Um homem na escuridão

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Chego em casa, estava cansado pelo passeio e apenas queria descansar. Fecho a porta atrás de mim enquanto caminho em direção a sala, estava tudo quieto:

Aslan- Mãe? Pai? - ninguém respondia. Caminho um pouco mais e me assusto logo quando vejo uma silhueta de um homem, o mesmo estava sentado sobre o sofá, com uma perna cruzada sobre a outra.

Homem- Seus pais não estão aqui - uma voz grossa, eu não sabia quem era, era irreconhecível.

Aslan- Quem é você?

Homem- Alguém muito mais próximo do que você possa imaginar.

Aslan- Qual o seu nome? - vou até o interruptor quando o senhor aumenta o tom de voz.

Homem- Não acenda a luz - agora eu podia sentir sua respiração em minha nuca, viro-me lentamente para trás.

Acordo em um susto quando iria ser atacado. Sento em minha cama na maior agilidade, eu estava ofegante. Observo a minha volta, tudo normal, meu gato dormia tranquilo sobre meus pés, meu abajur clareava parcialmente meu quarto trazendo uma claridade calma e confortável, era apenas um pesadelo.

Saio de meu quarto e caminho até a cozinha para beber água, o piso estava gelado me fazendo me arrepiar a cada toque de meus pés sobre o chão. Meu gato vinha logo atrás. Abro a geladeira e pego uma garrafa de água, a destampo e levo até a boca sentindo o gélido líquido descer pela minha garganta me refrescando, assim retomando o ar perdido pelo susto.

Ao voltar para o meu quarto observo o relógio, era 2hr46min. Meu celular iluminava uma pequena luz indicando que havia uma mensagem no mesmo. Desbloqueio a tela e entro no aplicativo de conversa. Tinha algumas mensagens no grupo na qual fiquei com preguiça de responder antes de dormir, mensagens no grupo da sala e uma mensagem de Edward:

Notificação

Ed- Ei

Ed- Você pareceu meio chateado quando te contei sobre a Erika

Ed- O que aconteceu?

Ed- Me responda assim que ver essa mensagem

Ed- Nossa, essa última mensagem parecia uma mensagem de voz deixada na ligação...ok, desculpa, você deve estar dormindo.

Desligo a tela e me deito encarando o teto. Suspiro fundo depositando o aparelho sobre meu peito:

Aslan- Eu não fiquei chateado, não tem nenhum motivo para eu estar chateado - me viro de lado deixando o celular cair na cama - Quem eu estou querendo enganar? Eu fiquei sim, poxa, é tão estranho saber das lindas garotas que o Ed ficou... eu não sei porque me sinto assim, mas é ruim e se eu pudesse escolher eu nunca sentiria isso... nunca.

Th- Essas são as partes ruim de gostar de alguém - me assusto quando vejo meu pai escorado na batente da porta de braços cruzados.

Aslan- Pai! Não sabia que estava acordado, que susto...

Th- Desculpa ouvir seus desabafos com o bichano, mas estava indo na cozinha quando te ouvi falar sozinho e vim ver se está tudo bem.

Aslan- É... está sim - movo meus olhos para outro canto.

Th- Eu conheço essa carinha. O que aconteceu? - o moreno senta sobre a ponta da cama.

Aslan- Durante o passeio, Edward estava contando da última garota que ficou, a Erika.

Th- Erika... Erika Jones?

Aslan- Ela mesma. Eu fiquei meio chateado, juro que não queria demonstrar, mas pelo visto não funcionou.

Th- Você ficou com ciúmes, e tudo bem mostrar.

Aslan- Não pai, não está tudo bem mostrar, agora ele me mandou várias mensagens perguntando. Se eu soubesse mentir um pouco melhor.

Th- Esconder seus sentimentos e reprimi-los nunca é a melhor alternativa. Sempre que algo lhe chatear você tem sim que demonstrar.

Aslan- Mas agora ele deve suspeitar que gosto dele, isso vai estragar nossa amizade.

Th- Deixe que ele suspeite, ele não vai perguntar de cara, ele irá começar a te observar aos poucos e observar suas expressões sempre que ele se referir de alguém que te deixe enciumado. Talvez mais pra frente, quando ele tiver com toda a teoria feita, ele te pergunte o que você sente por ele, e ai é quando você diz a verdade.

Aslan- NÃO!

Th- Aslan, meu filho, negar que não gosta não irá fazer você parar de sentir o que sente, apenas vai te torturar mais e prolongar algo que pode ser feito. Se isso o fizer se afastar de você, infelizmente é o melhor, pois senão isso te machucaria, porém ele pode dizer que sente o mesmo. Enrolar pode acabar fazendo ele se apaixonar por outra pessoa e você perdera chance tentando se convencer de que não sente nada por ele.

Aslan- Mas... é que...

Th- Você também gosta da Malai, não é? - suspiro concordando com a cabeça - Isso é mais complicado, pois dizer o que sente para ele perto dela poderá fazer ela ficar chateada por gostar de você, e se ele negar vai virar um ciclo de infelicidade.

Aslan- Então o que tenho que fazer?

Th- Torcer que ele não pergunte isso perto dela, ou quando contar, dizer que gosta dos dois. É melhor revelar logo.

Aslan- E se ela achar que gosto mais dele do que dela?

Th- Você irá notar se ela demonstrar tais inseguranças, então você dá um pouco mais de atenção para ela.

Aslan- Ai pai, isso é tão complicado.

Th- O coração é complicado, meu pequeno. Mas agora esqueça, não sofra por algo que ainda não aconteceu. Tente dormir, qualquer coisa prepare um chá.

Aslan- Pai - decido falar, o homem me encara prestando atenção - Eu tive um sonho estranho... - conto a ele todo o meu sonho e todos os detalhes que podia lembrar, ele não expressou muita reação.

Th- Querido, você deve estar muito preocupado e exausto com tudo que aqueles garotos estão fazendo com você. Tente assistir algo leve até pegar no sono, tudo bem?

Aslan- Claro - suas grandes mãos afaga meus cabelos e eu fecho os olhos, sinto seus lábios tocarem minha testa antes de se retirar me dando boa noite.

Vou até a cozinha onde preparo um chá matte, não curtia muito chás de folhas. Volto ao meu quarto assim que tudo fica pronto, sento em minha cama e abro um livro que estava lendo. Não demora muito para que o combo de chá e livro me desse sono, os coloco de lado e me deito novamente, abraço um ursinho que tinha desde criança e ali volto a dormir, estava torcendo para sonhar com príncipes e princesas que haviam em meu livro e não com homens sentados na escuridão que me atacam.

Eu não estava mais recebendo mensagem deles após suas entradas no reformatório, Ed não me disse se havia se encrencado após brigar com eles, mas acho que ele saberia se sair muito bem. Malai havia me contado que também estava em paz, algumas garotas da escola, quando a viam na rua, olhavam feio para ela, mas nada de xingamentos.

Querido EuOnde histórias criam vida. Descubra agora