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Dia da festa.

Era hoje, justamente hoje que eu não acordei bem

Nem fui para a aula hoje pois não queria ver meus amigos.

Eu odiava acordar assim, odiava muito.

Fazia três meses que eu não ia no psicólogo.

A mulher que me atendia só sabia falar que tinha que acabar com "meu drama" um pouco.

Era uma psicóloga barata, nem deveria ter estudado pra aquilo.

Mas depois dela eu simplesmente desisti de ir.

Ir no psicólogo não mudava nada em mim, por isso não insisti em voltar.

Mas talvez eu estivesse precisando bastante no momento.

Não queria pensar nisso agora, virei pro lado e pensei em dormir denovo.

Já eram 12:38.

Virei para um lado e para o outro, mas não consegui de jeito nenhum.

Peguei meu celular e vi mais de 100 notificações do whatsapp.

Eram meus amigos... e minha mãe.

Tinham duas chamadas perdidas dela, mas eu não queria falar com ela, então apenas ignorei

Já meus amigos.

Eram todas mensagens de "como você está?" "faltou hoje, tá tudo bem?" "não tente fugir Anna, por favor!"

Revirei meus olhos apenas.

Não queria responder, não agora.

Me sentia muito chata com isso, me sentia uma pessoa péssima e que a qualquer momento eles poderiam me odiar.

Mas eu me sinta assim, não tinha o que fazer.

Senti umas lágrimas se derramarem.

Enxuguei as mesmas e me levantei indo para a cozinha comer alguma coisa.

Peguei uma pizza que tinha pedido no dia anterior que guilherme tinha vindo aqui.

Coloquei no microondas pra esquentar um pouco e comi.

Fui para a sala e comecei a ver uma série.

Euphoria.

[...]

6 episódios depois eu desliguei a tv para dar um tempo.

Eu me identifiquei pra caralho com a Rue.

Sabia exatamente o que ela passava.

Olhei meu celular, eram 19:09, tinham umas 80 novas mensagens.

Ignorei todas, menos uma, menos aquela

Oi Filha
Você não me atende
Eu e o Eduardo chegamos aí em 30 minutos
Estou com saudades!

Não, não era possível.

Porque? porque justo agora?

Odiava aquele homem com todas minhas forças.

Fiquei paralisada por alguns segundos pensando no que fazer.

Decidi ligar para o Guilherme

– Alô?

Gui?

– Oi gatinha! tá tudo bem?

– Não Gui, mas eu não tô no pique de falar agora, tem como vir me buscar aqui em casa, agora?

– Tudo bem, mas depois vai me falar. Olha sorte a tua que eu ainda não comecei a me arrumar. Te busco aí em 15 minutos.

– Ta bom, te amo, beijo tchau.

Desliguei e fui pegar minha mochila no quarto.

Coloquei umas roupas pra pelo menos uns três dias.

Iria mentir pra minha mãe que iria viajar por um tempo.

15 minutos depois ouço a buzina de um carro.

Tranco a casa e entro correndo no veículo.

– Fala aí, tá tudo bem? - ele me um beijo na bochecha - Vai me contar o que tá rolando?

– Nao da Guilherme, acelera esse carro

Eu estava obviamente ansiosa, comia minha unha e batia um pé no solado do carro enquanto olhava fixamente para a estrada

– ta joia então - ele da partida e sai a 100km por hora - até parece que você está fugindo da polícia - ele ria.

10 minutos depois chegamos.

– mano a gente tá atrasado pra festa... você vai? - ele falou tirando a blusa e procurando sua toalha.

– vou.

Estava decidida a ir.

Queria beber tanto até esquecer meu nome.

Esquecer tudo.

– a festa começa às 20:30, e eu queria chegar cedo, porra Anna devia ter avisado antes - ele entra no banheiro.

– não deu, me desculpa.

Olho meu celular e eram 19:45, a gente nunca ia chegar a tempo.

Tiro minha roupa e entro no banho com ele.

A gente tem total essa intimidade, a gente se conhece desde os 10 anos.

– iih gata que isso?

– é pra agilizar. ninguém mandou você ter só um banheiro na casa.

Terminamos o banho 20:00.

Corremos para nós arrumar.

Fiz uma maquiagem básica.

Eu tava usando um shorts jeans e um cropped faixa, com uma jaqueta jeans e um tênis todo preto de cano baixo.

O Guilherme tava com uma bermuda jeans, um corta vento, uma chinela branca da bandeirinha, sua juliet e uma correntinha prata.

Peguei uma juliet dele também.

Passei um delineador e um gloss só pra não ficar com cara de morta.

– tá pronta?

– tô amor.

– uau, tá maravilhosa!

– obrigada, você também, agora vamos.

Saímos e fomos em direção a casa do Miguel.

Era um pouco longe, mas Guilherme tava em alta velocidade, então chegaríamos rápido.

se essa noite eu morrer.Onde histórias criam vida. Descubra agora