02 - Me chamo Jang Ha-Ri

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- Só não vou partir pra cima de ti por que estamos em sala de aula. Mais oh, tô de olho em você - Mi-jin me olhava fixo nos meus olhos.

Não entendia a razão de toda aquela confusão de Mi-jin, não estava me referindo a ela quando eu disse "Fumantes de merda" e sim para seus amigos, se é que eram. O fato dela fumar quase todas as horas me incomodava bastante, não somos amigas nem nada e quem sou eu pra julgá-la. Não a odiava, nem ao menos encontrava um motivo pra ela me desprezar com as suas tão ríspidas palavras. Queria me aproximar de Mi-jin, mas como? Não fazia idéia.

Por fim o sinal toca e todos desesperadamente saíam da sala para ir embora, enquanto o resto de nós, atletas. Tínhamos que treinar depois das aulas. Assim, ajeitei as minhas coisas colocando todos os livros e meu caderno na mochila.

- Ei Hari! -

- Fala Minjae. - Min-Jae é um amigo e estudamos juntos desde o primeiro ano do ensino médio. Ele também faz parte da equipe de tiro com arco comigo.

- Eu cochilei, será que dá pra você me passar os assuntos que teve da última aula, por favor nunca te pedir nada - O garoto me chacoalhava e olhei pra ele séria, não gostava quando fazia aquilo, ele entendia aquela minha expressão e o escutei murmurar baixinho "Me desculpe".

- Tá. Eu tiro fotos e mando pro seu WhatsChat.

- Obrigada!

- Vamos andando. Sabe que o treinador odeia esperar, opressivo como ele é.

- Pois é.

Todos haviam saído, menos Mi-jin que ficava em pé na porta da sala esperando sua amiga terminar de guardar as coisas. A garota de cabelo curto não parava de me observar e eu só ignorei, mas dava pra sentir que ainda me olhava. Fui na frente com Minjae atrás, antes de ir a diante, me aproximava da Park.

- Por que não tira uma foto minha, dura bem mais do que ficar me olhando todo tempo - Disse perto de seu ouvido.

Logo que dei minhas últimas palavras, sair deixando ela pra trás, antes mesmo de terminar de completar a frase - Sua... -

- Não Mi-jin, deixa! Não vai se estressar com isso, vai? - Ha-lim impedi sua amiga de vim atrás de mim.

- Grr eu odeio ela. Eu quero que ela morra...essa vagabunda! - Escutei ela falando alto, com certeza falou com o intuito de ouvi-la me dizer.

De novo, eu não falei por mal. Aquelas palavras me atingiram em um nível que eu não sabia se ela só falou aquilo no calor do momento ou não, aliás nunca dá pra saber. Tentei não pensar tanto nisso, por que afinal a Mijin é só a...Mijin.

Cheguei no estádio, meus amigos que também são da equipe, estavam lá e os cumprimentei. Depois que comi, fui ao vestiário mudar de roupa. Me vesti, coloquei o traje de treino branco e a calça. Lá fora ficava os equipamentos de tiro com arco, peguei os meus no armário. Comecei a atirar minha flecha no alvo, mas acabo errando, tentava de novo e de novo.

- Poxa Hari, será que você não consegue acerta nenhum! - Nosso treinador pegava muito pesado, principalmente comigo, já que sou a capitã da equipe. Continuei atirando até que finalmente conseguir, por tanto era tarde demais - Hari? - Chamava.

- Sim senhor?

- Vem aqui! - Assim me aproximei e todos estavam com sua atenção em mim.

- E vocês, estão olhando o que? Continuem vai, anda! O treino ainda não acabou, bando de incompetentes - Fiquei poucos metros de distância dele - O que está acontecendo, hum? Nessas últimas semanas você tem andado muito distraída.

- Me desculpa, é só... muita pressão pra cima de mim e ainda tem lá em casa.

- É mesmo? - Concordei com a cabeça - Olha tadinha dela, que pena. Quer saber de uma coisa? Eu não estou nem aí! - Aumentava o seu tom para mim.

- Eu sinto muito mesmo treinador.

- Aah você sente muito? Poderia ter pensado nisso antes, não acha?

- I-isso não vai mais se repetir...

- Acho bom que isso seja verdade mesmo. Veja, as nacionais estão bem aí, já é semana que vem. Trate de melhorar seu desempenho custe o que custar e como você vai fazer isso? Se vira! Dá o teu jeito... - Apontava o dedo para mim repetidas vezes.

No fundo eu me segurava, não vou mentir, minha vontade era de surtar, chorar ali mesmo. Todos tem medo dele por ele ser cabeça fria e difícil de lidar. Eu não tinha, porém o respeitava, querendo ou não nós temos que respeitar o mais velhos mesmo que fossem uns cuzões como ele. Uma coisa o treinador estava certo, ando muito distraída ultimamente e talvez um pouquinho insegura. Enquanto eu ficava lá escutando as broncas, senti que estava sendo observada e não seria a primeira vez. Aquela sensação de alguma forma me deixava estranhamente feliz, não era ruim e nem nada.

- Agora saia da minha frente! - Já era a tempo

- Sim. Com licença.

- Você está bem Hari? - Min-Jae parecia se preocupar com o que acabou de acontecer. Eu o olhava e sorria para ele.

- Estou sim! - Dei uns tapinhas em seu ombro - Não se preocupe. - Sendo assim me sentei numa cadeira ali perto.

O treino tinha acabado e a noite tinha caído, eu voltava pra casa e já estava muito atrasada. Meu treino começava às 5 da tarde e acabava às 19:00 da noite, só que hoje tivemos que sair uma hora depois do horário, pois o treinador queria que ficassémos treinando bastante até aprendermos a "lição", como ele dizia. Tecnicamente ia chegar tarde em casa e o que eu ia encontrar lá era uma mãe furiosa comigo.

Minha mãe não gosta que me atrasasse assim, se tinha que chegar naquele horário, é naquele horário e tem que avisá-la se caso ocorresse algum imprevisto, mas como explicar que tivemos que ficar até tarde treinando, por que a sua filha pisou na bola hoje? Ela ia querer saber o motivo e não quero a preocupar.

- Onde você estava que chegou nesse horário, em mocinha? - Cheguei de mansinho, mas fui abordada pela minha mãe.

- Oi mamá, não lhe vi aí - Falei sem graça.

- Estou esperando me responder. Tinha que ter avisado, lembra? -

- Eu sei. Cadê o meu irmão?

- O Wu-jin? Ele está na casa de uns amigos fazendo um trabalho de escola. Agora não muda de assunto, onde esteve?

- Eu tava treinando.

- Todo esse tempo?

- É, o treinador quis que a gente ficasse mais umas horas treinando, por causa das nacionais que é semana que vem.

- Poxa filha, eu não sabia disso. As nacionais já é semana que vem? E você não falou nada pra mim?

- Bom, eu tô dizendo agora - Digo sem graça mexendo na nuca - É só isso mãe? Quero tomar um banho, tô cansada.

- Espere espere aí. Me diz, como é que tá esse coração da minha preciosa, tá animada? - Esse coração está apertado de medo isso sim.

- Mãe...não me chama mais assim, quantas vezes vou ter que lhe dizer... - Não tenho nada contra essa palavra, sei que um filho é denominado muito precioso para seus pais, só que falar isso em voz alta não soa bem. Pelo menos para mim.

- Arranja os ingressos, eu e seu pai vamos ter o maior orgulho de te ver arrasando lá - Gosto dessa empolgação da minha mamá, embora eu ficasse com medo. Quando ouvir aquilo me assustei, eles nunca tiveram esse tempo pra me ver em ação no arco e flecha - Tá bom, vou ver como conseguir e dou pra vocês - Fui andando meio que com um sorriso no rosto.

- Você só me dá orgulho, preciosa. - Dito isso, a olhei por uns segundos e mamá então se retirou antes que eu pudesse a repreende-la.

Pois é, contei tudo, só não a parte de eu estar distraída e insegura comigo mesma. Como eu disse, não quero preocupa-la. Desde pequena sempre escutava que eu era a arqueira prodígia, por isso meus pais sempre contavam comigo para entrar nas nacionais como uma arqueira, não sei ao certo dizer se esse é o meu sonho, é claro eu amo atirar com flecha.

Um amor reprimido ✰Aʟʟ Oғ Us Aʀᴇ Dᴇᴀᴅ✰Onde histórias criam vida. Descubra agora