To Begin Again

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It's alright, it's ok
We'll get another day to begin again
I know that I'll try
To live and love and breathe again

POV ARIZONA

Um suspiro deixa meus pulmões assim que piso no chão novaiorquino. Nas últimas vezes em que estive aqui tinha uma data para voltar, portanto fazia planos, ocupava o máximo de meu dia com Sofia e meus pais, fazia de tudo para ficar cada segundo com eles. Agora não havia pressa, não havia um prazo para lidar, mas sim incertezas de como levaria a vida daqui em diante.

Uma pequena e incomum insegurança domina meus passos enquanto me encaminho para pegar as malas despachadas. Era estranho estar me mudando outra vez, de certa forma me sinto como uma criança de novo e, somado à ansiedade de iniciar logo o tratamento, minha vontade era de sair gritando como uma louca apenas para extravasar, porém acredito que isso não soaria bem para uma cirurgiã de 46 anos de um dos melhores hospitais da cidade. Se algum colega ou futuro paciente me visse, minha imagem estaria ferrada.

Além do mais, não me sinto em casa. Apesar de meus pais e Sofia, sinto-me como uma invasora no relacionamento e vida de Callie. Penny sempre me tratou muito bem e nunca tivemos impasses sobre eu ir na casa dela e de minha ex para ver nossa filha, muito pelo contrário, ela até me convidava para jantar na maioria das ocasiões. Todavia, meus pensamentos não são assim por conta dela e sim por causa de Torres, afinal, quem me deixou e mudou de cidade foi ela. No lugar da latina eu ficaria certamente incomodada se minha ex resolvesse do nada voltar a morar perto de mim sem razões aparentes, já que havia lidado por anos com a distância da filha.

É, talvez eu devesse ter arrumado uma desculpa mais coerente.

O que importa é que ela comprou essa não total mentira e nunca me questionou nada sobre. Ela é mãe, deve entender a situação.

Já com as malas no carrinho, caminho lentamente pelo aeroporto a procura de minha família, não tardando a sentir um pequeno corpo se chocar contra o meu e quase me levando ao chão pelo desequilíbrio.

- Sofia! - exclamo feliz ao abraça-la, já que não conseguia mais pegar uma menina de 11 anos no colo. - Como você cresceu, meu amor! Eu estava com tanta saudade...

Encho o rosto dela de beijos e logo o nosso abraço é envolvido por outras duas pessoas, trazendo lágrimas aos meus olhos.

- Pai! Mãe! Céus, é tão bom ter vocês comigo...

O Coronel não tarda a dar um beijo em minha testa e minha mãe na bochecha. Ficamos mais alguns minutos abraçados entre conversas sussurradas até que os mais velhos se encarregam a empurrar o carrinho com minhas coisas enquanto vou logo atrás de mãos dadas com Sof.

O sorriso dela assim como o meu é enorme, qualquer um conseguiria notar de longe sua empolgação jogando milhares de palavras no ar a cada segundo sobre a escola, aulas de ballet e futebol, os amigos e as coisas que estava aprendendo no colégio. Vê-la tão feliz assim aquece meu coração e saber que sou um dos grandes motivos disso me deixa mais radiante ainda. São pequenos momentos como esse que me fazem concluir que, mesmo tardiamente, tomei a decisão certa.

Como ainda é cedo, resolvo comprar um café e peço a meus pais para que me deixem na frente do hospital em que irei trabalhar já que precisava acertar algumas coisas com a direção antes de começar efetivamente a trabalhar. Como era sábado, questionei a menor se ela queria dormir na casa de meus pais comigo e, diante de sua confirmação, solicito que eles a levem em casa para pegar as coisas dela enquanto lido com a papelada no trabalho. Callie nunca se opôs que eu passasse o dia com Sofia e a levasse para dormir comigo quando estive aqui, então apenas alego aos mais velhos que mandarei uma mensagem avisando ou então que eles conversassem com ela quando estivessem no apartamento, já que provavelmente teria chegado a essa hora.

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