Acabei indo dormir na casa do Gui mais uma vez, estava com medo de voltar para casa.
Meu celular havia várias mensagens e ligações perdidas da minha mãe, mas eu não iria atendê-la.
Não me importo com as viagens dela, pouco me importa para onde ela vai.
Mas ela não pode me fazer querer falar com o marido dela. Por mais que ela não saiba - ou finja não acreditar - ele é muito ruim, e destruiu minha infância.
Minha mãe pode conhece-lo a meses, mas eu o conheço a anos, ele era meu professor de química.
— bom dia flor, acordou cedo - a mãe de Guilherme diz entrando no quarto e me tirando do transe. – acorda esse garoto do teu lado e vem para cozinha, fiz um café para vocês.
— obrigada tia, vou acordar ele e a gente já vai.
Ela sai do quarto e fecha a porta, deixando apenas eu e Guilherme, e a escuridão, a única luz vinha da janela fechada com as cortinas cinzas tentando impedi-la de entrar.
— guilherme, guilherme - chamo ele batendo de leve em seu braço. – gui meu bem, acorda a gente tem faculdade hoje.
— deixa eu dormir só mais um pouco...
— não, anda logo. a Fernanda está te mandando várias mensagens - sussurro isso no ouvido dele e levanto da cama indo até minha mala pegar uma roupa.
— filha da puta, ela não me mandou nada, você mentiu. - Guilherme, agora sentando na cama olhando seu celular, fala isso joga uma camiseta em mim.
Dou uma risadinha, saio do quarto do mesmo e vou até o banheiro tomar um banho, no caminho vejo os pais de Guilherme tomando café na cozinha.
[...]
— Vamos logo Anna, a gente está 10 minutos atrasado porra - guilherme gritava comigo enquanto eu procurava um cigarro dentro da minha bolsa.
— Espera Gui, eu não acho em lugar nenhum.
— Você não vai morrer se ficar algumas horas sem fumar, Anna, mas a Paola vai te matar se você faltar mais alguma aula, então vamo logo.
Ignorei o que ele disse e continuei procurando, mas ele me pega pelo braço e me puxa até o portão de sua casa nos tirando de lá.
— Guilherme!!
— coe linda, eu já falei a gente ta atrasado, e ainda tem o busão para pegar.
Então fomos até o ponto de ônibus que tinha ali perto. E estávamos atrasados, agora eram 6:50, e a aula começa às 7:00, eram 15 minutos de ônibus até a faculdade e ainda tínhamos uns 3 minutos de caminhada.
Chegamos lá às 7:08 e todos já tinham entrado, nos entramos também, atrasados na sala, alguns de nossos amigos nos olharam com cara de bravos não chegarmos mais cedo, e outros apenas deram um "oi" e agradeceram por termos pelo menos ido.
Hoje eu acordei até que bem comparado a outros dias, acho que a festa me deu uma animada, até consegui prestar atenção e copiar os deveres, também anotei alguns dos trabalhos que tinham a ser entregues.
Depois de longas horas finalmente tinha acabado, e como sempre nos reunimos no mesmo restaurante como todos os dias para almoçar.
Todos os meus amigos estavam comentando felizes sobre a festa, Miguel falava sobre como seus pais não desconfiaram de nada e xingava eles por terem chegado dois dias antes do combinado.
Estava bem alegre a nossa conversa, estávamos rindo muito de alguns relatos de coisas que somente alguns tinham visto na festa, e dizia mais sobre a experiência de cada um, até eu que geralmente sou calada estava falando bastante.
Amava passar tempos assim com meus amigos, tudo bem que ficamos assim todos os dias, mas tem dias que quase não falamos nada, apenas comemos e vamos cada um para sua casa.
— rapazeada e a próxima vai ser onde hein? meu primo adorou conhecer vocês e ele queria ficar com a gente mais vezes - Miguel dizia alegre.
— ué mano, bora marcar um clubezin sexta, que tal? - Dion sugere.
— tá brisando dion? porra, clube na sexta? não ze, bora um churrasco na minha lage no sábado, mais confortável, o que cês acha? - dessa vez JP sugere.
— eu prefiro o clube mesmo. - Laura diz.
— não gata, cê escolhe a lage do JP, igual eu. - gabi fala e Laura abaixa a cabeça concordando.
— eu também concordo, um churras entre os parça na moral é bem melhor do que ficar num clube com varios chapa... se bem que vai ter várias gatinhas de biquí- - Thiago ia falar mas é interrompido por um tapa de Paola que o olha com cara de brava.
— fechou então, na lage no JP nesse sabadão agora. - Gusta diz bebendo o último gole de seu refrigerante.
— falou então manin, vou mandar mensagem pro pedroca e dou um chama no cês, só pra deixar fechado.
— geral concorda?
Todos nós balançamos a cabeça concordando com a pergunta de JP.
— vai só a gente e o primo do Guel? - Bruna pergunta.
— Guel? - Eu, JP, Laura, Gui e Thiago perguntamos juntos e rimos fraco.
— É um apelido carinhoso gente, nunca viram? eu hein. - Bruna fala tentando disfarçar a vergonha.
— Respondendo sua pergunta gatinha, acho que sim, vai só a gente e ele - Miguel responde - você vai querer chamar mais alguém Joao?
— não mano, só nois.
— Então ta combinado amores, depois a gente cria um grupo e define o que cada um vai levar e quem vai fazer o que. - Fernanda confirma.
Então terminamos assim nosso almoço, cada um pagou seu almoço, nos despedimos e fomos cada um até sua casa, e eu acompanhei Guilherme.
O caminho foi calmo e estávamos em silêncio, até ele me chamar.
— Anna?
— Oi Gui
— Até quando você vai fugir da sua mãe?
Suspiro pesado com sua pergunta.
— não sei.
– você não pode fugir para sempre, isso tá te afetando e acabando com você, e acredito que ela também esteja mal com isso. Você nunca quis falar sobre aquilo com ela direito...
— sim, pois ela não queria me ouvir.
— ela não quis te ouvir ou você que não conseguiu falar ao certo e direto ao ponto? - ele vê eu abaixando a cabeça e apenas continua - Anna... você não tá bem, você precisa esvaziar isso dentro de você de alguma forma, ou se não vai ficar só aí se dopando e fumando para tentar esquecer algo que sempre vai ficar ai dentro de você. Tenta pelo menos voltar ao psicólogo.
Aquilo que ele havia dito era verdade, eu precisava voltar ao psicólogo, e eu realmente não estava bem a um tempo, mas tenho medo de me decepcionar novamente igual a última vez em uma consulta.
— Eu percebi que você estava bem mais alegre hoje, tem algo que eu não sei? - ele diz tentando amenizar o clima que o mesmo deixou.
— Não... - tento mentir, mas tinha tomado uma pílula antes do mesmo acordar.
— Anna, eu te conheço a anos, e você não é assim.
— tá bom... eu tomei.
Ele respira fundo.
— tudo bem, eu não vou brigar com você dessa vez, por mais que eu não ache certo, está te deixando melhor por um lado, mas tenta parar com isso, por favor? por mim e pelos nossos amigos, Anna, essas doses podem causar um ataque cardíaco em você a qualquer momento e você sabe disso.
O olho e dou um sorriso sem graça para ele.
— vou tentar vida.
— te amo - ele passa o braço em volta do meu pescoço e beija minha testa.
— eu também.
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se essa noite eu morrer.
FanfictionAnna era uma menina que vivia no rio, largada. Tinha 19 anos, vários traumas, várias memórias, uma lista cheia de erros; ela não estava bem, não estava feliz, as vezes sentia vontade de acabar com tudo, mas ela só pensava nos amigos. porém ainda fal...