08 | Alexander Hamilton

8 1 0
                                    

Último dia de Alexander em Santa Cruz.

07h45.

Alexander estava confuso. Ele não sabia se ficava feliz por ir estudar nos Estados Unidos ou triste por deixar a sua família de coração em Santa Cruz.

─ Dinheiro, documentos, a chave do dormitório, os papéis de matrícula, celular... ─ Ele suspirou feliz.

─ Acho que está tudo aí. ─ Leslie sorriu triste para Alexander. ─ Vou sentir sua falta. Escreva pra mim quando chegar lá.

─ Pode deixar. Pegou a sua bermuda da sorte?

─ Sim. ─ Ele apontou para a pilha de três bermudas iguais na cama. ─ Peguei a camisa da sorte também. ─ Ele mostrou a camisa com o busto de Sócrates.

─ Aproveita o máximo que puder dos estudos. ─ Leslie começou. ─ Me chama pra sua primeira palestra. ─ Ela deu uma pasta transparente pra ele. ─ O mundo vai saber seu nome, Alex. ─ Ela o abraçou forte, como se já estivesse se despedindo. ─ Fica bem.

─ Não sei por que você já está nesse clima saudosista. Vocês vão ter que me suportar por mais um tempinho.

─ O que é isso? ─ O irmão bateu a porta, assustando os dois.

─ Do que você está falando? ─ Leslie se virou confusa, com o cenho franzido.

─ Se é por causa da Leslie, nós somos só amigos. ─ Alexander recuou com um grunhido.

─ Olha aqui, Alex, ela é minha e é muito bom que você saiba disso mesmo.

─ Caralho, James, eu não sou de ninguém. ─ Ela manteve os braços na lateral do corpo. ─ Baixa a bola.

─ Eu estou falando com o meu irmão, Grace. ─ James rugiu. ─ Não se mete.

Ela ficou boquiaberta e a única coisa que pôde fazer foi ir para o canto do quarto nem longe deles.

─ Não fala assim com ela. ─ Apontou pra ela com o rosto vermelho. ─ O seu problema é comigo. Se desculpa.

─ James, senta aqui, você não está bem. ─ Leslie estendeu as mãos ao amigo.

─ Não, não, eu estou perfeitamente bem. ─ Sua face se iluminou, como se tivesse realmente entendido tudo. ─ Eu estava fazendo papel de trouxa até pouco tempo atrás, mas agora eu entendi tudo. ─ Se virou para Alexander. ─ Você não está falando comigo porque está com medo de eu perguntar sobre os noventa e seis mil dólares que você vai usar pra ir para os Estados Unidos.

─ Não é isso. ─ Tentou se explicar, mas foi cortado pelo irmão de novo.

─ Eu espero que você tenha uma viagem ótima e que sua vida seja muito próspera nos Estados Unidos.

─ James, por favor. ─ Alexander implorou por paciência. ─ Deixa ela fora disso.

─ Que horas é o seu voo? ─ Perguntou sem delongas.

─ James...

─ Me responde, caralho.

─ Às quatro e quinze. ─ Olhou de volta pra Leslie. ─ A gente ainda vai poder passar um tempo juntos.

─ Vai se foder, Alexander. Eu não estou a fim de fugir das únicas pessoas que se importam comigo por causa do meu orgulho e da minha covardia.

─ Eu estou fazendo o meu futuro, James. Se você não quer trabalhar duro pra ter uma vida boa, o problema é seu. Se você quiser ficar aqui, o problema é seu. Se você quiser viver uma vida medíocre em Santa Cruz, o problema está em você. Não é minha culpa. Eu não estou fugindo das únicas pessoas que se importam comigo.

HelplessOnde histórias criam vida. Descubra agora