25 "Sede e Sangue"

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Já se passara quase um mês desde que Stella havia desaparecido. Um mês longo, silencioso e cruel. Para Oliver, cada dia era uma eternidade arrastada por lembranças e dúvidas que o corroíam por dentro. Desde que ela se foi, ele não vivia, apenas existia.

Ele sabia que não deveria procurá-la, que seria mais sensato deixá-la ir, como ela mesma havia decidido. Mas como apagar alguém que se gravou tão profundamente na alma? Não havia um só dia que seus olhos não varressem as ruas, becos e janelas de prédios abandonados, numa busca silenciosa e obsessiva. Era irracional, ele sabia disso. Mas seu coração não obedecia mais à razão.

Soube do caso de um homem encontrado quase morto dentro de um carro, alegando ter sido atacado por uma “garota sangue-suga”. Ao ouvir isso, o estômago de Oliver revirou. Tinha certeza de que era Stella. Mas por quê? O que teria levado aquela garota assustada e doce ao ponto de atacar alguém?

Desde então, seu sono desapareceu por completo. Passava as noites de olhos abertos, encarando o teto escuro do apartamento, escutando os próprios pensamentos gritarem. Será que ela estava viva? Estava se alimentando? Dormindo na rua? Estava ferida? Sozinha?

 Será que ela estava viva? Estava se alimentando? Dormindo na rua? Estava ferida? Sozinha?

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— Oliver?

Ele piscou, trazendo-se de volta ao presente. Estava no quartel da delegacia, sentado à sua mesa, encarando o nada.

— Oi?

— Cara, em que mundo você está? — Seu colega o olhava com as sobrancelhas arqueadas.

— Só estou... pensando.

— Pensando? Você está em transe faz dias. Precisa se distrair. Está pálido, mais do que o normal. — O tom era meio zombeteiro, mas com preocupação genuína.

Talvez ele estivesse certo. Oliver não se alimentava desde que Stella desapareceu. Nem sangue, e quase nada de comida. Não por arrependimento, mas por apatia. Era como se tudo tivesse perdido o gosto, o sentido.

— Vamos comigo beber alguma coisa. Está precisando. — insistiu o amigo.

— Não, valeu.

— Ah, qual é. Vai ser rápido, só pra aliviar a mente.

Oliver hesitou. E então, cedeu.

— Tá, eu vou.

Talvez ele conseguisse algum tipo de pista se andasse pelas ruas depois. Talvez... encontrasse algo.

No bar, os dois se sentaram e pediram bebidas. O tempo passou e Oliver já não contava mais quantos copos havia tomado. O álcool anestesiava a dor, deixava tudo mais embaçado, menos o rosto de Stella, esse permanecia nítido como uma faca.

Seu colega, já cansado, se despediu e foi embora. Oliver ficou, afundado no próprio torpor, até uma voz conhecida interromper seus pensamentos.

— Oliver, como vai, meu velho amigo?

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