Taylor Caniff
Clarice era facilmente a criança mais fascinante que eu já conheci. Tudo que ela falava conseguia prender minha atenção. E olha que ela fala muito.
- Mas quando eu fui pra praia pela primeira vez, mamãe e a vovó Mel estavam comigo, fomos só nós três, eu não me lembro, mas no corredor da minha casa tem váaaarias fotos das primeiras coisas que eu fiz... - E continuou falando sobre as fotos que tinham na parede.
Na visão dela, pelo que ela falava, a infância que Emma estava dando a ela era como um eterno parque da Disney. Tudo pensado nos mínimos detalhes. Eu queria tanto saber sobre como ela conseguiu pensar em tudo isso.
Há seis anos que me culpo por isso, há seis anos, eu poderia ter tido tudo, e por causa de uma decisão mal pensada, eu perdi a pessoa que mais amava.
- Papai? Papai? Você tá no país da maionese igual a mamãe! - Acenou com a mão em frente ao meu rosto, e soltou uma risada. - A mamãe sempre tá nesse país também, ela trabalha muito então vai pra lá descansar as vezes. - Colocou uma colher de sorvete na boca.
O seu jeitinho apaixonado de falar da mãe me deixou espantado de primeira. Sempre que Cassie pode trazer Emma na conversa, ela trás.
- Você tava falando de montanha russa né? O que acha da gente ir para um parque hoje? - Entreguei um guarda napo para ela.
Na realidade esse sempre foi meu plano inicial, porque é a única coisa que eu sei que crianças gostam, mas pela cara que ela fez, duvido muito que esse seja o plano dela para hoje.
- Olha papai... Não fica chateado... Mas é que eu não gosto muito de montanha russa... - Brincou com a colher, antes de me olhar com aqueles olhinhos pidões
- Então o que você sugere, princesa? - Ela sorriu abertamente.
- Eu quero ir pra praia de pedrinha! Pegar aquelas coisinhas pequenas no chão pra levar pra casa e fazer três colares, um rosa, um verde e um vermelho. - Mostrou os dedos enquanto fazia o número três com a mão.
- Você que ir pegar conchas? - Desbloqueei meu celular e pesquisei no google, mostrando a foto para ela. - Isso daqui?
- Sim! - Bateu palmas - Vamos papai, vamos. - Se levantou da mesa, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa ela se sentou de novo. - Desculpa papai, esqueci de terminar.
Dei uma risada e neguei com a cabeça, ela era fascinante.
~~
Fomos a praia de conchas mais próxima que eu achei, e assim que descemos do carro, ela segurou minha mão e me puxou até a areia.
- Cassie vai devagar, as conchas não vão sair do lugar. - Reclamei e ela me olhou de cara feia.
- Claro que vão, os bichinhos podem roubar elas de mim. - Olhou para o chão para procurar.
- Então você tá roubando a casa dos bichinhos. - Dei de ombros, mas me arrependi assim que as palavras saíram da minha boca. MERDA TAYLOR.
Clarice parou bruscamente, e vi quando seus olhos se arregalaram, então me abaixei para ficar na sua altura.
- Eu 'tô brincando Cassie! O papai 'tá brincando! - Segurei em seus ombros.
- Mas eu acho que é verdade... - Deu de começar a chorar e eu me desesperei. - A mamãe disse que eles usam pra casa, então se eu tirar, onde eles vão morar?
- Sua mãe não é a dona da razão Cassie, eu tenho certeza que ela pode ter errado nisso! - Ela enrugou as sobrancelhas - Tem muitas conchinhas, eles tem muitas pra poder usar.
- Tudo bem, vamos pegar vinte então. - Deu de ombros e voltou a andar, então me levantei e a segui - Mas você conta até vinte, eu só sei contar até quinze.
Dei risada. Começamos a pegar as conchinhas, sempre vendo se não tinha algum bichinho dentro, e colocando dentro de uma sacola de pano. Depois almoçamos em uma casa de massas, porque fiquei com medo de Cassie ser alérgica a carne marinha, já que Emma me mandou uma lista com todas as coisas que ela não tinha experimentado ainda.
Ela comeu um macarrão pene de molho branco, e eu um spagetti.
Quando vi o horário, já eram 3 da tarde, e eu não tinha visto nada passar.
- Papai, porque não voltamos pra casa, ai eu te mostro todos os meus brinquedos de uma vez. - Cass se pronunciou enquanto eu entregava meu cartão para o garçom.
- Nossa mas você já se cansou de mim assim? - Coloquei a mão no coração fazendo drama e ela começou a rir.
Sua risada foi extremamente contagiante, e comecei a rir também, acabamos por sair do restaurante assim.
No caminho de sua casa, combinamos de sair para andar de bicicleta, e eu ensinaria ela a pescar. Fiz essa responsabilidade comigo, alguma coisa eu tinha que ensinar para ela.
Assim que estacionei o carro, percebi que o de Nate estava ali também, fiquei tranquilo de que pelo menos Emma não estava sozinha.
Tirei Clarice da cadeirinha e ela saltou pra fora do carro, correndo para porta da casa. Tranquei o carro e segui ela, apertando a campainha. Escutei um "Já vou" e segundos depois Emma abriu a porta, do mesmo jeito que estava mais cedo. Assim que percebeu que éramos nós, seu sorriso alargou e ela pegou Cassie no colo, a abraçando.
Emma estava quatrocentas vezes mais bonita do que anos atrás. Ela estava genuinamente mais feliz, e dava para perceber isso apenas no seu olhar.
- Meu bebê voltou pra casa! - Continuava beijando todo rosto de Cassie, enquanto a pequenina ria.
- Mamãe eu senti muito sua falta, você deveria ter ido. - Ela disse quando Emma a colocou no chão.
- Talvez em uma próxima ocasião meu amor, agora vai lá na cozinha pra você ver quem tá lá. - Disse com um sorriso e a menor saiu em desparado, deixando a mochila comigo.
Olhei para Emma e estendi a bolsa, ela pegou sem me olhar direito.
- Tem sorvete ai dentro pra você. Deve 'tá meio derretido, mas é só colocar no congelador. - Apontei, e ela só disse um "uhum", tentei de novo - Foi muito legal, ela vai te contar todos os detalhes, tenho certeza.
- Claro que vai. - Me cortou.
- Obrigado pela segunda chance, prometo que não vou pisar na bola dessa vez. - Tentei buscar seus olhos para que ela olhasse nos meus, mas foi uma tentativa falha, porque ela sempre desviava.
- Se você diz. - Deu de ombros. - A gente se fala sobre os dias pra você pegar Cassie depois. - Se virou para trás, e antes de dizer qualquer coisa, Clarice veio correndo de volta para a porta e abraçou minhas pernas.
- Muito obrigado pelo dia papai. A gente se vê daqui a pouquinho. - Afastei ela somente para poder me abaixar e abraçar ela com mais força.
A soltei e mandei um tchauzinho, me afastando e indo de volta para o meu carro. Assim que sai, vi pelo retrovisor a porta se fechar.
Senti meu coração quente no peito, e uma vontade avassaladora de chorar de felicidade. Bati com os dedos no volante e quase soltei um grito, mas lembrei que não tenho mais 18 anos pra isso.
Tenho que manter a postura se quiser continuar com essa segunda chance. Não posso pisar na bola de novo. E fiquei com essa mentalidade até estacionar na garagem do apartamento, mas assim que sai do carro meu celular apitou com notificação, que me assustou.
"Emma: TAYLOR PORQUE A CLARICE DISSE QUE EU NÃO SOU DONA DA RAZÃO?
Emma: VOCÊ TÁ MALUCO????? TÁ ME DIFAMANDO PRA MINHA FILHA????
Emma: SEU DESGRAÇADO PAU NO CU"Seguidos de mais 20 palavrões, que eu tinha certeza que era só o começo.
Mas mesmo assim, não deixei de sorrir.
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Millions Stars | Taylor Caniff *໋۪۫۫✿۪̽2
Fanfic"Cuidei dessa garota em cada momento, cuidei de cada lágrima, enchi cada sorriso e fiz com que ela esquecesse da falta. Se você acha que pode chegar e se fazer de o bom da história, está muito enganado." 2ª temporada de "Emma" → Vão ler para entende...