histórias criam vida. Descubra agora