06 | Nothing Personal

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Alexander estava morrendo de medo de Thomas. Ele estava se sentindo extremamente impotente de não ter conseguido arcar com as coisas em Santa Cruz.

Os pais de cinco filhos que acordavam às quatro da manhã para pegar o ônibus, deixando as crianças com as mães para darem a vida para sustentarem os filhos em Nevis, contavam com ele.

As mães donas de casa, que conseguiam comprar um saco de açúcar pelo pouco que ganhavam pra trazer alguma alegria para os filhos com um simples bolo de fubá em Santa Cruz, contavam com ele.

As pessoas ricas, que apenas acordavam para ver o açúcar no açucareiro no café da manhã ao lado da sua xícara de café em Nova York, contavam com ele.

Todos contavam com ele.

Hamilton fechou a porta calmamente como sempre fazia, mas ao contrário do coração acelerar por conseguir alcançar mais uma meta, seu coração acelerou por outro motivo.

─ Alexander, você sabe que eu gosto muito de você-

─ Sim senhor. ─ Tentou não transparecer nervosismo.

─ Não me interrompa. Por favor. O que aconteceu? Eu deixei Santa Cruz por um mês e quando volto nós estamos quase indo à falência.

─ Senhor, o senhor sabe que é como um pai pra mim. E eu não te deixaria na mão. Eu fiz tudo que pude pr-

─ Você é o homem mais capacitado, o meu braço direito, eu gosto muito de você, Alexander. Mas só afeto, só eu gostar de você, não adianta. Você sabe do seu potencial, além do mais. ─ Tomou um gole do seu café no copo de isopor. ─ Você é carismático, faz amigos fácil, e sabe que isso pode te levar mais longe, mas mesmo assim, fica em Santa Cruz. E mesmo se dedicando, não conseguiu salvar a empresa.

─ A empresa não é minha. Não era eu quem tinha que salvá-la. ─ Alex balbuciou.

─ Eu agradeço pelos seus serviços, mas vou precisar te dispensar.

─ Senhor, eu-

─ Muito obrigado pelo esforço e por se dedicar durante tantos anos.

─ Thomas, eu-

─ De verdade, filho, agradeço do fundo do coração.

─ Obrigado por tudo.

─ Boa sorte nessa nova jornada.

Thomas parecia lutar uma batalha interna consigo mesmo para externar aquelas palavras que eram tão duras de ouvir, porque apenas ele sabia, lá no fundo, que o filho da falecida Rachel Faucett também era seu filho, e não de James Hamilton.

Alexander, com os olhos vermelhos e marejados, não falou nem fez nada, apenas abaixou o olhar, arrasado e completamente vulnerável.

─ Alex, tá tudo bem? ─ Edward se levantou rapidamente do sofá, preocupado com o amigo-irmão, mas ele não reagiu imediatamente.

Alexander parou de andar suavemente, e apenas ficou em pé.

─ Parabéns.

Pensou nas noites em claro. Pensou nas noites não dormidas. No tempo que ele gastou trabalhando. No tempo que Leslie gastou ajudando ele. Pensou em como ia se sustentar. Se ia conseguir se sustentar.

Tudo o que ele pensou em fazer foi avisar o irmão e a amiga. Ele precisava de ajuda.

─Puta que pariu. ─ James disse em meio a um suspiro, se jogando no sofá creme e colocando as mãos na cabeça.

─ Meu Deus, Ham. ─ Leslie disse chocada e pela falta de palavras. ─ Eu nem sei o que dizer.

─ Mas como assim? Ele não pode te dispensar assim. ─ O irmão mais novo comentou. ─ Será que foi por causa do Edward?

─ Só pode ter sido por causa do Edward. ─ Alexander afirmou olhando para a moldura com uma pintura de uma paisagem.

─ Mas o que ele disse? Como ele disse?

─ Ele disse que eu era o homem mais capacitado, o braço direito dele, que ele gostava muito de mim, mas que só afeto não adianta.

─ Que babaquice. ─ Leslie completou. ─ Que merda. Ele não podia ter feito isso.

─ Ele é o patrão, Les, ele pode fazer qualquer coisa. ─ Respondeu.

─ Mas você vai continuar lá? ─ James se referiu à casa.

─ Se quiser algum lugar pra ficar, eu tenho um colchão. ─ Leslie se prontificou.

─ Ele não pode ter me demitido só pra promover o Edward. Não é possível. Eu tenho que ser muito incompetente mesmo pra-

─ Você não é incompetente coisa nenhuma, Alexander. ─ Leslie interrompeu. ─ Tá me ouvindo? Você não é.

─ Isso foi mal-caratismo dele mesmo, o único errado dessa história é ele.

─ E o Edward. ─ Leslie disse. ─ Agora, mesmo se você não quiser, vai ter que entrar pra aquele concurso da King's.

─ Eu já entrei.

─ O quê? ─ Os dois se espantaram.

─ Os resultados saem mês que vem.

─ Mas... ─ James parou pra pensar. ─ Nem dá tempo de trabalhar em cima das suas ideias malucas e...

─ Eu tentei entrar na Princeton, eles até batem com o que eu queria, mas não deu certo, então o que sobrou foi a King's.

─ Só os filhos dos caras mais ricos que os meus pais conhecem estudam na Princeton e na King's.

─ Sério?

─ Normalmente eles acham que tem algum talento pra cantar e querem produzir algo. ─ Os três amigos riram até a barriga doer, com Leslie não era diferente. ─ O colchão está embaixo da minha cama. Se quiser um, James, pode ficar aqui também.

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